Whatsapp, a revolução que preocupa

AutorRicardo Calil Fonseca
CargoAdvogado em Itaberaí/GO
Páginas7-8
TRIBUNA LIVRE
7
REVISTA BONIJURIS I ANO 30 I EDIÇÃO 654 I OUT/NOV 2018
renomados nomes, pois estes
também divergem entre si.
O que se busca não é a confu-
são interpretativa. Precisamos
de estabilidade legislativa para
se ter a segurança jurídica “a
posteriori”. Até mesmo o 
cunhou em seus julgamentos a
expressão “interpretação con-
forme”. Certamente não é dada
à falibilidade humana evitar-se
por completo os textos não obje-
tivos, mas a busca por estes deve
ser um norte no ato legislativo,
para que não caiba aos tribu-
nais ou aos demais interpretes
do texto legal buscar o que quis
dizer o legislador. O que ele quis
dizer tem que ser o mais cristali-
no possível na leitura da lei.
Aos que se debruçarem sobre
esse inseguro texto sobre a inse-
gurança jurídica, caberão as in-
terpretações, ou seja, estaremos
de volta a elas e muitas serão as
conclusões mais diversas. Mas
entendemos que somente o que
se tentou dizer está dito. Outras
interpretações serão sempre
uma visão pessoal do leitor as-
sim como se dá sob a análise e
consequente interpretação do
texto legislativo.
n
FERNANDO PAULO DA SILVA FILHO
Advogado especializado em direi-
to do trabalho e sindical há mais de
vinte anos. Premiado na Assembleia
Legislativa de São Paulo na categoria
“Negociadores do Futuro”, assessor ju-
rídico de empresas e cooperativas de
trabalho.
Ricardo Calil FonsecaADVOGADO EM ITABERAÍ/GO
WHATSAPP
, A REVOLUÇÃO QUE ACONTECE E PREOCUPA
Recordamo-nos de
nossos pais contan-
do que, quando jo-
vens, as notícias de
outros estados che-
gavam a Goiás com
os jornais impres-
sos, cerca de 30 dias
após a publicação nos locais de
origem.
Na década de 1990, testemu-
nhamos certo alvoroço às véspe-
ras de eleições, em razão de pan-
f‌letos apócrifos, distribuídos nas
madrugadas de porta em porta,
veiculando escândalos dos can-
didatos, criando forte tensão nos
políticos, sem tempo de se defen-
der do conteúdo maledicente.
Em 2018, observamos que a
preocupação cresceu, especial-
mente a partir da maior utiliza-
ção do whatsapp, ferramenta
por meio da qual as informações,
verdadeiras ou não, com mídias
de áudio, imagens ou vídeos,
atravessam os ares e os mares
em questão de segundos.
De 18 a 31 de maio de 2018 vi-
mos a ‘greve dos caminhoneiros’
que, por ref‌lexo, paralisou o país,
com a decretação de estado de
emergência em vários estados
e cidades brasileiras, fato raro
de ocorrer, causando crise no
abastecimento de combustível
e alimentos, e colocando em xe-
que até mesmo a estabilidade do
governo federal, que enfrentou
dif‌iculdades para debelar o mo-
vimento, mesmo após ceder nas
negociações com os líderes da
paralisação.
Para coordenar este movi-
mento paredista, não se teve
notícias dos emblemáticos me-
gafones empunhados por sindi-
calistas, diante de um grupo de
pessoas; mas sim de mensagens
em grupos de whatsapp, pelas
quais as diretrizes ditadas pelos
líde res chegavam instantanea-
mente aos envolvidos, do Oiapo-
que ao Chuí.
No campo político, e já ante-
vendo as dif‌iculdades para as
eleições no f‌inal deste ano, o pre-
sidente do , Luiz Fux, declarou
que o tribunal se prontif‌icaria a
determinar de imediato a retira-
da de notícias falsas (fake news)
postadas em páginas da internet,
atento ao real poder avassalador
das notícias inverídicas.
Mas, para a efetiva defesa de
vítimas dos fake news, haverá
ainda um longo caminho a ser
percorrido, pois as informações
transmitidas entre grupos ou
pessoas via whatsapp são de dif‌i-
cílimo controle, a exemplo do que
ocorre com grupos fechados do
facebook, assim como há muito
ocorre na deep web ou dark web,
espécies de porões sombrios da
internet, de impossível ou dicil
rastreabilidade nos mecanismos
de busca, em que, sob o manto do
Rev_BONIJURIS__654.indb 7 13/09/2018 15:56:06

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