Para uma Psicologia na Popular na América Latina

AutorMarilene Proença
CargoProfessora Doutora, titular do Instituto de Psicologia da USP
Páginas171-174
171
DOI: 10.11606/issn1676-6288.prolam.2015.1022907
PARA UMA PSICOLOGIA POPULAR NA AMÉRICA LATINA
Marilene Proença(*)
Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
Esta resenha traz ao público latino-americano uma obra ainda pouco conhecida
e de grande importância para aqueles que constroem conhecimento e que produzem
práticas alicerçadas em teorias críticas e libertárias no campo social. Trata-se da
obra póstuma que compila grande parte das publicações do psicólogo social, Ignácio
Martin-Baró, organizada por seu colega, catedrático em Psicologia Social, Amalio
Blanco e intitulada Psicología de la Liberación, Madrid: Editorial Trotta, 1998, publi-
cada após 10 anos de seu assassinato. O livro é composto por: Introdução, IV Seções
assim intituladas: I – “El Fatalismo como Identidad Congnitiva”, II – “El quehacer
desideologizador de la Psicología”, III – “La Liberación como vivencia de la Fe” e
IV – “La Liberación como Exigencia de la Praxis”, 10 capítulos e um Epílogo do
linguista e ativista político Noam Chomsky que analisa o contexto político do assas-
sinato de Martin-Baró.
Professor e Vice-Reitor da Universidade Centro-Americana “José Simeón Cañas”
de El Salvador – UCA, Martin-Baró foi vítima daqueles que nele viram um empecilho
para levar adiante planos de poder e de dominação tão presentes em solos dos países
colonizados como El Salvador. Torturado e assassinado por milícias paramilitares, em
sua própria casa, em 16 de novembro de 1989, com mais sete companheiros, Martin-
-Baró expressa as políticas internacionais e os projetos econômicos implantados nos paí-
ses latino-americanos por meio da força do terrorismo de Estado. Como analisa Noam
Chomsky, o assassinato de Martin-Baró revela aspectos da crueldade presente nas práti-
cas utilizadas pelo governo estadunidense no que denomina o resgate da democracia na
América Central, implantado principalmente durante a década de 1980.
Martin-Baró foi o mais importante pensador da psicologia latino-americana ao pau-
tar a América Latina como o locus e focus de suas reflexões, práticas e proposições.
Jesuíta e militante das classes populares, sua obra baseia-se nas concepções marxis-
tas de sociedade e nos princípios da Teologia da Libertação, desenvolvida por Gustavo
(*) Professora Doutora, titular do Instituto de Psicologia da USP.

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