Desafios para uma política nacional de desenvolvimento regional no Brasil: Entrevista especial com Leonardo Guimarães Neto

AutorHipólita Siqueira - Jorge Luiz Alves Natal
CargoGraduação em Ciências Econômicas Doutora em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp - Graduação em Ciências Econômicas; doutorado em Economia pela Universidade Estadual de Campinas
Páginas203-207
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R. Pol. Públ., São Luís, v.16, n.1, p. 203-207, jan./jun. 2012
DESAFIOS PARA UMA POLÍTICA
NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
REGIONAL NO BRASIL
ENTREVISTA ESPECIAL COM
LEONARDO GUIMARÃES NETO
Gpvtgxkuvcfqtgu<
1
"g"Jkr„nkvc"Ukswgktc
2
Tgcnk¦cfc"rqt"g/ockn"go"oct›q"fg"42330"
Leonardo Guimarães Neto é Economista pela
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
e Sociólogo pela Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), Doutor em Economia
(Instituto de Economia – Universidade Estadual de
Campinas). Foi economista da Superintendência do
Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), Conselho
Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana
*EQPFGRG+"g"Hwpfc›«q"Lqcswko"Pcdweq"*Hwpfcl+="
e assessor do Governo do Estado de Pernambuco.
Fgugpxqnxgw" vtcdcnjqu" fg" eqpuwnvqtkc" g" rguswkuc"
em instituições internacionais e nacionais, entre
cu" swcku" ug" fguvceco
Unidas/Programa das Nações Unidas para o
Fgugpxqnxkogpvq=" Qticpk¦c›«q" fqu" Guvcfqu"
Americanos (OEA) no
Instituto Interamericano de
Cooperação para a Agricultura (IICA); Instituto de
Rguswkuc" Geqp»okec" Crnkecfc" *KRGC+=" Hwpfc›«q"
de Desenvolvimento Administrativo/SP (Fundap) -
Instituto de Educação Superior da Paraíba (IESP);
Fundação de Economia da cidade de Campinas
(Fecamp)-Unicamp; Paranacidade-PR; Eletronorte;
Uwrgtkpvgpf‒pekc"fg"fgugpxqnxkogpvq"fc"Coc¦»pkc"
(Sudam) e Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia
do Estado de Pernambuco (Facepe). Foi Professor
Adjunto do Mestrado e da Graduação em Economia
fc" Wpkxgtukfcfg" Hgfgtcn" fc" Rctcdc" *WHRD+" g
ex-professor do Departamento de Economia da
UFPE e do IE-Unicamp. Atualmente é Diretor Técnico
do Centro de Educação do Planalto Norte (CEPLAN)
– Consultoria Econômica e Planejamento.
A seguir, a fala de Leonardo Guimarães Neto.
Entrevistadores -
A ocupação do território
nacional brasileiro, nos seus 400 primeiros anos de
existência, se deu de maneira dispersa e itinerante,
além de litorânea. Se a diferenciação socioespacial
é uma das marcas mais pronunciadas da história de
hqtoc›«q" uqekcn" dtcukngktc." rqt" swg." go" tgitc." pqu"
cequvwocoqu"c"fk¦gt"swg"c" pquuc"swguv«q"tgikqpcn"
fcvc"fq"Ýpcn" fq"uf‌iewnq"ZKZ." swcpfq"fc"gogti‒pekc"
da moderna economia paulista nucleada pelo café?
Leonardo Guimarães Neto -
Embora a diferenciação
uqekqgurcekcn"uglc"wo"curgevq"tgngxcpvg"fc"swguv«q"
regional, são necessários outros determinantes
rctc" swg" ug" ectcevgtk¦g" woc" swguv«q" tgikqpcn"
em determinado contexto. Em primeiro lugar, o
tgeqpjgekogpvq"qw"q"ugpvkogpvq"fg"swg"ug"hc¦"rctvg"
fg" wo" vqfq" ectcevgtk¦cfq" rgnc" fgukiwcnfcfg" gpvtg"
suas partes. Em segundo lugar, a consciência de
swg"guuc" fgukiwcnfcfg"rqfg" g" fgxg"ugt" uwrgtcfc0"
Nos primórdios da formação brasileira, no período
eqnqpkcn." q" swg" guvcxco" rtgugpvgu" gtco" Ðknjcu"
regionais” isoladas no território, mas com fortes (e
vcnxg¦"gzenwukxqu+"xpewnqu"eqo"c"Ogvt„rqng0"C"tkiqt."
somente no século XVIII, com a “economia escravista
mineira”, segundo a denominação de Celso Furtado
*Hqtoc›«q"Geqp»okec"fq"Dtcukn+"qeqttgw"c"ctvkewnc›«q"
das diferentes regiões anteriormente isoladas e é
fgÝpkfq"wo"ekenq"fg"fgugpxqnxkogpvq"eqo"q"gudq›q"
fg"woc"gurgekcnk¦c›«q"eqocpfcfc"rgnc"okpgtc›«q0"
A emergência da moderna economia cafeeira, logo
go"ugiwkfc."tgrtgugpvqw"wo"cxcp›q"ukipkÝecvkxq"pc"
ctvkewnc›«q"fcu" tgikgu"pcu" swcku" gtco"rtqfw¦kfqu"
e exportados os produtos dos ciclos econômicos
anteriores. É nesse momento econômico, já de um
rcu" kpfgrgpfgpvg" g" swg" gudq›c" q" rtqeguuq" fc"
kpfwuvtkcnk¦c›«q" eqpegpvtcfc" go" U«q" Rcwnq." swg" c"
swguv«q"tgikqpcn"ug"hc¦"ecfc"xg¦"ocku"rtgugpvg0"Xcng."
pq"gpvcpvq."hc¦gt"tghgt‒pekcu"cqu"xƒtkqu"oqxkogpvqu"
rqnvkequ" pqu" swcku" c" kpucvkuhc›«q" fcu" rqrwnc›gu"
com as políticas adotadas e com as desigualdades
ug" hg¦" rtgugpvg" cpvgu" fguucu" hcugu" cpvgtkqtogpvg"
referidas. Celso Furtado, em um dos seus últimos
livros (O Longo Amanhecer), menciona o fato de
na primeira metade do século XIX terem ocorrido
movimentos e revoltas abertas ou veladamente
separatistas em nove províncias, incluídas entre elas
cu"fg"ockqt"eqpvkpigpvg"fgoqitƒÝeq0"Go"upvgug."c"
consciência das desigualdades ou o surgimento da
swguv«q"tgikqpcn" qeqttg"pcu" hcugu" ocku"cxcp›cfcu"
da formação econômica e social brasileira, seja
pqu" oqogpvqu" swg" cpvgegfgtco" qw" ugiwktco." fg"
kogfkcvq.""kpfgrgpf‒pekc"fq"Dtcukn0
Entrevistadores -
Como o senhor analisa o
processo histórico de diferenciação socioespacial
fq"Dtcukn"fgufg"c"gogti‒pekc"fc"geqpqokc"echggktc"
paulista até os anos 1970-80?
Leonardo Guimarães Neto -
Em primeiro lugar,
fgxg"ngxct/ug"go"eqpvc"swg"f‌i"pq"kpvgtkqt"fq"eqorngzq"
echggktq" swg" vgo" kpekq" q" kpvgpuq" g" dgo" fgÝpkfq"
rtqeguuq"fg"fkxgtukÝec›«q"fc"cvkxkfcfg"rtqfwvkxc"fq"
rcu"swg" tguwnvqw" pc" kpfwuvtkcnk¦c›«q0" Vcn"rtqeguuq"
está associado à dinâmica e às características da
economia cafeeira. São geralmente consideradas,
entre os aspectos mais relevantes, a ampla difusão
do assalariamento, a presença de um mercado
interno de grandes proporções e a de uma agricultura
ogtecpvkn"g" fkxgtukÝecfc"swg" rgtokvkw" q"uwrtkogpvq"
alimentar e a produção de matérias primas, bem como
a disponibilidade de infraestrutura. Esses aspectos
possibilitaram um encaminhamento de soluções para
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alguns dos problemas fundamentais ao avanço no
rtqeguuq"fg"cewownc›«q"g"fkxgtukÝec›«q" rtqfwvkxc0"
A consolidação da atividade industrial nessa parte do
Dtcukn."go" fkhgtgpvgu" hcugu." eqphqtog"fguetk›«q" fg"
Yknuqp"Ecpq"*Tc¦gu"fc"Eqpegpvtc›«q"Kpfwuvtkcn"go"
São Paulo) possibilitou, ainda na primeira metade do
século XX, o avanço dessa atividade nos mercados
fcu"fgocku"tgikgu."fq"swg"tguwnvqw"wo"rtqeguuq"fg"
tgfgÝpk›«q" fc" guvtwvwtc" rtqfwvkxc" g" fqu" eqpvqtpqu"
das demais economias regionais brasileiras.
Vcn" tgfgÝpk›«q" qeqttg" go" fwcu" itcpfgu" hcugu0"
Woc" rtkogktc" cvtcxf‌iu" fqu" Þwzqu" eqogtekcku" kpvgt/
regionais, determinados pelo avanço da indústria de
São Paulo ou do Sudeste sobre os mercados das
demais regiões, ocupando os espaços econômicos
swg" cpvgu" ecdkco" u" wpkfcfgu" rtqfwvkxcu" nqecku"
ogpqu" gÝekgpvgu" g" fg" tgfw¦kfc" ecrcekfcfg" fg"
competição. Esta é a fase de articulação comercial.
Ela é seguida, já em fases mais avançadas, no início
da segunda metade do século XX, por um processo
fg"kpvgitc›«q" rtqfwvkxc." pq"swcn" htc›gu" fq"ecrkvcn"
industrial se deslocam de uma para outra região,
pqvcfcogpvg" fcu" ocku" kpfwuvtkcnk¦cfcu" rctc" cu"
demais. Nesta segunda fase, foi determinante um
eqplwpvq"fg"rqfgtququ"guvownqu"Ýuecku"g"Ýpcpegktqu."
capitaneados pelas políticas de desenvolvimento
tgikqpcn0"Go" codcu" cu"hcugu" qeqttgo" tgfgÝpk›gu"
das estruturas prévias das economias regionais e é
fgÝpkfc."ecfc" xg¦"ocku." pq"vgttkv„tkq" pcekqpcn."woc"
espécie de divisão regional de trabalho.
Entrevistadores -
Quais foram as principais
mudanças em termos da divisão inter-regional do
trabalho no âmbito do processo de integração do
mercado nacional? Como o Nordeste se encontrava
e como ele foi articulado e se articulou a esse
processo?
Leonardo Guimarães Neto -
As regiões menos
kpfwuvtkcnk¦cfcu" g" swg" vkpjco" uwcu" cvkxkfcfgu"
industriais protegidas pelo isolamento, pelas
distâncias e custos de transportes, são submetidas
a uma intensa concorrência com a ampliação e
oqfgtpk¦c›«q" fc" kphtcguvtwvwtc" fg" vtcpurqtvgu" g"
de comunicação. Nesse contexto, desaparecem
cu" cvkxkfcfgu" ukoknctgu" g" swg" eqorgvkco" eqo" cu"
fc" kpf¿uvtkc" rcwnkuvc" g" rgtocpgego" cswgncu" swg"
encontram espaços tanto nos mercados locais
eqoq." rqt" xg¦gu." pqu" ogtecfqu" fcu" fgocku"
regiões. Em período mais recente, através das
rqnvkecu" fg" fgugpxqnxkogpvq" tgikqpcn" fgÝpkfcu"
para algumas macrorregiões e durante a fase
ectcevgtk¦cfc" rgnc" kpvgitc›«q" rtqfwvkxc." octeco"
sua presença novas atividades industriais, e
xqnvco." rqt" xg¦gu." oqfgtpk¦cfcu." cvkxkfcfgu"
manufatureiras tradicionais, apoiadas, sobretudo,
por fortes incentivos. Some-se a isso, nas regiões
economicamente mais atrasadas, agora integradas
ao mercado nacional, a exploração mais intensa dos
seus recursos naturais através, principalmente, de
frentes produtivas voltadas para o agronegócio, a
pecuária e a mineração.
Mesmo considerando a complexidade de situações
fgeqttgpvgu"fc"fkxgtukÝec›«q"fc"cvkxkfcfg"rtqfwvkxc."
f‌i" rquuxgn" fgvgevct" ocetqttgikgu" pcu" swcku"
prevalecem indústrias de maior conteúdo tecnológico
e voltadas para a produção de bens de capitais e de
bens duráveis de consumo (Sudeste e São Paulo
go" rctvkewnct+." qw" ocetqttgik«q" pc" swcn" rtgxcngeg"
o agronegócio com seu desdobramento agrícola
e industrial (Centro-Oeste). No caso nordestino, a
articulação e a integração ocorreram com grande
impacto sobre sua atividade produtiva, durante
parte relevante da primeira metade do século XX,
agravando-se nos anos 50 e 60. Para ilustrar, em 1961
a importação inter-regional do Nordeste de produtos
kpfwuvtkcnk¦cfqu" tgrtgugpvcxc" swcug" ogvcfg" fq"
valor da produção da indústria de transformação
nordestina, em 1967 alcançava pouco mais de 70%.
Os ramos industriais mais atingidos foram os de
mecânica, material elétrico, material de transporte,
material plástico e indústria farmacêutica. A indústria
nordestina, diferentemente da indústria do Sudeste,
xqnvc/ug" ecfc" xg¦" ocku" rctc" c" rtqfw›«q" fg" dgpu"
kpvgtogfkƒtkqu."tgfw¦"c"rctvkekrc›«q"fc"rtqfw›«q"fg"
dgpu"p«q" fwtƒxgku"fg" eqpuwoq"*swg" cpvgu"gtc" uwc"
parcela maior) e não consegue avançar, até os anos
80, na produção de bens de capital nem de bens
de consumo duráveis, atividades concentradas no
Sudeste, particularmente em São Paulo.
Entrevistadores -
"Q" ugpjqt" eqpukfgtc"swg" jƒ"hcvq"
ou fatos novos acerca do temário em tela após a
chegada ao governo central de Lula da Silva?
um continuum ou seria possível demarcar novas
tendências na divisão inter-regional de trabalho?
Leonardo Guimarães Neto -
A divisão inter-
tgikqpcn" fq" vtcdcnjq." swcpfq" u«q" eqpukfgtcfcu" cu"
ocetqttgikgu." guvcxc" ocku" dgo" ectcevgtk¦cfc."pc"
forma anteriormente esboçada, até os anos 80 do
século passado. Assim prevaleceu nos anos de
swcug"guvcipc›«q"fgvgtokpcfc"rgnc" etkug"fc"fxkfc"
gzvgtpc." rgnc" etkug" Ýuecn" g" Ýpcpegktc" fq" Guvcfq"
brasileiro e pela aventura neoliberal.
Mais recentemente tornou-se difícil, com a retomada
do crescimento, sobretudo na primeira década
do século XXI, a explicitação de uma divisão
inter-regional do trabalho, considerando o nível
macrorregional. Para ilustrar, o agronegócio hoje
está presente em todas as regiões, inclusive no
Pqtfguvg." g" cxcp›c" tcrkfcogpvg" pc" Coc¦»pkc0"C"
kpf¿uvtkc"cwvqoqdknuvkec."cpvgu"nqecnk¦cfc"pqu"nkokvgu"
do Sudeste, teve e vai continuar a ter presença cada
xg¦"ockqt"hqtc" fguuc"tgik«q."kpenwukxg" pq"Pqtfguvg0"
Parte relevante da indústria de bens de consumo
fwtƒxgku" nqecnk¦c/ug." jqlg." pc" ¥qpc" Htcpec" fg"
Manaus. Seguramente, a partir de agora o estudo
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da divisão inter-regional de trabalho deverá ser
tgcnk¦cfq"cvtcxf‌iu"fg"woc"ukpvqpkc" Ýpc"swg" ngxg"go"
conta não só, em termos espaciais, um nível menor
fg"citgic›«q"swg"cu"ocetqttgikgu"*oguqttgikgu."
microrregiões ou unidades da Federação, por
gzgornq+"g." go"vgtoqu"ugvqtkcku."woc"encuukÝec›«q"
fcu" cvkxkfcfgu" rtqfwvkxcu" ogpqu" citgicfc" swg" c"
vtcfkekqpcnogpvg" wvknk¦cfc" rgnqu" guvwfkququ" fguuc"
swguv«q0" Q" ekenq" cvwcn" fg" etguekogpvq." kpkekcfq" pq"
governo Lula, embaralhou ainda mais essa temática
g"fgxgtƒ"vqtpct"ckpfc"ocku"eqorngzc"c"swguv«q"ug"c"
crise atual não atrapalhar a sua continuidade e o seu
desdobramento.
Entrevistadores -
Como o senhor avalia a situação
do Nordeste nos governos Lula da Silva I e II?
Leonardo Guimarães Neto -
Os indicadores
geqp»okequ"g" uqekcku"oquvtco" swg"jqwxg" cxcp›qu"
relativos na Região, embora os níveis registrados
no Nordeste sejam ainda bem inferiores à média
nacional e, principalmente, aos das regiões mais
kpfwuvtkcnk¦cfcu0"Q" etguekogpvq" geqp»okeq"qeqttgw"
c"vczcu"ockqtgu"swg"cu"fq"rcu."q"rtqfwvq"rgt"ecrkvc"
e o emprego formal também. A disseminação do
crédito, para pessoas físicas e jurídicas, partindo de
woc"dcug" ogpqt."qeqttgw" ocku"kpvgpucogpvg"cswk0"
Muitos indicadores econômicos e sociais seguem
essa evolução.
Dois aspectos chamam a atenção nesses avanços
tgncvkxqu0" Wo" rtkogktq" f‌i" q" hcvq" fg" swg" qu" hcvqtgu"
determinantes desse novo contexto regional foram
políticas macroeconômicas e setoriais e não as
políticas explicitamente regionais, pouco expressivas
no conjunto dos processos ocorridos. De fato, os
avanços regionais tiveram estreita relação com os
investimentos produtivos voltados para os grandes
projetos estruturadores geralmente associados
u" itcpfgu" gortgucu" guvcvcku" g" Ýpcpekcfqu" rqt"
dcpequ"qÝekcku."cqu"kpxguvkogpvqu"go" kphtcguvtwvwtc"
econômica e hídrica, aos investimentos privados
voltados para o atendimento ao consumo das classes
fg"dckzc" tgpfc."" rqnvkec"fg"xcnqtk¦c›«q"fq"ucnƒtkq"
opkoq"*pq"Pqtfguvg"gng"vgo"wo"ukipkÝecfq"gurgekcn."
rqku" f‌i" tghgt‒pekc" rctc" rctvg" ukipkÝecvkxc" fc" o«q"
de obra regional e dos aposentados), ao processo
fg" hqtocnk¦c›«q" fq" gortgiq" g" " fkuugokpc›«q" fq"
etf‌ifkvq"swg."pc"Tgik«q."c"rctvkt"fg"wo"rcvcoct"dckzq."
ocorreu com uma maior intensidade. Agregue-se a
isso, em grau menor de importância, o programa
fg" vtcpuhgt‒pekc" fg" tgpfc" *Dqnuc" Hconkc+" pq" swcn"
o Nordeste tem a maior participação. Tudo isso
qeqttgw"eqo"woc"tgfw¦kfc"rctvkekrc›«q"fcu"rqnvkecu"
explícitas de desenvolvimento regional.
Entrevistadores -
"¡"rquuxgn" fk¦gt" swg" q" iqxgtpq"
Dilma, apesar de possuir apenas um ano, tende a
seguir a orientação do governo Lula I e II?
Leonardo Guimarães Neto
- Concentrando o
gzcog"" swguv«q" pqtfguvkpc."ngxcpfq" go" eqpvc"cu"
hqtocu"fg"fgugpxqnxkogpvq"tgikqpcn" swg"eqpukfgtg."
fg" wo" ncfq." q" swg" ug" fgpqokpc" fg"
políticas
regionais explicitas
(ações desenvolvidas a
partir de uma estratégia de desenvolvimento
tgikqpcn"swg" kpvgitg" kpvkocogpvg"cu" kpuvkvwk›gu"fg"
planejamento regional aos segmentos sociais mais
tgrtgugpvcvkxqu" fc" tgik«q." swg" uglc" rquuwkfqtc" fg"
ogkqu" g" kpuvtwogpvqu" ecrc¦gu" fg" eqpetgvk¦ct" qu"
objetivos e estratégias regionais estabelecidas) e,
de outro lado, as
políticas regionais implícitas
(macroeconômicas, sociais e setoriais e seus
korcevqu" tgikqpcku+." vwfq" kpfkec" swg" c" qtkgpvc›«q"
a ser seguida nos próximos anos, a prevalecer o
swg" ug" eqpuvcvqw" pq" rtkogktq" cpq" fg" iqxgtpq." f‌i"
c" oguoc" fqu" fqku" iqxgtpqu" cpvgtkqtgu0" Q" swg" ug"
rqfg"gurgtct"f‌i"swg"qu"itcpfgu"rtqlgvqu"tgrgtewvco"
e se desdobrem internamente na economia regional,
fkxgtukÝecpfq" c" guvtwvwtc" geqp»okec." etkcpfq"
gortgiq"g" igtcpfq" tgpfc0" Q" ocku"rtqxƒxgn"f‌i" swg"
nem planos nem as estratégias regionais, nem as
instituições e os instrumentos de desenvolvimento
tgikqpcn"xgpjco"c" fgÝpkt" qu" rtqeguuqu" tgngxcpvgu"
voltados para o desenvolvimento econômico e social
g" rquuco" oqdknk¦ct" c" uqekgfcfg" go" vqtpq" fg" wo"
projeto regional comum.
Entrevistadores -
Como o senhor analisa a PNDR
(Política Nacional de Desenvolvimento Regional)
do Ministério da Integração Regional desde a sua
concepção até os dias de hoje?
Leonardo Guimarães Neto -
Conceitualmente
a PNDR é uma importante proposta de
desenvolvimento regional do país, discutida
em diversos fóruns e em diferentes regiões, e
swg" kpeqtrqtc" kfgkcu" fc" ockqt" tgngx¤pekc" rctc" c"
korncpvc›«q"fg"woc"rqnvkec"cfgswcfc"rctc"q"Dtcukn0"
Go" rtkogktq" nwict."guvcdgngeg" rtkperkqu" rctc" swg"
as ações possam ser concebidas e implantadas em
múltiplas escalas espaciais (nacional, macro, meso,
microrregião etc.) e não restritas a um só nível e
c" cniwocu" ocetqttgikgu0" Go" ugiwkfc." fgÝpg" c"
política de desenvolvimento regional como uma
política do governo federal com a convergência
das ações dos ministérios e não limitada a uma
kpuv¤pekc" okpkuvgtkcn0" FgÝpg." cfgocku." woc" hqtvg"
articulação governamental com os segmentos da
sociedade a partir de vários órgãos colegiados, em
fkhgtgpvgu"kpuv¤pekcu"swg"x«q"fg"e¤octcu"fg"rqnvkec"
de integração e de articulação federativas, até
conselhos deliberativos em escala macrorregional
g" h„twpu" uwd/tgikqpcku0" GpÝo." gphcvk¦c" c" hqtoc"
rctvkekrcvkxc"fg"rncpglcogpvq"g"fgÝpg"c"korqtv¤pekc"
da representação dos segmentos sociais em suas
diferentes escalas espaciais. Estende, portanto, um
tapete vermelho para ações governamentais em
favor do desenvolvimento mais igual, regionalmente
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do país, e para a participação dos segmentos
uqekcku" pq" rtqeguuq" fgeku„tkq" swg" p«q" hqk." ckpfc."
fgxkfcogpvg"wvknk¦cfq0"
Entrevistadores -
"CÝpcn" q" Dtcukn" vgo" woc" rqnvkec"
nacional de desenvolvimento regional?
Leonardo Guimarães Neto
- Não tem. Da mesma
ocpgktc"swg"p«q"rquuwk."vcodf‌io."wo"rtqlgvq"pcekqpcn"
fg" fgugpxqnxkogpvq0" Jƒ." eqoq" ug" hg¦" tghgt‒pekc"
anteriormente, em termos conceituais, uma proposta
de política nacional de desenvolvimento regional,
swg" gphcvk¦c" rqpvqu" fc" ockqt" tgngx¤pekc" rctc" c"
swguv«q"tgikqpcn"dtcukngktc." ocu" p«q" ejgiqw" c" ugt"
eqpetgvk¦cfc"go" vgtoqu" kpuvkvwekqpcku"g"pq" vqecpvg"
aos meios e instrumentos necessários para sua
korncpvc›«q0"Q"swg"qeqttgw"eqo"c"RPFT"ceqpvgegw"
com os vários planos de desenvolvimento regional
swg" eqpuvkvwgo" woc" cigpfc" fc" ockqt" tgngx¤pekc."
ocu" swg" p«q" hqtco." vcodf‌io." eqpetgvk¦cfqu0" ¡"
uwÝekgpvg" hc¦gt" tghgt‒pekc" cqu" rncpqu" uwuvgpvƒxgku"
para o Nordeste, para o Semi-árido e o plano para a
Coc¦»pkc"uwuvgpvƒxgn."cnf‌io"fg"qwvtqu0
Entrevistadores -
As superintendências SUDENE,
SUDAM e SUDECO foram extintas no Governo FHC
e recriadas no Governo Lula. Qual sua avaliação
sobre a atuação recente destas superintendências?
Leonardo Guimarães Neto -
Na minha avaliação elas
hqtco"tgetkcfcu"ugo"swg"" uwc"tgguvtwvwtc›«q"ngicn"
correspondessem os meios, instrumentos, recursos
Ýpcpegktqu." hwpekqpƒtkqu" g" hqtocu" fg" ctvkewnc›«q"
com as várias instâncias governamentais tanto no
interior do Governo Federal como em relação aos
governos estaduais e municipais. As transformações
e mudanças, de grande porte, ocorridas nas regiões
onde atuam as superintendências regionais foram
tgcnk¦cfcu"ugo"swg"gncu"rctvkekrcuugo"fq" rtqeguuq"
fgeku„tkq"qw" hquugo" kpfw¦kfcu"c"kpvgitct."fg"hqtoc"
ecdcn."u" rqnvkecu"g" u" c›gu"go" ewtuq."fcu" swcku"
resultaram os avanços das regiões economicamente
mais atrasadas.
Entrevistadores -
Qual o papel atual de instituições
Ýpcpegktcu" qÝekcku" vcku" eqoq" DPFGU." DPD." DD."
CEF, entre outras, no desenvolvimento regional
brasileiro? Elas têm contribuído para a redução das
desigualdades regionais?
Leonardo Guimarães Neto -
Em formas diferentes,
mas em geral relevante, elas integraram os processos
g"cu"vtcpuhqtoc›gu" swg"rgtokvktco"qu" cxcp›qu"fg"
cniwocu"tgikgu" ogpqu"kpfwuvtkcnk¦cfcu." gpvtg"gncu"
q"Pqtfguvg0"Q" Ýpcpekcogpvq" fqu" itcpfgu" rtqlgvqu"
ou os chamados projetos estruturadores coube,
go"itcpfg"rctvg."cqu"dcpequ" qÝekcku0"Q" oguoq"ug"
rqfg" fk¦gt" go" tgnc›«q" " kphtcguvtwvwtc." uqdtgvwfq"
a social, de saneamento básico. A expansão do
agronegócio tem também sua articulação com
qu" dcpequ" qÝekcku0" P«q" ogpqu" korqtvcpvg" hqk" c"
disseminação do crédito junto a pessoas jurídicas
g" hukecu." go" rctvkewnct" xkpewncfqu" " rgswgpc" g" "
média empresa e ao consumo, notadamente o das
encuugu" fg" tgpfc" ocku" dckzc" swg" ug" kpvgitctco"
mais intensamente ao mercado de bens e serviços
swg"cpvgu"p«q"vkpjco" ceguuq0"Q"cwogpvq"fc" tgpfc"
média, do salário mínimo e do crédito foram os
determinantes dessa forma de acesso. Em síntese,
c" eqpvtkdwk›«q" fqu" dcpequ" qÝekcku" rctc" c" tgfw›«q"
das desigualdades regionais deu-se no contexto das
formas de atuação do Governo Federal através das
rqnvkecu" ocetqgeqp»okecu" g" ugvqtkcku." swg." eqoq"
se assinalou anteriormente, tiveram uma grande
kpÞw‒pekc"pq"etguekogpvq" fc"geqpqokc"tgikqpcn." pc"
igtc›«q"fg" gortgiq." pc" hqtocnk¦c›«q"fq"ogtecfq"
de trabalho e na melhoria de alguns indicadores
associados à infraestrutura social.
Entrevistadores -
"Pc" uwc" cxcnkc›«q." swcku"u«q"qu"
rtkpekrcku"fgucÝqu"rctc"q"fgugpxqnxkogpvq" tgikqpcn"
dtcukngktq." eqo" fkokpwk›«q" ukipkÝecvkxc" fg" pquucu"
desigualdades regionais, no momento atual?
Leonardo Guimarães Neto -
Vou limitar minhas
eqpukfgtc›gu"c"wo"u„"fgucÝq0"Pc"okpjc"ocpgktc"fg"
rgpuct."q"itcpfg"fgucÝq"f‌i"q"fc"kpuvkvwekqpcnk¦c›«q"fg"
uma política nacional de desenvolvimento regional
swg" p«q" uqogpvg" etkg" cu" kpuv¤pekcu" eqngikcfcu"
pcu"swcku" uglco" kpvgitcfcu"pq"rtqeguuq" fgeku„tkq."
de um lado, as entidades públicas nas suas várias
esferas, e, de outro, a integração entre as instâncias
governamentais com os segmentos representativos
da sociedade, nas múltiplas escalas regionais. Este
fgucÝq"kornkec"go"xƒtkqu"fgufqdtcogpvqu."ugpfq"q"
rtkogktq"fgngu"c" eqpetgvk¦c›«q" fg" woc" ctvkewnc›«q"
no interior do Governo Federal da ação ministerial
rtgfqokpcpvgogpvg" ugvqtkcn" g" htciogpvcfc" swg"
rcuuctkc" c" ngxct" go" eqpvc" cu" gurgekÝekfcfgu" fcu"
escalas regionais e uma forte articulação com as
fgocpfcu" fgeqttgpvgu" fcu" gurgekÝekfcfgu" fg"
cada espaço ou parcela do território nacional. O
ugiwpfq" fgufqdtcogpvq" fk¦" tgurgkvq" " etguegpvg"
presença no processo decisório, dos segmentos
representativos da sociedade através dos seus
representantes nas entidades colegiadas presentes
nas múltiplas escalas do planejamento regional.
Trata-se de moldagem de um modelo institucional de
planejamento nacional do desenvolvimento regional
swg" tqorc." fg" xg¦." eqo" c" xku«q" oqrg." ugvqtkcn" g"
departamental da ação governamental em varias
guhgtcu."swg" go" igtcn"hc¦"cduvtc›«q" fq" gurc›q"qw"
território e desconsideram a integração ao processo
decisório das legítimas representações regionais em
uwcu"xƒtkcu" guecncu0"C" uwrgtc›«q"fguug"fgucÝq" f‌i."
sem dúvida, uma tarefa complexa e enorme a ser
207
R. Pol. Públ., São Luís, v.16, n.1, p. 203-207, jan./jun. 2012
tgcnk¦cfc" rqt" guvcfkuvcu" rctc" qu" swcku" q" kpvgtguug"
pcekqpcn." q" hwvwtq" g" q" nqpiq" rtc¦q" eqpvco." g" u«q
ocku"korqtvcpvgu"swg"q"kogfkcvkuoq"fc"gngk›«q"ocku"
próxima.
NOTAS
1
Graduação em Ciências Econômicas; doutorado em
Economia pela Universidade Estadual de Campinas;
Fktgvqt" fq" Kpuvkvwvq" fg" Rguswkuc" g" Rncpglcogpvq"
Urbano e Regional/UFRJ.
2
Graduação em Ciências Econômicas Doutora
em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp.
Professora Adjunta da Universidade Federal do
Tkq" fg" Lcpgktq" *WHTL+" fq" Kpuvkvwvq" fg" Rguswkuc" g"
Planejamento Urbano e Regional (IPPUR)

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