'Spleen et idéal': a contradição na arte e a dialética no estado de direito

AutorJoão Pedro Braga de Carvalho, Vinícius Guimarães Dias Francisco
Páginas173-179
“SPLEEN ET IDÉAL”: A CONTRADIÇÃO NA ARTE E A
DIALÉTICA NO ESTADO DE DIREITO
João Pedro Braga de Carvalho 1
Vinícius Guimarães Dias Francisco2
C’est l’Ennui! — l’œil chargé d’un pleur involontaire,
Il rêve d’échafauds en fumant son houka.
Tu le connais, lecteur, ce monstre délicat,
— Hypocrite lecteur, — mon semblable, — mon frère! 3
Charles Baudelaire é exemplar na ilustração dos sentimentos
humanos diante da modernidade: polêmico, não se absteve de
tomar partido de modo passional, autêntico e parcial em prol de
suas ideias. Criou e propagou leituras sobre a modernidade, ânimos
sobre as forças políticas francesas e projetos literários: colabora
para a tipificação da personagem flâneur, se relaciona com a classe
boêmia e com a crítica literária.
Como através do livro Les Fleurs du Mal (1857), que dividiu a
recepção da crítica literária, foi alvo de censura por parte da justiça
francesa - que condena autor e editora por blasfêmia e por
atentarem contra a moral pública-, e em que o autor concentrou
longos esforços poéticos e editoriais: publicara os primeiros poemas
da coletânea em 1855, e até o seu falecimento planejou novas
edições.4 Em semelhante medida, desenvolvera relações e
colaborações, como com o gravador e também boêmio Charles
Meryon: em momentos concomitantes, ambos apuravam, a seus
respectivos modos, uma sensibilidade no contexto urbano
parisiense. Sua obra influenciou e inspirou gerações de artistas,
como a Carlos Schwabe, que produziu - instigado pelas
provocações escritas por Baudelaire - Spleen et Idéal5: o quadro
revela um embate entre dois seres míticos: o anjo tenta alçar-se aos

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