A sociedade da informação

AutorCélio Pereira Oliveira Neto
Páginas43-62
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2. A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
2.1. Construção da Sociedade da Informação
A comunicação sempre foi essencial para o ser humano, embora muito
limitada antes da Segunda Revolução Industrial. No passado remoto, há relato
de que os persas construíam torres para que homens com voz alta e estridente
subissem ao topo, e gritassem aos homens das torres seguintes, a fim de que a
informação se propagasse.
Por volta do início do século XVII, a Casa de Táxis se destacou por levar
informação por meio de serviço expresso a cavalo por toda a Europa, chegando a
empregar vinte mil homens.(110)
A sociedade da informação tem o seu desenvolvimento em um cenário
pós-industrial, entendendo-se como tal a predominância do setor de serviços em
relação às demais áreas produtivas, o que ocorreu pela primeira vez nos Estados
Unidos em 1956.
Em razão da difusão da tecnologia e da comunicação, a informação ganha
lugar de destaque, sendo digitalizada e armazenada, mormente a partir da década
de 1970.(111)
O que marca o período pós-industrial é o crescimento da importância e
fluxo da informação, combinado com a predominância do setor de serviços em
relação ao industrial, e o quase desaparecimento do emprego rural, mormente nas
economias mais avançadas.
Na visão de Manuel Castells:
[...] “as teorias do pós-industrialismo e informacionalismo utilizam como
maior prova empírica de mudança do curso histórico o aparecimento
de uma nova estrutura caracterizada pela mudança de produtos para
serviços, pelo surgimento de profissões administrativas e especializadas,
(110) BRASIL. História do Taxi. Disponível em:
lo/sessao/11599/historia-do-taxi->. Acesso em: 20 ago. 2017.
(111) CARMO, Paulo Sérgio do. Sociologia e sociedade pós-industrial: uma introdução. São Paulo:
Paulus, 2007. p. 153/154.
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pelo fim do emprego rural e industrial e pelo crescente conteúdo de
informação no trabalho das economias mais avançadas.”(112)
O autor fala em fim do emprego rural e industrial, todavia, se trata de uma
forma mais exasperada de expressão, já que há significativa mudança não só na
geração de postos de trabalho, como também na forma de prestação do trabalho,
mas não extinção dos postos na indústria.(113)
Tanto assim o é que mais adiante complementa:
[...] “é um fato óbvio que a maior parte dos empregos nas economias
avançadas localiza-se no setor de serviços e que esse setor é responsável
pela maior contribuição para o PNB. Mas não quer dizer que as indústrias
estejam desaparecendo...”(114)
Com efeito, as linhas de produção das fábricas, em grande parte são
substituídas, e quando não, convivem com ampla rede de conexões e fluxos
de dados que atravessam o globo, abastecendo os mercados de consumo
e informação, do que é exemplo Hong Kong que já não é “sede de fábricas
propriamente ditas, mas centros de comando e controle de redes de valores
distribuídas geograficamente.”(115)
O resultado do trabalho é maximizado num ambiente de cooperação mútua,
em equipe, gozando o trabalhador de maior autonomia e responsabilidade, e
aliando tais fatores com a tecnologia da produção e da informação.
A sociedade da informação goza de oportunidade ímpar, no sentido de estar
liberta do trabalho primário anterior às revoluções industriais, ao mesmo tempo em
que fica livre do labor de rígida subordinação, e isso graças ao avanço tecnológico.
Com base em apreciação da experiência dos países do G-7,(116) Manuel Castells
apresenta algumas características básicas da sociedade da informação, dentre
as quais destacam-se: (i) eliminação gradual do emprego rural; (ii) declínio do
(112) CASTELLS, p. 266.
(113) Em fl 316, o autor traz informação que corrobora com o exposto: “Desse modo, na Grã-Breta-
nha entre 1780 e 1988, a força de trabalho rural foi reduzida pela metade em números absolutos e
caiu de 50% para 2,2% do total de trabalhadores; no entanto, a produtividade per capita aumentou
por um fator de 68, e o aumento da produtividade possibilitou o investimento de capital e trabalho
na indústria, depois em serviços, de forma empregar uma população cada vez maior. A extraordiná-
ria transformação tecnológica da economia norte-americana durante o século XX também substituiu
trabalhadores rurais, mas o total de empregos criados pela economia dos EUA subiu de 27 milhões
em 1900 a 33 milhões em 1999.
(114) CASTELLS, p. 268.
(115) MITCHELL, William J. E-topia: a vida urbana, mas não como a conhecemos. Ana Carmem Mar-
tins Guimarães, tradutora. São Paulo: SENAC São Paulo, 2002. p. 167.
(116) Oito países mais ricos do mundo: Estados Unidos da América, Canadá, Inglaterra, Alemanha,
Itália, França, Rússia e Japão (formam o G8).

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