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A soberania do homem, ou o problema de um ser que não é para si 233

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Vincent
AutorRenan Victor Boy Bacelar
Páginas254-260
A SOBERANIA DO HOMEM, OU O PROBLEMA DE UM
SER QUE NÃO É PARA SI.
Renan Victor Boy Bacelar1
Toda reflexão radicada no âmbito da Antropologia Filosófica
apresenta, desde logo, um problema que atinge o próprio âmago
deste campo da Filosofia. Afinal, diferentemente do que ocorreu
com muitos outros ramos da investigação científica e filosófica, o
solo da indagação sobre o homem não viu sobre si se desenvolver
um lento e contínuo conjunto de ideias. Pelo contrário, a história da
Antropologia Filosófica é – tal como a história da metafísica – uma
trama dramática onde se enraizaram os mais intensos conflitos
conceituais. É, pois, uma história carregada das mais profundas e
abscônditas paixões e emoções humanas. Assim, à pergunta
fundamental que se nos apresenta – o que é o homem? – não se
pode dar uma resposta artificiosa. Por essa razão é que a
formulação de um modelo universal de homem usualmente termina
por produzir uma redução excessivamente simplificadora e,
portanto, artificial, ignorante, por excelência, daquela que, talvez,
seja uma das constatações – enunciada por Pascal – mais
verdadeiras já produzida acerca da natureza humana: o homem é
contradição2. O que, se não impede, pelo menos dificulta a
elaboração de uma solução unívoca do problema.
Feitas essas objeções, aqui consignadas para registrar que não
as ignoramos, optamos por buscar, amparados na Antropologia
Filosófica do Padre Henrique Cláudio de Lima Vaz, não um modelo
artificial do que seja o homem, mas um arquétipo que nos permita
identificar, nesse ser eminentemente espiritual, uma “coluna
vertebral” capaz de explicar as relações fundamentais que ele
estabelece consigo e com o outro. No particular, vislumbramos na
obra de Lima Vaz um poderoso arsenal reflexivo. É que, dados seus
contornos fortemente dialéticos3, o pensamento de Padre Vaz
consegue, de um lado, abranger as variações fundamentais no

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