Segunda entrevista com o ministo Marco Aurélio Mello

AutorPedro Jimenez Cantisano/Thomaz Henrique Pereira/Michael Freitas Mohallem
Páginas89-114
89
MARCO AURÉLIO MELLO
Segunda entrevista
com o ministro Marco Aurélio Mello
5
PROJETO > História Oral do Supremo (1988-2013)
ENTREVISTADO > Marco Aurélio Mendes de Farias
Mello
LOCAL > Brasília, DF
ENTREVISTADORES > Michael Mohallem, Pedro
Cantisano, Thomaz Pereira
TRANSCRIÇÃO > Lia Carneiro da Cunha
DATA DA TRANSCRIÇÃO > 20 de dezembro de 2016
CONFERÊNCIA DE FIDELIDADE > Leonardo Sato
DATA DA CONFERÊNCIA > 30 de junho de 2017
2ª ENTREVISTA > 18 de outubro de 2016
90 HISTÓRIA ORAL DO SUPREMO [VOLUME 18]
Casos notórios do Supremo Tribunal Federal e
opinião pública
[PEDRO CANTISANO > PC] Na última sessão, nós cumpri-
mos a sua trajetória, falamos um pouco do funcionamento do Supre-
mo, quando o senhor chegou e como foi recebido e algumas questões
práticas sobre o funcionamento do Supremo. E, agora, a gente vai
chegar na terceira parte, que é importante para o projeto, que é sobre
os casos do Supremo Tribunal Federal que o senhor julgou. E a pri-
meira pergunta que a gente tem: quais foram os casos mais difíceis
que o senhor julgou?
[MARCO AURÉLIO MELLO > MAM] Depois de tantos
anos nesse grande laboratório que é o Judiciário – vou completar
38 anos no dia 6 de novembro de 2016 –, não há caso, em si, difícil.
Claro que se pode ter situação concreta que requeira estudo
maior, um aprofundamento da pesquisa. Agora, caso difícil não
há, principalmente para quem adota a postura de idealizar a
solução mais justa para o conf‌l ito de interesses e depois ir à lei
buscar apoio. Se encontro o apoio, sacramento a visão inicial
de justiça; se não o encontro, recuo. Como a norma legal exige
interpretação, um ato de vontade, norteado mais pela formação
humanística do que pela técnica, quase sempre, como julgador,
encontro base, até mesmo ante a experiência angariada, para
implementar a solução idealizada. Então, não há propriamente
casos difíceis. Jamais tive drama de consciência, ou seja, jamais
deixei o Tribunal questionando-me sobre voto proferido. Julgo,
praticamente, quando sou vogal no Colegiado, de improviso. Algo
que, nos dias atuais, não se vem veri cando em relação à maioria.
Mesmo não sendo relator, não relatando o caso, a maioria leva
voto escrito. Julgo pelo que ouço, a partir das sustentações feitas
da tribuna, dos memoriais recebidos – dois dados que revelam a
importância da advocacia para ter-se solução adequada à ordem
jurídica –, e recorro à própria consciência, nada mais. Então,  ca
fácil. Estamos vivenciando – sou ainda da Velha Guarda, vou

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