A percepção dos estagiários sobre o seu trabalho: Um estudo de caso comparativo nos bancos públicos do Município de Taquara-Rs

AutorDeivis Cassiano Philereno
CargoMestre em Economia e Discente do curso de Doutorado em Desenvolvimento Regional, UNISC
Páginas1-13

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A PERCEPÇÃO DOS ESTAGIÁRIOS SOBRE O SEU TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO COMPARATIVO NOS BANCOS PÚBLICOS DO MUNICÍPIO DE TAQUARA-RS1.

Deivis Cassiano Philereno2RESUMO

A finalidade do presente artigo é abordar de forma sucinta o assunto evolução do trabalho a partir da década de 1930 no Brasil, pois foi neste período que se começou a repensar os direitos trabalhistas no país com a elaboração do esboço da então conhecida Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Com base nesta interpretação, do termo, trabalho, analisar como os estagiários percebem a atividade que estão exercendo, se esta contribuirá para a sua futura profissão, e não esquecendo que esta função possui lei específica e reguladora. Este trabalho teve como principais autores norteadores, Carmo, Alcoforado e a Lei dos Estágios nº 11.788 de 25 de setembro de 2008. Para isso, foram entrevistados (3) gerentes e (5) estagiários dos bancos públicos aqui denominados de Alfa, Beta e Gama, com a intenção de se saber qual a percepção que possuem das atividades desenvolvidas, o que o trabalho estagiado contribuirá para a sua formação acadêmica e a sua avaliação quanto ao crescimento pessoal e profissional. Utilizou-se para isto, o estudo de caso, baseado em pesquisa exploratória, utilizando a entrevista com perguntas abertas e em profundidade, sendo que a entrevista foi gravada com o consentimento dos entrevistados, desta forma, pode-se dar maior atenção ao entrevistado. Através da pesquisa, percebeu-se que os estagiários estão satisfeito com o estágio, porém não tanto com a função que exercem, pois não conseguem imaginar como irão aplicar as atividades desempenhadas pós-estágio, pois as atividades desenvolvidas no banco são muito condicionantes.

Palavras chaves: Trabalho. Estágio. Atividades desempenhadas.

1. INTRODUÇÃO

O trabalho de estágio é uma atividade que procura introduzir estudantes sem experiência no mercado de trabalho, porém o mesmo, muitas vezes é realizado de forma distorcida da futura profissão escolhida pelo estudante. Muitas vezes, o estágio é realizado e aceito pelos mesmos como uma forma complementar da renda e não como uma forma de inserção no mercado de trabalho como deveria ser.

Desta forma, o presente artigo tem por objetivo geral, identificar como os estagiários das Instituições financeiras de Taquara-RS, percebem as atividades que realizam na Instituição em que atuam. A escolha deste município se deu em razão de o autor residir nele, por haver uma Instituição de Ensino Superior (FACCAT) e já estar

1 Artigo elaborado para a disciplina de Sociologia do Desenvolvimento – Professor Dr. Marcos Cadoná.

2 Mestre em Economia e Discente do curso de Doutorado em Desenvolvimento Regional – UNISC.

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presente no município por mais de 30 anos e por ser o município com o maior número de habitantes do Vale do Paranhana, 54.656 (FEE, 2010). Já os objetivos específicos são: a) realizar estudos bibliográficos a respeito dos assuntos: evolução do trabalho no Brasil a partir da década de 1930 e sobre a Lei dos Estagiários; b) entrevistar os gerentes e estagiários das Instituições Financeiras públicas para saber qual a percepção que possuem com relação ao trabalho estagiado e c) analisar as respostas e perceber se o trabalho estagiado que esta contribuindo para a sua formação profissional.

Para que se fundamente o presente artigo, é importante que se tenha uma breve noção sobre o assunto trabalho, pois o estágio é considerado um trabalho. Desta forma, o primeiro tema abordado neste artigo é a evolução histórica do trabalho no Brasil a partir da década de 1930.

No segundo momento, abordou-se a Lei que regula o estágio, 11.788 de 25 de setembro de 2008, que foi reformulada, com a finalidade de criar melhores condições para os estagiários.

No tópico 3 abordou-se a metodologia aplicada, sendo que esta norteou a pesquisa para que fosse possível atingir o objetivo geral e os objetivos específicos. E finalizando o artigo, as considerações finais obtidas através dos estudos bibliográficos e da metodologia utilizada.

2. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO NO BRASIL, UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO A PARTIR DA DÉCADA DE 1930.

Para que se possa compreender a atual forma de trabalho no Brasil, é importante que se conheça um pouco de seu passado. Por mais de 3 séculos, o trabalho escravo no país esteve centralizado na produção de cana de açúcar, café e extração de ouro. Carmo (1998) nos relata que neste período uma figura foi esquecida, o homem livre e pobre, cuja figura foi relegada a posições secundárias e só foi empregado por volta do século XX, com a aceleração do crescimento das fábricas. Segundo Gorz (apud CARMO, 1998, p.19) “trabalho é uma invenção da modernidade. A forma pela qual nós o conhecemos, praticamos e colocamos no centro da vida individual e social foi invertida e generalizada com o industrialismo. O trabalho só se tornou a atividade humana dominante com o surgimento do capitalismo industrial”.

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Na Idade Média, as pessoas não dedicavam tantas horas ao trabalho. Foi a partir dos séculos XVIII e XIX, mais especificamente com o aumento das indústrias (Revolução Industrial) e com o aparecimento de uma nova ética, a do trabalho ou “a sociedade do trabalho” que via como obrigação moral, que o ser humano se dedicasse longas horas a ele.

No Brasil, a colonização portuguesa afetou um pouco à incorporação de novas técnicas de trabalho, este fato se deu pelo motivo de Portugal ser um país de pequena extensão territorial, centralizador e viver constantes guerras, o que levou a se especializar-se em um fortalecimento militar.

Tanto para os portugueses quanto para os espanhóis, o ato de trabalhar era desonroso. Para alguém poder pleitear um cargo público, deveria comprovar que seus avós e pais não haviam trabalhado, ou seja, deveriam provar que eram de origem nobre. O trabalho era considerado uma atividade de baixa classe. Velazquez (apud CARMO, 1998, p. 21) nos relata que:

muitas das palavras que em português e espanhol designam ‘trabalho” vêm da influência da cultura árabe (deixada pelos mouros), a começar pelo próprio termo “tarefa”, passando pela nomeação dos produtos agrícolas (alface, berinjela,...) ou das atividades de comércio e ofícios (alfaiate, açougueiro,...). Isso mostra que as atividades produtivas eram nomeadas principalmente pelos mouros, que se dedicavam aos esforços braçais”

Para se entender como se dera o processo de aproveitamento da mão de obra brasileira, é necessário que se leve em conta as peculiaridades da nossa economia em pleno século XIX. Na Europa, na medida em que a Revolução Industrial se expandia, as mudanças ocorridas no campo eram afetadas também. As famílias européias abandonavam seus lares no campo e partiam em busca de oportunidades nas empresas que estavam estabelecidas na cidade ou em sua periferia, o que ocasionava em contrapartida no achatamento massivo no salário dos operários e um aumento descompassado na urbanização.

Carmo (1998,) nos relata que no final do século XVIII, a população livre e pobre já se igualava ao número de escravos. Porém por ser considerada incapacitada, era deixada de lado (em espera) no campo e na cidade. No final do século XIX, mais de 500 mil nordestinos ofertaram sua...

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