A QUESTÃO AMBIENTAL NA CONTEMPORANEIDADE: conflitos socioambientais, garantias constitucionais e a efetividade das políticas públicas em debate - Entrevista especial com Dimas Floriani

AutorBenjamin Alvino de Mesquita
Páginas286-301
A QUESTÃO AMBIENTAL NA CONTEMPORANEIDADE: conflitos
socioambientais, garantias constitucionais e a efetividade das políticas públicas em
debate
Entrevista especial com o Professor Doutor Dimas Floriani1
Entrevistador: Professor Doutor Benjamin Alvino de Mesquita2
DOI: http://dx.doi.org/10.18764/2178-2865.v24n1p286-301.
1 Sociólogo. Doutor em Sociologia pela U.C.L. Louvain, Bélgica, 1991, com pós-doutorado no El Colégio de Méxi co
e PNUMA, 2002. Professor T itular e aposentado Sênior nos programas de Ciências Sociais (PGSOCIO-UFPR) e no
Doutorado Interdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento (PPGMADE-UFPR), do qual foi coordenador em
1996-98. Bolsista em Produtividade em Pesquisa (CNPq).
2 Economista; Doutor em Geografi e, Amenegement et urbanism pelo IHEAL/ Sorbonne Nouvelle/Paris III (2006) e
em Politicas Publicas pela Universidade Federal do Maranhão em 2006. Professor Titular da Universidade Federal
do Maranhão. Faz parte do quadro permanente dos Programas de Pós-Graduação em Políticas Públicas e de
Desenvolvimento Socioeconômico da UFMA nos quais exerceu a função de coorden ador no período de 2010/2012 .
Entrevista especial com o Professor Doutor Dimas Floriani e Entrevistador: Professor Doutor Ben jamin Alvino de
Mesquita
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Benjamin Alvino de Mesquita - Saudando e agradecendo ao Professor Floriani pela
interlocução, eu começo esta entrevista perguntando: O senhor, como expoente dessa
área de conhecimento, poderia nos apresentar uma síntese sobre o debate teórico
ambiental, enfatizando (as) essas questões centrais desse debate e como estas vêm
sendo pensadas e implementadas nas últimas décadas em diferentes países?
Dimas Floriani - Agradeço por esta oportunidade de entrevista, professor Benjamin. É uma
ocasião, inclusive, para reafirmar a posição de que a produção do conhecimento é resultado de
um processo histórico, com condicionantes sociais amplos, tanto no que se refere aos seus
conteúdos filosóficos, teórico-metodológicos, políticos, éticos e valorativos como
institucionais – o tipo de ciência que é produzida; se se trata de uma ciência pública e pertinente,
e como se distribuem as diversas ciências na hierarquia de poder assumidas pelo mercado, isto
é, das tecnociências às humanas.
Estamos considerando o terreno híbrido de um novo tipo de produção do
conhecimento acadêmico. Refiro-me, aqui, aos enfoques teórico-metodológicos multi, inter e
transdisciplinares, com diversas nuances e modulações institucionais em programas de pós-
graduação com diversas designações – ciências ambientais, meio ambiente e desenvolvimento,
meio ambiente e desenvolvimento rural, regional, etc. –. Frente a isso, surgiram desafios de
ordem epistemológica, inspirados em debates acadêmicos, mas não exclusivamente, sobre que
novos arranjos ocorreriam se as múltiplas disciplinas científicas, formatadas pela matriz
positivista, se abrissem a um diálogo com a filosofia, as ciências da vida, da natureza e da
sociedade, com a possibilidade de constituir um novo consórcio, ou como diriam Ilya Prigogine e
Isabelle Stengers, ainda em 1979, em seu já clássico livro, sobre uma nova aliança das ciências
com a natureza.
Pode-se dizer que a partir desse processo, os efeitos se fizeram sentir, fossem
virtuosos ou colaterais, promovendo outros arranjos entre as disciplinas científicas para pensar
novas formas institucionais de produção do conhecimento, em áreas de fronteira, entre
sociedade e natureza. Refiro-me aqui especialmente a programas de pós-graduação multi e
interdisciplinares, nas áreas atualmente designadas pela CAPES como ciências ambientais ou
interdisciplinares, em meio ambiente e desenvolvimento.
A propósito da transdisciplinaridade, a questão é mais complexa e ela ganha fórum
de debate quando a Ecologia Política reivindica sua existência pelo diálogo de saberes entre
conhecimento científico e saberes culturalmente enraizados. Mas este tema merece outro
debate, eventualmente mais adiante.

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