Quality assessment in distance education under the student's perspective: proposing and testing of a model using structural equation/ Avaliacao da qualidade na educacao a distancia sob a perspectiva do aluno: proposicao e teste de um modelo usando equacoes estruturais/Evaluacion de la cualidad enla educacion a distancia bajo la perspectiva del alumno: proposicion y puesta a prueba de un modelo...

AutorTolentino, Renata de Sousa da Silva
CargoArtigo--Ensino de administracao
  1. INTRODUCAO

    Mudancas recentes ocorridas nas grandes sociedades contemporAneas geraram transformacOes profundas nas esferas politica, social e economica. A aceleracao da competicao promulgada pelo aparecimento de novas tecnologias gerou uma revolucao sem precedentes nos meios de producao (CASTELLS, 1999), de forma que, na era da informacao, a base da competitividade organizacional e individual e o conhecimento, cada vez mais profuso e difuso (RAVETZ, 1996).

    Com as mudancas tecnologicas, as antigas formas de educar foram profundamente modificadas, exigindo uma revisao premente de praticas e teorias e fazendo surgir novas formas de aprendizado, que produzem a expansao das fronteiras da educacao para Estados e abrangencias antes inalcancaveis. Nesse cenario, a Educacao a DistAncia (EAD) emerge como uma ferramenta cada vez mais presente na educacao contemporAnea (MAIA; MATTAR, 2007).

    Alia-se a esse fato o crescimento sem precedentes do numero de instituicOes de Ensino Superior (INEP, 2010). Imersas em um ambiente altamente competitivo, as instituicOes buscam estrategias solidas de educacao. A fim de obter beneficios como ampliacao da area de atuacao, diversificacao de cursos e reducao de custos, as instituicOes tem considerado cada vez mais a EAD como uma ferramenta competitiva (LANDIM, 1997).

    Por se tratar de uma pratica contemporAnea cujos procedimentos e regras ainda estao sendo formulados (INEP, 2008), as estrategias de educacao parecem precisar de adaptacOes e informacOes para atender as expectativas do corpo discente, em especial os alunos recem- chegados. Nesse sentido, e possivel que se produza um contexto de qualidade deficiente e de insatisfacao na utilizacao desta ferramenta pelos alunos (CASAGRANDE; KLERING; KRUEL, 2008). Em especial, pode emergir uma profunda negacao da legitimidade desta pratica de educacao que culmine com o nao atendimento das expectativas dos alunos, caso estes nao estejam previamente cientes e aptos a utilizar tais modalidades.

    Considerando esse cenario, este estudo buscou avaliar a qualidade percebida e a satisfacao de alunos que passaram recentemente pela experiencia da Educacao a DistAncia (EAD) em uma instituicao privada. Mais especificamente, este estudo buscara responder a seguinte pergunta que emerge da problematica anterior: quais sao os determinantes da qualidade na modalidade de educacao a distAncia e como estes se relacionam com atitudes e intencOes comportamentais dos discentes? Assim, o objetivo delineado foi identificar dimensOes da Qualidade Percebida na modalidade EAD e suas consequencias comportamentais em termos da propensao a lealdade, ao arrependimento e ao orgulho.

  2. REVISAO DE LITERATURA

    2.1. Educacao a DistAncia: Panorama Historico e Caracteristicas

    A revolucao tecnologica propiciada pela profusao do computador e popularizacao da internet gerou uma transformacao drastica nos meios de producao, que se sustentam cada vez mais na geracao e disseminacao do conhecimento em velocidades vertiginosas (CASTELLS, 1999). Nesse cenario, observa-se uma revolucao nas possibilidades de organizacao e comunicacao, que gerou niveis de difusao do conhecimento inimaginaveis antes do advento da microeletronica (RAVETZ, 1996). Assim, inumeras mudancas sociais e individuais se iniciaram em nossa sociedade, impulsionadas especialmente pelo advento da era digital.

    Como parte integrante do sistema social, os metodos de educacao tradicionais foram necessariamente afetados pela crescente onipresenca do ciberespaco como ferramenta direta ou indireta de educacao. A Educacao a DistAncia (EAD) emergiu nesse contexto, caracterizando-se como um processo de educacaoaprendizagem no qual a tecnologia age como mediadora do relacionamento docente-discente (MORAN, 1994).

    E importante destacar que, enquanto o termo educacao a distAncia se refere ao processo de ensino-aprendizagem em que ocorre uma separacao fisica entre docente e discente, o termo ensino a distAncia centra-se no papel e na atividade docente, a primeira constituindo-se na mais abrangente e completa sob a perspectiva da relacao ensino-aprendizagem (LANDIM, 1997). Por se entender que a definicao de Educacao a DistAncia se aproxima de forma mais inequivoca da aplicacao prevista neste estudo, esse termo sera usado de forma predominante no restante do estudo.

    A Educacao a DistAncia como processo de ensino-aprendizagem existe ha seculos em nossa sociedade. Os primeiros indicios desse processo se encontram no uso de cartas, para permitir a interacao docente/discente, mas seu uso permaneceu restrito ate o seculo XIX, quando avancos dos sistemas de correios e meios de transporte permitiram a agilidade necessaria a um sistema de ensino dinAmico.

    Ao mesmo tempo em que se observou o distanciamento entre as culturas submetidas ao sistema de ensino ocidental, percebeu-se um rapido desenvolvimento de tecnologias como o telefone e a televisao. Nesse periodo, casos bemsucedidos relatados referiam-se a cursos tecnicos e profissionalizantes, enquanto o uso dessa abordagem para cursos superiores enfrentava fortes resistencias (MAIA; MATTAR, 2007). Dessa forma, a difusao da Educacao a DistAncia ao ensino superior permaneceu limitada antes da revolucao da microinformatica (ALMEIDA, 2010). Com o crescente uso da internet e a adocao desta pratica por universidades renomadas, a EAD passou a ser cada vez mais aceita pela sociedade, sobrepujando a conotacao marginal que essa pratica de educacao possuia anteriormente (CASAGRANDE; KLERING; KRUEL, 2008).

    As caracteristicas mais marcantes do processo de ensino e aprendizagem da EAD sao a separacao fisica entre professor e aluno, a utilizacao de meios eletronicos de comunicacao e o uso da comunicacao de mao dupla (tutorias, orientacOes, comentarios sobre trabalhos realizados pelos discentes, esclarecimento de duvidas e avaliacOes finais) (NUNES, 1994). Nessa abordagem, os alunos sao incentivados ao aprendizado pessoal e com maior grau de autonomia em relacao a educacao tradicional (TAROUCO, 1999). Assim, o pressuposto latente dessa abordagem e a importAncia da busca de conhecimento pelo discente, a despeito de sua separacao fisica do docente em parte consideravel do aprendizado (CARDOSO; PESTANA, 2001). Segundo Palloff e Pratt (2002), a EAD, aplicando ferramentas associadas a internet e outros meios de comunicacao digital remota, ainda expande as barreiras da sala de aula, possibilitando aos estudantes explorar conteudos e disciplinas transcendendo os limites fisicos tradicionais.

    Essa caracteristica, denominada por Moore e Kearsley (1996) de autonomia, diz respeito a possibilidade de os alunos escolherem a forma mais apropriada de conduzir seus estudos. Knowles, Holton e Swanson (1998) salientam que a autonomia pode emergir sob a pratica da autoeducacao (os alunos ditam e direcionam seus estudos) ou dos estudos dirigidos (o discente segue um guia de estudos predefinido). Os moldes da educacao a distAncia tradicionalmente aplicados a cursos de graduacao se referem mais ao segundo caso, ou seja, a maior parte dos docentes e instituicOes de ensino presume que os discentes precisam de uma supervisao e orientacao mais proximas para a conducao de seus estudos.

    Sao apontadas diversas vantagens e desvantagens dessa forma de ensino (LANDIM, 1997; NISKIER, 2000). Dentre as vantagens, destacam-se a eliminacao de barreiras geograficas ao ensino, ampliacao da oferta de cursos, desenvolvimento de postura proativa dos alunos e reducao de custos. Dentre as desvantagens, a socializacao limitada, dificuldade de desenvolver habilidades atitudinais e afetivas, troca de experiencia empobrecida, necessidade de planejamento rigido e aumento da complexidade dos sistemas de apoio ao ensino.

    2.2. Crescimento do Ensino Superior e EAD no Brasil

    O crescimento do numero de vagas em instituicOes de Ensino Superior e uma tendencia que se tem mostrado inexoravel nos ultimos anos. De acordo com dados do Ministerio da Educacao, o numero de cursos de graduacao passou de 12.155 para 24.719 entre 2001 e 2008, um crescimento de 103%. O numero de ingressos, de 1.206.273 em 2001, cresceu para 1.873.806 em 2008 (55% de aumento) e as matriculas passaram de 3.030.754 para 5.080.056 nesse periodo (65% de aumento) (INEP, 2010), o que indica que o numero de cursos aumentou mais rapidamente que o numero de ingressos e matriculas. Esse fenomeno se reflete na relacao candidatos/vaga nesse periodo, que caiu de 3,0 para 1,9, e no numero de inscritos por vaga, que passou de 0,7 para 0,5. Os dados precedentes revelam que o aumento do numero de vagas e de instituicOes de ensino (oferta) foi maior que o crescimento observado no minimo de inscritos e de matricula (demanda); em outras palavras, a oferta cresceu mais que a demanda (INEP, 2010).

    Essa tendencia ja se manifestava antes, quando a matricula cresceu apenas 7% de 1997 a 1999, demonstrando uma forte tendencia de desconcentracao e ampliacao da rede de educacao para alem do numero de alunos na educacao superior. Em especial, recentes praticas governamentais que visam aumentar a oferta de cursos nas universidades federais e expandir o numero de vagas na Regiao Nordeste tendem a agravar a situacao de competitividade entre as IES privadas (ANUP, 2002).

    A situacao e ainda mais expressiva no caso do Ensino a DistAncia (INEP, 2007). Em 2008, havia 727.961 inscritos para um total de 1.699.489 vagas oferecidas por 112 IES credenciadas para oferecer cursos de graduacao a distAncia no Brasil. Em 2001, o numero de inscritos era de 13.967 para um total de 6.856 vagas oferecidas, o que mostra um vertiginoso crescimento dessa modalidade de educacao no pais nos ultimos anos (INEP, 2010).

    Antes de 2007, nao havia criterios claros para regulamentar e avaliar esses cursos, de forma que, somente apos o lancamento da portaria n.[degrees] 40 pelo Ministerio da Educacao, foram estabelecidas regras adaptadas a realidade dessa modalidade de Educacao. O objetivo da medida foi permitir um controle apropriado das...

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