A Presença do Petróleo nos Estados Unidos: O Hidrocarboneto na História de uma Grande Potência

AutorJosé Alexandre Altahyde Hage
CargoDoutor em Ciência Política pela Unicamp
Páginas240-262
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DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-7976.2017v24n38p240
A Presença do Petróleo nos Estados Unidos:
O Hidrocarboneto na História de uma Grande Potência
The Presence of Oil in the United States:
The Hydrocarbon in the History of a Great Power
José Alexandre Altahyde Hage1
Resumo: O objetivo deste ensaio é fazer um simples balanço do petróleo na
história recente dos Estados Unidos. Isto porque o mais importante recurso
energético não é desligado da história da principal potência internacional.
Analisar a história do petróleo é se voltar para a compreensão dos Estados
Unidos desde a segunda metade do século XIX até os anos 1990, quando não
houve nenhuma potência com vigor suciente para contestar o poder americano.
Palavras-chave: Geopolítica do Petróleo; Política Internacional; História da
Energia.
Abstract: The purpose of this essay is to present a simple balance of oil in
the recent history of the United States. This relevant energy resource is not
disconnected with the history of the main international power. To analyze the
history of oil is to get back to the understanding of the United States since the
second half of the 19th century till the 1990s, when there was no other power
strong enough to contest US power.
Keywords: Geopolitics of Oil; International Politics; History of Energy
Artigo
241
Revista Esboços, Florianópolis, v. 24, n. 38, p. 240-262, dez. 2017.
A Invenção Americana do Petróleo
Ao dizermos que foi nos Estados Unidos onde se inventou o petróleo o
fazemos de modo metafórico. O que a iniciativa empresarial norte-americana
fez foi dar os passos iniciais para que houvesse posteriormente uma pujante
indústria petrolífera em todo o mundo. Isto porque, de um modo ou de
outro todos os países guardam interesse no ouro negro. Mesmo aqueles
que procuram autossuciência energética não descuidam da economia do
carburante em virtude da inuência que ele tem nas nanças internacionais.
Como tem sido comum observar na “cultura empresarial” norte-
americana, sobretudo nas duas últimas décadas do século XIX, o petróleo
se transforma em bem econômico em virtude de maquinações individuais
de pessoas que procuraram fazer fortuna rápida. Já faz parte do folclore
dos Estados Unidos aventureiros que utilizavam de prestidigitações para
enganar incautos que também queriam acumular dinheiro no mais rápido
tempo.2
No caso do petróleo não foi de outra forma. Conhecido pelos antigos
índios do meio-leste norte-americano para fazer fogo e outras utilidades
locais o óleo passa a chamar atenção de um “típico” capitalista estadunidense:
capitão Edwin Drake. Por volta de 1865 Drake, que não era militar, mas usava
a patente para impressionar, encontra petróleo no estado da Pensilvânia e
logo isola o terreno para prospecção e comércio do carburante.3
A fama da exploração petrolífera como meio certo de enriquecimento
se espalha rapidamente e chama atenção de inúmeros investidores e
aventureiros para maximizarem lucros com o produto. A criação instantânea
de riqueza ocorre nas mãos do capitão e mais alguns apaniguados. Porém,
em menos de uma década, o maná se esgota a ponto de não ser mais viável
para a atração popular e obter novos recursos nanceiros para crescer.
Os motivos para tanto não são desconhecidos. As técnicas de
exploração são rudimentares e não evitam o desperdício. Em outros tempos,
mesmo com o esgotamento de determinados poços ainda assim seria possível
obter mais petróleo, mas com a ausência de capacidade na época o excedente
não podia ser prospectado. Outro motivo para abreviar a vida produtiva
daquelas fontes era a utilidade para qual se dava à matéria-prima.
O principal uso do petróleo era para iluminação pública. Para isso,
renava-se o óleo para obter querosene. Em uma época em que a iluminação
pública, da Nova Inglaterra, por exemplo, era dependente da caça à baleia,
e sua extração de óleo para lamparinas, a invenção do querosene teve
coloração revolucionária para aquele setor econômico.4 A febre do novo
meio de iluminação denotava conforto para os consumidores, facilidade
para os comerciantes e riqueza para os produtores. Por conseguinte, tudo que
não era utilizado para ser querosene tinha m no despejo em rios e poços
especícos, até a gasolina.

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