A eficiência dos fatores naturais e não naturais para as maiores economias mundiais

AutorThiago Costa Soares - Elaine Aparecida Fernandes - Silvia Harumi Toyoshima
CargoDoutorando em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa - Doutora em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa - Doutora em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas
Páginas282-309
http://dx.doi.org/10.5007/1807-1384.2013v10n2p282
Esta obra foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Não
Adaptada.
A EFICIÊNCIA DOS FATORES NATURAIS E NÃO NATURAIS PARA AS
MAIORES ECONOMIAS MUNDIAIS
Thiago Costa Soares
1
Elaine Aparecida Fernandes2
Silvia Harumi Toyoshima3
Resumo:
O objetivo do presente artigo foi avaliar o nível de eficiência dos insumos naturais e
não naturais para as maiores economias mundiais e agrupá-las a partir de suas
características comuns quanto à eficiência desses recursos. O referencial teórico
baseou-se na teoria do crescimento econômico, que considera os recursos naturais
como um fator de produção. Metodologicamente, utilizou-se a análise fatorial por
componentes principais para criar um indicador ambiental; a técnica Data
Envelopment Analysis (DEA) para estimar os escores de eficiência relativa dos
fatores de produção; e a análise de agrupamento para agrupar os países segundo
os critérios de eficiência técnica. Os resultados mostraram que a eficiência média no
uso dos insumos produtivos foi menor que 50%, o que indica que os fatores de
produção não estão sendo corretamente utilizados ou que falta estrutura para utilizá-
los no processo de produção. Observa-se que a grande maioria dos países
apresentou problemas de ineficiência técnica e de escala.
Palavras-chave: Eficiência. Análise de cluster. Análise fatorial. Capital. Energia.
INTRODUÇÃO
O objetivo do presente artigo foi avaliar o nível de eficiência dos insumos
naturais e não naturais para as maiores economias mundiais e agrupá-las a partir de
suas características comuns quanto à eficiência desses recursos. Isto se justifica
dada a escassez dos insumos produtivos, sobretudo os recursos naturais, e a
1 Doutorando em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa. Mestre em Economia pela
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Brasil. E-mail: thiago_sofia@hotmail.com
2 Doutora em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Brasil.
Professora adjunta III na mesma Universidade. E-mail: eafernandes@ufv.br
3 Doutora em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil.
Pós doutorado pela University of Illinois at Urbana-Champaign, USA. Professora associada da
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Brasil, coordenadora do Programa de Mestrado em
Economia na mesma universidade. Bolsista do IPEA no Programa Cátedras para o Desenvolvimento.
E-mail: htsilvia@ufv.br
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R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.10, n.2, p. 282-309, Jul./Dez. 2013
ineficiência na forma de geri-los, pois a gestão adequada desses recursos pode
garantir crescimento econômico com maior qualidade de vida e ambiental. Apesar
da análise do comportamento do capital ainda ser de suma importância para o
sistema econômico, cresce a importância relativa dos fatores produtivos ligados ao
meio ambiente. Segundo informações contidas no Relatório do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas IPCC (2011), o aumento
contínuo da produção de bens e serviços pode levar ao esgotamento dos recursos
naturais para as futuras gerações.
Diante disso, o presente trabalho procurou colaborar um pouco mais para a
literatura atual, estimando e analisando a eficiência dos fatores de produção naturais
(energias alternativas e nucleares, energias renováveis, energias de combustíveis
fósseis e energia elétrica), conforme Edenhofer, Bauer e Kriegler (2005), e não
naturais (capital e trabalho) para as 80 maiores economias mundiais.
De forma geral, procurou-se estimar a eficiência técnica individual da
utilização dos fatores de produção capital, trabalho e energia para as 80 maiores
economias mundiais no ano de 2008. Especificamente, pretendeu-se: a) construir
um indicador para o consumo energético; b) estimar a eficiência dos fatores capital,
trabalho e energia; e c) agrupar os países conforme a semelhança de utilização dos
recursos naturais e não naturais.
Existe uma discussão muito grande na literatura especializada a respeito da
combinação ótima entre os insumos naturais e não naturais e, portanto, sobre a sua
eficiência. Para a versão da economia tradicional (Economia Ambiental), capital e
trabalho podem substituir recursos naturais, e, portanto, os limites impostos pela
indisponibilidade destes podem ser superados pelo progresso técnico (SOLOW,
1986; STIGLITZ, 1974; HARTWICK, 1990; HOTELLING, 1931). Solow (1986)
mostrou que, se a taxa de crescimento do progresso tecnológico for superior à taxa
de degradação ambiental, as economias convergiriam à trajetória de crescimento
econômico equilibrado mesmo em baixos níveis de recursos naturais.
De forma contrária, para os economistas ecológicos as dimensões
econômicas dependem dos limites ecossistêmicos. Segundo eles, existe uma
relação complementar entre o ecossistema e a economia, revelando a necessidade
de se estabelecer uma escala ótima de produção que levaria a uma escala ótima de
utilização dos recursos naturais. Portanto, o progresso tecnológico é importante para

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