A (in)segurança silenciosa nos câmpus universitários: estudo na Universidade Federal do Triângulo Mineiro

AutorMax André Antonio Rodrigues - Daniela de Castro Melo
CargoEngenheiro Elétrico - Administradora
Páginas465-480
A (IN) SEGURANÇA SILENCIOSA NOS CÂMPUS UNIVERSITÁRIOS: estudo na
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Max André Antonio Rodrigues1
Daniela de Castro Melo2
Resumo
A segurança pública é um dos principais problemas sociais do Brasil e incide em todas as esferas da sociedade, inclusive
nas Universidades. O objetivo desta pesquisa foi realizar um d iagnóstico da segurança institucional na Universidade Federal
do Triângulo Mineiro UFTM com o intuito de desenvolver e implantar uma política de segurança na universidade. Trata-se
de estudo de caso, com pesquisa bibliográfica, documental, entrevista e grupos focais. O diagnóstico evidenciou a
insegurança silenciosa que a comunidade acadêmica da UFTM vive, com problemas estruturais e organizacionais.Os
resultados mostraram a necessidade de desenvolver ações de intervenção relacionadas à segurança no entorno da
universidade, implementação de câmeras de vigilância e de departamento de segurança institucion al, termais vigilantes e
melhorar o controle na entrada das unidades da universidade.
Palavras-chave: Administração Pública. Segurança Universitária. Gestão de riscos. Segurança Ins titucional.
THE SILENT(IN) SECURITY IN UNIVERSITY CAMPS: study at Federal University of Triângulo M ineiro
Abstract
Public sec urity is one of the main social problems in Brazil and affects all spheres of society, including universities. The
objective of this research was to make a diagnosis of institutional security at the Federal University of Triângulo Mineiro -
UFTM in order to develop and implement a security policy at the university. This is a case study, with bibliographic,
documentary research, interview and focus groups. The diagnosis showed the silent insecurity tha t the UFTM academic
community lives with structural and organizational problems. The results showed the need to develop intervention actions
related to security around the university, implementation of surveillance cameras and institutional security department, have
more vigilantand improve control at the entrance of the university units.
Keywords: Public Administration. University Security. Risk Management. Institutional Sec urity
Artigo recebido em: 24/03/2019 Aprovado em: 04/11/2019
DOI: http://dx.doi.org/10.18764/2178-2865.v23n2p465-480.
1 Engenheiro Elétrico. Mestre em Administração Pública pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Administrador de
edifícios da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. E-mail: max.rodrigues@uftm.edu.b r
2 Administradora. Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos UFSCAR. Professora no
Departamento de Engenharia de Prod ução da Universidade Federal do Triângulo Mineiro UFTM. E-mail:
daniela_c_melo@yahoo.com.br
Max André Antonio Rodrigues e Daniela de Castro Melo
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1 INTRODUÇÃO
As sociedades modernas são construídas sobre o alicerce da insegurança, pois não
encontram em si a capacidade de assegurar proteção, mesmo que o Estado tenha encontrado na
promessa de proteção sua “razão de ser” e seu direito à obediência dos cidadãos (CASTEL, 2005;
BAUMAN, 2008).
Como em todo Estado de Direito, no Brasil, a segurança está entre os direitos básicos do
cidadão, de acordo com o artigo 6º da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). Porém a falta de
segurança pública é um dos principais problemas do país e incide em todas as esferas da sociedade
(GUIMARÃES, 2014).
Nesse contexto de falta de segurança pública brasileira, as Instituições Federais de
Ensino Superior IFES também estão inseridas, haja vista que elas não são ilhas e não estão isoladas
dos problemas que a sociedade enfrenta (NASCIMENTO, 2006; OLIVEIRA 2017).
Essa insegurança nas IFES ficou evidente após o vultoso crescimento das universidades
federais em virtude do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades
Federais (REUNI), criado pelo Decreto nº 6096, de abril de 2007 e implementado pelo Ministério da
Educação MEC, em que foram criadas novas universidades e ampliadas as já existentes (BRASIL,
2007).
O Decreto nº 4.547 de 27 de dezembro de 2002 (BRASIL, 2002) tornou extinto na
Administração Pública Federal o cargo de vigilante e incluiu as atividades entre as terceirizáveis nos
termos do Decreto nº 2.271 de 7 de julho de 1997 (BRASIL, 1997).
Com essa barreira imposta pelo Decreto nº 4.547 (BRASIL, 2002) e a expansão das IFES
após o REUNI, a gestão da segurança tornou-se um problema para as IFES, em decorrência da falta
de infraestrutura e de recursos humanos (NASCIMENTO, 2006; OLIVEIRA 2017). Algumas IFES
conseguiram administrar o quadro de vigilantes que possuíam e de forma eficiente serviram-se dos
profissionais da área para formular políticas efetivas, como é o caso da Universidade Federal de Santa
Catarina UFSC e da Universidade Federal de Pernambuco UFPE (NASCIMENTO, 2006;
OLIVEIRA, 2017; UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015).
Diante disso, o conceito “(in)segurança silenciosa” demonstra a atual situação da
segurança nas IFES, assunto de extrema importância e que não está em evidência. Muitas IFES não
possuem políticas de segurança apesar de possuírem altos índices de criminalidade, tanto em seus
campi como também no entorno, e aguardam acontecer alguma tragédia para mobilizar ações de
segurança (SANTANA, 2018). Porém, há outras IFES que possuem gestões de políticas de segurança
bem desenvolvidas, mas que são pouco divulgadas e não chegam ao conhecimento das demais

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