A expansão da fronteira agrícola num cenário de globalização da agricultura

AutorBenjamin Alvino de Mesquita
CargoBacharel em Economia
Páginas1079-1097
Artigo recebido em: 07/03/2018 Aprovado em: 16/05/2018
A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA
NUM CENÁRIO DE GLOBALIZAÇÃO DA
AGRICULTURA1
Benjamin Alvino de Mesquita1
Resumo
A produção, comercialização e exportação de commodities em larga escala, sob
o controle de grandes empresas, tanto no passado quanto agora, sempre esteve
presente em áreas periféricas do capital, como na America Latina, África ou
Austrália. Nas últimas décadas em função das políticas liberalizantes, houve
uma ofensiva na expansão destes grupos oligopólios na fronteira agrícola com
apoio governamental. A expectativa de novos investimentos, nestes locais, era
que trouxesse crescimento econômico e emprego na fronteira agrícola ocupada.
No entanto, a maior exposição dos mercados locais à concorrência internacio-
nal, conduzida pelo estado, desestruturou setores inteiros e expropriou milhões
de pequenos produtores. No Brasil, a presença do capital na produção de com-
modities é marcante (exportações) e frustrante, pelos resultados pí os socioe-
conômicos de emprego, imposto, desarticulação dos camponeses do entorno
onde estão. Os bilhões de dólares exportados pelas empresas globais do setor
não transferem só riqueza para o exterior, transferem também todo um legado
de devastação e pobreza às gerações futuras ali presentes.
Palavras-chave: Expansão capitalista, fronteira agrícola, globalização da agri-
cultura, políticas liberalizantes.
1 Bacharel em Economia, Doutor em Geogra e
Amenegement et urbanism pelo IHEAL/
Sorbonne Nouvelle/Paris III (2006) e em Politicas Publicas pela Universidade
Federal do Maranhão (UFMA), Professor Associado do Departamento
de Economia e do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e de
Desenvolvimento S ocioeconômico da UFMA. E-mail: bamin@uol.com.br
/
Endereço: Universidade Federal do Maranhão - UFMA: Av. dos Portugueses, 1966,
Bacanga - São Luís – MA. CEP 65080-805
MESAS TEMÁTICAS COORDENADAS
GLOBALIZAÇÃO DA AGRICULTURA, DESENVOLVIMENTO
REGIONAL E REORGANIZAÇÃO AGRÁRIA
EM ÁREAS PERIFÉRICAS
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Benjamin Alvino de Mesquita
THE EXPANSION OF THE AGRICULTURAL FRONTIER IN A
GLOBALIZATION SCENARIO OF AGRICULTURE
Abstract
Large-scale commodity production, marketing and export under the control
of large corporations, both past and present, has always been present in peri-
pheral areas of capital, such as Latin America, Africa, or Australia. In the last
decades due to the liberalizing policies, there was an o ensive in the expansion
of these oligopolistic groups in the agricultural frontier of these areas, with go-
vernment support. e expectation of new investments in these places was that
it would bring economic growth and employment on the occupied agricultural
frontier. However, the increase d exposure of local markets to state-led interna-
tional competition has disrupted whole sectors and expropriated millions of
small producers. In Brazil, the presence of capital in the production of commo-
dities is striking (exports) and frustrating, due to the socioeconomic results of
employment, tax, disarticulation of the peasants in the environment where they
are.  e billions of dollars exp orted by the global companies of the sector do not
transfer only wealth abroad, it also transfers a whole legacy of devastation and
poverty to the future generations present there
Key words: Capitalist expansion, agricultural frontier, globalization of agricul-
ture, liberalizing policies.
1 INTRODUÇÃO
A produção em larga escala de culturas como a cana-de-
-açúcar, algodão e cacau, voltados ao comércio internacional era
o cerne dos grandes latifundiários do Nordeste (colônia). Ao lado
desta plantation sempre esteve presente, embora de forma invisível
à pequena itinerante de alimentos da produção familiar, articulada
ao mercado lo cal e peça importante não só da segurança alimentar
desta população (agregada aos latifúndios ou livre em seus quilom-
bos e áreas devolutas), mas também da população urbana das vilas e
cidades circunvizinhas. Articulando os latifúndios de monoculturas
e os minifúndios de policulturas, estão as fazendas de gado com seu
caráter ultra-extensivo e/ou extrativo,esponsáveis, segundo Furtado
(1997), pelo controle e conquista de imensos territórios neste perío-
do inicial da colônia. Nos dias atuais, essa forma de exploração que
combina grande extensão de terra e monocultura para a exportação,
se atualiza com novas atividades (frutas, grãos, silviculturas, etc.) e
prepostos (novos atores).

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