Empreendedorismo público e orientação empreendedora em instituições federais de ensino

AutorSimone Freitas Araújo Lima - Cristiane Feitoza Dantas - Rivanda Meira Teixeira - Moisés Araújo Almeida
CargoMestre em Administração - Doutora em Administração - Mestre em Administração - Doutor em Administração
Páginas44-60
Simone Freitas Araújo Lima • Cristiane Feitoza Dantas • Rivanda Meira Teixeira • Moisés Araújo Almeida
R C A
Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
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RESUMO
Instituições acadêmicas públicas precisam ser orientadas à
empreender e pesquisadores consideram de fundamental im-
portância investigar a orientação empreendedora no interior
dessas instituições. Esta pesquisa teve como objetivo analisar
o nível de orientação empreendedora em duas instituições
federais de ensino no Estado de Sergipe com base nas dimen-
sões de Lumpkin e Dess (1996). Este estudo é quantitativo e o
método de pesquisa adotado foi survey. Foi realizado mediante
aplicação de questionário fechado com vinte e três assertivas,
utilizando a escala Likert de 5 pontos. As unidades de análise
foram duas instituições públicas no Estado de Sergipe: Univer-
sidade Federal de Sergipe (UFS) e Instituto Federal de Sergipe
(IFS). Para análise dos dados utilizou-se análise fatorial das
dimensões inovatividade, assunção de riscos, proatividade,
agresssividade competitiva e autonomia. Os resultados evi-
denciaram a existência de orientação empreendedora, ainda
que de forma incipiente, nas duas instituições do setor público,
apontando a necessidade de reestruturação dessas instituições.
Palavras-chave: Empreendedorismo Público; Empreendedo-
rismo Acadêmico; Orientação Empreendedora.
ABSTRACT
Public academic institutions need to be guided to entrepreneu-
ship and therefore researchers consider crucial to investigate
the entrepreneurial orientation within these institutions. This
research aimed to analyze the level of entrepreneurial orienta-
tion in federal educational institutions in the State of Sergipe
based on Lumpkin and Dess (1996) the dimensions. This study
is quantitative and the research method used was survey. It
was performed using a closed questionnaire with twenty-three
assertions, using the Likert 5-point scale. The units of analysis
were two public institutions in the State of Sergipe: Federal
University of Sergipe (UFS) and Federal Institute of Sergipe
(IFS). Data analysis used the factorial analysis of dimentions
innovativeness, risk taking, proactiveness, competitive aggres-
siveness and autonomy. The results showed the existence of
entrepreneurial orientation, although incipient, in both public
sector institutions, pointing out the need for restructuring of
these institutions.
Keywords: Public Entrepreneurship; Academic Entrepreneur-
ship; Entrepreneurial Orientation.
EMPREENDEDORISMO PÚBLICO E ORIENTAÇÃO
EMPREENDEDORA EM INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO
Public Entrepreneurship and Entrepreneurial
Orientation in Federal Education Institutions
Simone Freitas Araújo Lima
Mestre em Administração.
Universidade Federal de Sergipe. Aracaju, SE. Brasil.
e-mail: sfreitasufs2013@gmail.com
Rivanda Meira Teixeira
Doutora em Administração. Professora do Programa de
Pós Graduação em Administração (PROPADM).
Universidade Federal de Sergipe. Aracaju, SE. Brasil.
e-mail: rivandateixeira@gmail.com
Cristiane Feitoza Dantas
Mestre em Administração.
Universidade Federal de Sergipe. Aracaju, SE. Brasil.
e-mail: cristianefeitos@gmail.com
Moisés Araújo Almeida
Doutor em Administração. Professora do Programa de
Pós Graduação em Administração (PROPADM).
Universidade Federal de Sergipe. Aracaju, SE. Brasil.
e-mail: moisesaraujoalmeida@gmail.com
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Revista de Ciências da Administração • v. 20, n. 50, p. 44-6 0, Abril. 2018
DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-8077.2018 V20n50p44
Recebido em: 10/12/2016
Revisado em: 12/09/2017
Aceito em: 18/03/2018
Empreendedorismo Público e Orientação Empreendedora em Instituições Federais de Ensino
Revista de Ciências da Administração • v. 20, n. 50, p. 44-60, Abril. 2018 45
R C A
1 INTRODUÇÃO
As instituições do setor público que são, em
regra, organizações sem ns lucrativos, buscam a
satisfação do interesse público e demandam novas
congurações de gestão. As transformações eviden-
ciadas no setor público ao longo dos anos demons-
tram o aumento das expectativas de modernização
e este processo tem sido relacionado às noções com-
portamentais e gerenciais, imbuídas de conceitos e
práticas, que eram próprias e, até então, restritas à
esfera das organizações empresariais (ZAMPETAKIS;
MOUSTAKIS, 2010; FRANÇA; SARAIVA; HASHI-
MOTO, 2012).
Diante disso, o empreendedorismo público pode
ser percebido como um processo que se desenvolve
quando os indivíduos agem em busca de oportuni-
dades para criação de valor (SHANE; VENKATARA-
MAN, 2000) e valor no setor público está ligado ao
bem-estar do cidadão, reconhecendo-se que tal setor
atua com obrigações, responsabilidades e objetivos
distintos do setor privado (ZAMPETAKIS; MOUS-
TAKIS, 2010). No entanto, não se deve desprezar que
essa atuação pode reunir a combinação de recursos
públicos e privados para melhor exploração de opor-
tunidades sociais (MORRIS; JONES, 1999).
Não obstante sua relevância, ainda são pou-
cas as pesquisas sobre empreendedorismo no setor
público. Além disso, os estudos existentes são frag-
mentados e trazem exemplos esporádicos sem qual-
quer desenvolvimento ou síntese de paradigmas de
pesquisa disciplinar, traduzidos no comportamento
empreendedor do setor público (SADLER, 2000).
Autores argumentam que houve crescimento na
pesquisa sobre empreendedorismo público nos últi-
mos anos, no entanto essa produção cientíca ainda
é incipiente (SADLER, 2000; MORAIS et al., 2015).
Ademais, reconhecem que ainda não se criou corpo
teórico consolidado, visto que diversas expressões
(polissemias) com vertentes diferentes foram encon-
tradas para denominar o empreendedorismo público
(MORAIS et al., 2015; ZAMPETAKIS; MOSTAKIS,
2010; MORRIS ; JONES, 1999).
As instituições acadêmicas, sejam estas públicas
ou privadas, também são estruturas organicionais
nas quais se evidencia o fenômeno do empreende-
dorismo. O cenário econômico demanda uma rea-
dequação de seus atributos para assim potencializar
o papel de verdadeiros agentes produtivos por meio
da comercialização do conhecimento visando o de-
senvolvimento organizacional, econômico e social
(ETZKOWITZ, 1983). Nas instituições privadas o
foco empreendedor está nas parcerias estabelecidas
com o setor produtivo tendo em vista o incentivo da
comercialização da ciência. No caso das instituições
públicas, observa-se seu modelo estrutural e admi-
nistrativo podem representar um entrave para ações
empreendedoras (FERRAS et al., 2014).
A orientação empreendedora (OE) surge como
importante construto no âmbito do empreendedoris-
mo, possibilitando por meio de processos, práticas e
atividades o desenvolvimento organizacional baseado
nas tomadas de decisões estratégicas e na implanta-
ção do comportamento empreendedor (LUMPKIN;
DESS, 1996; COVIN; GREEN; SLEVIN, 2006). Nesse
contexto, o empreendedorismo é visto como um meio
de crescimento e renovação para organizações já exis-
tentes na forma do empreendedorismo corporativo,
que se refere ao processo empreendedor no nível da
organização e comportamento empreendedor no
nível do indivíduo (STEVENSON; JARILLO, 1990;
LUMPKIN; DESS, 1996; WIKLUND, 1999; FRAN-
ÇA; SARAIVA ; HASHIMOTO, 2012).
Não foram identicados estudos sobre OE vol-
tados para setor público (SADLER, 2000; MORAIS
et al., 2015). Carvalho et al. (2015) reforçam esse
argumento e destacam que a OE é um construto que
já foi utilizado no Brasil, no entanto, os estudos limi-
tam-se as organizações orientadas para o mercado.
Esta pesquisa teve como objetivo analisar o
nível de orientação empreendedora em instituições
públicas com base nas dimensões de Lumpkin e Dess
(1996). Particularmente, vericou-se como as dimen-
sões inovatividade, assunção de riscos, proatividade,
autonomia e agressividade competitiva inuenciam
no desempenho empreendedor das instituições de
ensino públicas. Foram utilizadas neste estudo as
assertivas adaptadas do estudo de Martens e Freitas
(2013) sobre orientação empreendedora, as quais
foram utilizadas no Brasil para mensurar o nível de
OE em empresas privadas.

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