Elementos de Filosofia Moral', De James Rachels E Stuart Rachels
Autor | Elsa Cristine Bevian |
Cargo | Doutora em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil |
Páginas | 239-244 |
http://dx.doi.org/10.5007/1807-1384.2016v13n3p239
R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.13, n.3, p.239-244 Set.-Dez. 2016
RESENHA – REVIEW – RESEÑA
“ELEMENTOS DE FILOSOFIA MORAL”,
DE JAMES RACHELS E STUART RACHELS
RACHELS, James & RACHELS, Stuart. Os elementos da filosofia moral. Trad.
portuguesa e revisão técnica: Delamar J. V. Dutra. 7.ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
Os Elementos da Filosofia Moral, de James Rachels e Stuart Rachels, é,
sem dúvida, um livro formativo, esclarecedor, simples em suas formulações e ao
mesmo tempo instigante. Também por isso já mereceu bom número de edições em
sua tradução portuguesa. Os autores iniciam, na obra, discutindo o conceito de
moralidade, e para isso optam por “uma concepção mínima de moralidade, que toda
teoria moral deve aceitar, ao menos, como ponto de partida". Citam casos reais
difíceis, que geraram polêmicas e sentimentos fortes e que são, segundo os autores,
um sinal de seriedade moral e devem ser admirados. Porém, fazem um alerta
preocupante: “infelizmente, porém, nós não podemos confiar em nossos
sentimentos, não importando o quão fortes eles possam ser.” (RACHELS &
RACHELS, 2013, p. 22)
Entendemos preocupante esta afirmação, uma sentença condenando
nossas emoções a alegorias irracionais, e por isso ela merece discussão. Os
autores tentam explicá-la, da seguinte maneira:
nossos sentimentos podem ser irracionais: eles podem ser nada mais do
que produtos do prejuízo, egoísmo ou condicionamento cultural. Em um
momento, por exemplo, os sentimentos das pessoas lhes disseram que os
membros de outras raças eram inferiores e que a escravidão era o plano de
Deus. Ademais, os sentimentos das pessoas podem ser muito diferentes
(RACHELS & RACHELS, 2013, p. 23).
Poderíamos afirmar que o que move a vida são os sentimentos, ponderados
pela razão. Se o que move a moral são valores sociais e o que move a ética são
valores sociais e individuais, como os autores podem fazer esta afirmação? Até Kant
admite que a razão pode ceder, cativada por uma inclinação, que ele conceitua
como “apetite sensível”, e apesar de condenar as paixões, entende que a paixão é
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