Elementos da Cultura de Inovação do Ambiente Interno que contribuem para adoção de estratégias de ecoinovação para competitividade: análise de empresas industriais do setor da construção

AutorMarize Helena da Rosa Vendler, Marlete Beatriz Maçaneiro
Páginas120-137
Marize Helena da Rosa Vendler Marlete Beatriz Maçaneiro
R C A
Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
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RESUMO
Este artigo analisa os elementos da cultura de inovação do
ambiente interno, que possam contribuir para a adoção de
estratégias de ecoinovação na indústria da construção, como
fator de competitividade organizacional. Trata-se de uma
pesquisa descritiva e exploratória, de abordagem qualitativa,
desenvolvida em cinco empresas, adotando-se as técnicas
de análise de conteúdo e de triangulação. Para a análise dos
dados, foram denidas as categorias: elementos da cultura de
inovação do ambiente interno “crenças e valores”; “estrutura”;
“estímulo à inovação”; “comunicação aberta”; e elementos
resultantes “estratégias de ecoinovação” e “competitividade
organizacional”. Os resultados apontam que os elementos
culturais apresentam fontes que orientam comportamentos
e estratégias ambientais e inovadoras para propósitos ecoino-
vadores, principalmente os elementos “estímulo à inovação” e
“estrutura”, os quais conduziram o surgimento de ecoinovações.
Constatou-se que os gestores das empresas entendem que
as estratégias de ecoinovação contribuem para a competiti-
vidade organizacional, uma vez que garantem a predileção
dos clientes.
Palavras-chave: Elementos da Cultura de Inovação, Estraté-
gias de Ecoinovação; Competitividade organizacional; Setor
da Construção.
ABSTRACT
This article analyzes the elements of the innovation culture of
the internal environment that can contribute to the adoption
of eco-innovation strategies in the construction industry as a
factor of organizational competitiveness. It is a descriptive and
exploratory research, with a qualitative approach, developed
in ve companies, adopting the techniques of content analysis
and triangulation. For the analysis of the data, the categories
were dened: elements of the innovation culture of the inter-
nal environment “beliefs and values”, “structure”, “stimulus to
innovation”, “open communication”; and resulting elements
“eco-innovation strategies” and “organizational competitive-
ness”. The results point out that the cultural elements present
sources that guide environmental and innovative strategies
and behaviors for eco-innovation purposes, especially the
“stimulus to innovation” and “structure” elements, which led
to the appearance of eco-innovations. It was veried that the
managers of the companies understand that the strategies
of eco-innovation contribute to the organizational competi-
tiveness, since they guarantee the predilection of the clients.
Keywords: Elements of the innovation culture; Eco-innovation
Strategies; Organizational Competitiveness; Construction
Sector.
ELEMENTOS DA CULTURA DE INOVAÇÃO DO AMBIENTE INTERNO QUE CONTRIBUEM
PARA ADOÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE ECOINOVAÇÃO PARA COMPETITIVIDADE:
ANÁLISE DE EMPRESAS INDUSTRIAIS DO SETOR DA CONSTRUÇÃO
Elements of the Internal Environment Innovation Culture that contribute
to the adoption of eco-innovation strategies for competitiveness:
analysis of industrial companies in the construction sector
Marize Helena da Rosa Vendler
Mestre em Administração. Universidade Estadual do Centro-Oeste
(Unicentro). Guarapuava-PR, Brasil. Guarapuava (PR), Brasil.
e-mail: marize00@gmail.com
Marlete Beatriz Maçaneiro
Professora do Programa de Pós-Graduação em Administração.
Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).
Guarapuava (PR), Brasil. e-mail: marlete.beatriz@yahoo.com.br
DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-8077.2018 V20n51p120
Recebido em: 23/05/2017
Revisado em: 10/07/2018
Aceito em: 17/07/2018
Elementos da Cultura de Inovação do Ambiente Interno que contribuem para adoção de estratégias
de ecoinovação para competitividade: análise de empresas industriais do setor da construção
Revista de Ciências da Administração • v. 20, n. 51, p. 120-137, Novembro. 2018 121
R C A
1 INTRODUÇÃO
O interesse empresarial sobre a capacidade de
inovar de forma sustentável atribui potencial relação
com a competitividade organizacional, devido ao
fato de possibilitar às empresas manterem-se sempre
à frente da concorrência (GHISETTI; PONTONI,
2015). As organizações, nesse sentido, são orientadas
para atender essa capacidade por meio da estratégia
que, referente ao meio ambiente, pode ser constituí-
da por programas de inovação com foco na gestão
ambiental.
Esse foco possibilita a concepção de ecoinovação
que é dena por Reid e Miedzinski (2008) como a
criação de novos e competitivos esforços de produ-
tos, processos, sistemas, serviços e procedimentos,
concebidos para satisfazer às necessidades humanas
e proporcionar melhor qualidade de vida para todos,
com utilização mínima do ciclo de vida de recursos
naturais. Isso implica a estratégia da ecoinovação
de propiciar benefícios referentes aos negócios, de
otimização de recursos, de redução de custos, de
incremento de produtividade e de competitividade.
Deste modo, cabe destacar a relevância de anali-
sar elementos que possibilitam a adoção de estratégias
de ecoinovação nas organizações. Esses têm, na cul-
tura organizacional, um fator de estímulo e fortaleci-
mento (GOMES; MACHADO; ALEGRE, 2015) por
inuenciar o comportamento inovador dos membros
da organização com o propósito de criar e sustentar
vantagem competitiva (NARANJO-VALENCIA;
CALDERÓN-HERNÁNDEZ, 2015). Assim, alguns
determinantes da cultura organizacional associados
à inovação, que estabelecem a cultura de inovação,
são fundamentais para alcançar a competitividade, a
qual pode ser concebida por meio de estratégias de
ecoinovação bem sucedidas.
Na literatura, os estudos relacionados à cultura
de inovação e ecoinovação têm efeitos sobre o de-
sempenho ambiental e econômico, a m de obter a
competitividade, conforme abordam autores como
Machado, 2004; Cheng, Yang e Sheu, 2014; Gomes,
Machado e Alegre, 2015 e Levidow et al., (2016). No
entanto, existe uma lacuna teórica com pouca evi-
dência empírica que relacione a cultura de inovação
e a ecoinovação. Sobre esse tema foram encontrados
estudos, tais como o de Sanches (2015), que analisa
a inuência da cultura de inovação na ecoinovação
em empresas da indústria têxtil; Hojnik e Ruzzier
(2016), que estuda as forças motrizes da ecoinovação
de processos, e as contribuições de Tamayo-Orbegozo
et al., (2017), que apresentam um modelo estratégico
de ecoinovação.
Dessa forma, o artigo vem contribuir para o
preenchimento desta lacuna, uma vez que apresenta
uma abordagem que interfere na interação dos temas
cultura de inovação e ecoinovação. Sob essa perspec-
tiva, os resultados do estudo podem ser utilizados
para direcionar o desenvolvimento de estratégias ou
práticas condizentes com o apoio à ecoinovação, por
meio de elementos internos da cultura de inovação,
que visem atender as demandas ambientais e econô-
micas da organização favoráveis à sustentabilidade e
à conservação da competitividade.
Nessa conjuntura, a questão que norteia a dis-
cussão deste estudo é: como os elementos internos
da cultura de inovação podem contribuir para a
adoção de estratégias de ecoinovação, em indústrias
da construção e sua competitividade? Para analisar
esse questionamento, deniu-se como objetivo do
estudo: analisar os elementos da cultura de inovação
do ambiente interno, que possam contribuir para
a adoção de estratégias de ecoinovação na indús-
tria da construção, como fator de competitividade
organizacional.
A escolha de realizar o estudo no setor da cons-
trução deve-se a sua grande relevância estratégica
por fomentar a atividade econômica, em razão de
fatores como a quantidade de recursos que são movi-
mentados, a vasta cadeia de fornecedores e a geração
de mão de obra (OLIVEIRA, 2010). Nesse sentido, a
Associação Brasileira da Indústria de Materiais de
Construção (ABRAMAT) menciona, no seu últi-
mo relatório, que a cadeia produtiva da construção
registrou valor adicionado (PIB) de R$ 460 bilhões,
respondendo por 7,3% do PIB brasileiro de 2016, bem
como em toda a cadeia da construção 11,6 milhões de
ocupados geraram R$ 200,8 bilhões em remunerações
(ABRAMAT, 2017). Além disso, esse setor consome
matérias-primas em excesso e gera impactos ao meio
ambiente (LOVATO et al., 2012), o que pode conduzir
a adoção de estratégias de ecoinovação.
Diante destas considerações, este estudo se
justica pela constatação de que as estratégias ecoino-

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