Domínio absoluto
Autor | Wladimir Novaes Martinez |
Ocupação do Autor | Advogado especialista em Direito Previdenciário |
Páginas | 54-55 |
Page 54
"L’État c’est moi" - airmou Luiz XIV - o Rei Sol.
Estado absoluto é aquele em que o governo exercita poderes totais; vale dizer, impõe deletéria supremacia política sobre cidadãos, sem conhecer limites.
Não existe delegação popular nem uma Lei Suprema a ser respeitada, centra-se nas mãos de um único líder, geralmente circunvizinho de um grupelho oligárquico de vorazes interessados em se locupletar.
Em imensos territórios ou populações será difícil essa concentração de poder ser possível; o monopólio do governo é compartilhado política, geográica e hierarquicamente com os membros apaniguados de alguma coniança, escolhidos a dedo pelo líder máximo.
A história contempla os inúmeros casos, o século XX foi pródigo neles, apontando-se essa centralização do mando. Por vezes, em razão de inesperados sucessos econômicos, geopolíticos, ou sociais essas experiências são sopesadas pelos vários observadores com algum otimismo.
Claro que tal força exacerbada produzirá efeitos inesperados em determinadas hipóteses. Julgado desprovido de senso, mercê da pobreza intelectual, o cidadão às vezes pensa em aceitá-la.
Por motivos econômicos ou políticos, quando lhes convêm, várias grandes potências costumam apadrinhar monarquias absolutistas.
O governo unitário politicamente, pela sua própria natureza e a necessidade de sustentação (vez que, em si mesma, é irreconhecível como solução para convivência social), no núcleo duro do autoritarismo, presencia-se o enorme poder eicaz dessa força. No comum dos casos, militar.
Normalmente, depois de algum tempo, ao assumir o domínio enfático dos cidadãos, esse mandatário do desgoverno comete desmandos e atrocidades inconcebíveis.
Na rara hipótese de ter às costas ideologia útil, infelicita o povo; o poder sobe-lhe à cabeça e ele se julga semideus. Num passado remoto, ele é o próprio Deus.
Não é para menos. Os áulicos, seguidores e os partidários que o circundam se veem forçados a tentar endeusá-lo com medo de perecerem.
Bajuladores e circunvizinhos respondem por boa parte do fato de muitos ditadores perderem o equilíbrio e agirem como agem, com grande poder despótico.
O ditador é um ser hermafrodita: amado e odiado. O...
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