Direitos humanos e teologia politica, o olhar de Boaventura Santos.

AutorSantos, Ailton da Silva
CargoResena de libro

SANTOS, Boaventura de Sousa. Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos. 1a. ed. Sao Paulo: Cortez. 2013.

Tendo em vista o contexto que vivemos no Brasil por conta das eleicoes e a crescente presenca da bancada evangelica nos processos de decisao politica, o livro de Boaventura de Sousa Santos parece ter sido feito para refletir sobre ele.

O proprio titulo do livro--"Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos"--, e provocativo para esta reflexao. Trazer o "divino" para o campo dos humanos, lutando em sua defesa, e, no minimo, inesperado. Entretanto, o autor justifica sua escolha: "o meu proposito ao escrever este livro e dar conta destas subjetividades e destas lutas para as fortalecer e, afinal, tambem para dar sentido as minhas vivencias com umas e outras." (p. 13). As subjetividades as quais se refere dizem respeito ao abandono do "pensamento critico ocidental e a acao politica que dele decorre". Assim como, a combinacao "criativa e apaixonada [...] com referencias transcendentes ou espirituais", nas suas lutas materiais e terrenas.

O seu livro esta organizado seguindo o itinerario logico-discursivo do autor. Por isso, ele pretende identificar a fragilidade dos direitos humanos enquanto gramatica de dignidade humana e perceber os desafios que a emergencia das teologias politicas lhes coloca no inicio do seculo XXI. Ele comeca fazendo distincoes entre os diferentes tipos de teologias politicas (pluralista, fundamentalista, tradicionalista, progressista) e tambem sobre os diferentes discursos e praticas que emergem delas (hegemonico versus contra-hegemonico). O autor finaliza seu livro "advogando que as teologias pluralistas e progressivas podem ser uma fonte de energia radical para as lutas contra hegemonicas dos direitos humanos." (p. 12).

A reflexao sobre os direitos humanos e apresentada como introducao quando o autor afirma que, apesar de serem reconhecidos como tendo uma hegemonia incontestavel como gramatica que se refere a dignidade humana, ainda vivemos em um mundo onde a maioria da populacao nao e "sujeito de direitos humanos". Aqui, ele distingue quatros ilusoes que "constituem o senso comum dos direitos humanos": a teleologia, o triunfalismo, a descontextualizacao e o monolitismo. O autor adverte que essas ilusoes se relacionam com o consenso de que existiu um "caminho linear de consagracao dos direitos humanos como principios reguladores de uma sociedade justa."

Boaventura segue discorrendo acerca das caracteristicas e problemas determinados por cada "ilusao", mas assume debrucar-se mais detalhadamente sobre o monolitismo, por ser este o...

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