Análise dos determinantes institucionais e regionais do investimento direto externo das pequenas e médias empresas: um estudo do caso da região sul do brasil
Autor | Mohamed Amal - Fernando Seabra - Ricardo Sugai |
Cargo | Professor da FURB - Universidade de Blumenau - Professor da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina. - Estudante de Economia da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina |
Páginas | 39-67 |
ANÁLISE DOS DETERMINANTES INSTITUCIONAIS E
REGIONAIS DO INVESTIMENTO DIRETO EXTERNO DAS
PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS: UM ESTUDO DO
CASO DA REGIÃO SUL DO BRASIL
Mohamed Amal1
Fernando Seabra2
Ricardo Sugai3
Resumo
Este estudo tem como objetivo avaliar a importância de fatores sócio-cultu-
rais e institucionais de âmbito regional sobre o investimento direto externo
(IDE) na Região Sul do Brasil. A metodologia adotada foi a estimação de
um modelo econométrico de corte transversal com base em informações
obtidas de uma pesquisa de campo junto a empresas multinacionais (EMN)
da região. Os resultados da estimação do modelo indicam que o IDE está
diretamente associado com o nível de índice de desenvolvimento humano
(IDH) local, o grau de concentração industrial da região e o valor do salário
pago pela empresa. Conclui-se, com base nas informações da amostra e na
estimação dos determinantes do IDE, que variáveis de natureza sócio-cul-
turais são relevantes na atração de EMN para a região sul do país.
Palavras-chave: Investimento Direto Externo, Instituições, Empresas
Multinacionais
Classificação JEL: C21; O15
1 Professor da FURB – Universidade de Blumenau. e-mail: amal@furb.br
2 Professor da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina. e-mail: seabra@cse.ufsc.br
3 Estudante de Economia da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina. e-mail: ricardo.sugai@gmail.com
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Mohamed Amal • Fernando Seabra • Ricardo Sugai
Textos de Economia, Florianópolis, v.10, n.1, p.39-67, jan./jun.2007
1. INTRODUÇÃO
O padrão de localização e a natureza das atividades de Empresas Multi-
nacionais (EMNs) nestas localidades revelam certas características que não
foram sistematicamente avaliadas pelas teorias tradicionais de Negócios
Internacionais. Em algumas indústrias, notadamente, as que são intensivas
em conhecimento e tecnologia caracterizadas pelas rápidas mudanças tec-
nológicas, as EMNs tendem a concentrar as suas atividades em um pequeno
número de localidades dentro do mesmo país (UNCTAD, 2001; NACHUM
e KEEBLE, 2000), e, principalmente, próximas às empresas locais. A obser-
vação do fenômeno sugere que as atividades destas EMNs, especialmente as
de pequeno e médio porte, são fortemente relacionadas às empresas organi-
zadas localmente na forma de aglomeração. O que permite sugerir, que esta
estratégia de localização é baseada no potencial de vantagens decorrentes
da proximidade de outras empresas, e que, a formação de um cluster deve
representar um fator importante na definição do grau de atração das locali-
dades em termos de captação de novos projetos de investimento.
Desde os trabalhos de Alfred Marshall (1890), as vantagens geográficas
decorrentes da proximidade das empresas entre si foram amplamente men-
cionadas pela literatura econômica. Tais vantagens resultam do incremento
do grau de especialização, dos benefícios da produção industrial de alta
escala e da inovação técnica e organizacional que estão acima do alcance
de qualquer firma individual. A contribuição de Marshall sobre as vantagens
coletivas obtidas por empresas localizadas de maneira próxima fornece o
fundamento para a teoria da “clusterização” geográfica das empresas. Os
estudos nesta área mostraram que as relações inter-empresariais, instituições
e infra-estrutura dentro de uma área geográfica limitada podem originar
várias formas de externalidades localizadas que são externas às empresas
individuais, mas internas ao cluster, e que são necessárias para o desempenho
competitivo das empresas que fazem parte.
As atividades econômicas sempre tiveram uma tendência a se organizar
geograficamente na forma de cluster. Empresas estão sendo atraídas por
localidades onde outras empresas estão localizadas para se beneficiar das
vantagens de economias externas (externalidades) já existentes, tais como
mercados, fatores de produção, habilidades especializadas e fornecedores,
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