Da morte do corpo político

AutorJean-Jacques Rousseau
Páginas149-150

Page 149

Tal é o pendor natural e inevitável dos governos melhor constituídos. Se Esparta e Roma pereceram, qual o Estado que pode esperar durar para sempre? Se quisermos formar um estabelecimento duradouro, não pensemos jamais fazê-lo eterno. Para consegui-lo não é necessário tentar o impossível, nem louvar-se por dar à obra dos homens uma solidez que as coisas humanas não comportem.

O corpo político, tanto quanto o corpo do homem, começa a morrer desde seu nascimento e tem em si as causas da própria destruição. Mas um e outro podem ter constituição mais ou menos robusta e capaz de conservá-los por mais ou menos tempo. A constituição do homem é trabalho da Natureza, a do Estado é obra de arte. Não depende dos homens prolongar a própria vida, deles depende prolongar a do Estado por tanto tempo quanto seja possível, dando-lhe a melhor constituição que possa haver. O melhor organizado perecerá, muito mais tarde que outro, se algum acidente imprevisto não provocar sua perda antes do tempo.

Page 150

O princípio da vida política está na autoridade soberana. O Poder Legislativo é o coração do Estado, o Poder Executivo é seu cérebro, o qual movimenta todas as partes. O cérebro pode ficar paralisado e o indivíduo ainda viver: mas logo que o coração tenha cessado suas funções, o animal perece.

Não é absolutamente pelas leis que o Estado subsiste, mas pelo Poder...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT