De barrado na porta a cidadão honorário soteropolitano

AutorPe. Ronaldo Colavecchio, SJ
CargoProfessor de Teologia e orientador de Exercícios Espirituais
Páginas371-373
Cadernos do CEAS, Salvador/Recife, n. 244 - Especial Claudio Perani, p. 371-373, 2018 | ISSN 2447-861X |
doi>: 10.25247/2447-861X.2018.n244.p371-373
DE BARRADO NA PORTA A CIDADÃO HONORÁRIO
SOTEROPOLITANO
Nos anos da repressão da ditadura militar, a coragem e o discernimento do Pe.
Cláudio inspirava a equipe de CEAS e seus simpatizantes nas regiões do Nordeste e do Brasil
fora a criticar as arbitrariedades do regime militar e a refletir com liberdade singular sobre
aquele momento histórico que o pais passava.
A repressão criava um ambiente de censura ao mesmo tempo em que mandava
mensagens sobre fatos ocorridos que não eram para ser noticiados. Mas Pe. Cláud io e sua
equipe sabiam julgar até onde podiam ir na publicação de matéria crítica do desenvolvimento
milagroso que não era ordenado a uma profunda transformação social e uma justa
distribuição da renda. Entre CEAS e o Governo, era um jogo fino. CEAS atuava com uma
liberdade discreta. O fechamento da obr a pelo governo ficava sempre uma possibilidade;
mas a equipe sabia que isso iria embaraçar os governantes, que anunciavam uma abertura
gradativa. Certamente pesava nesta avaliação do governo a opinião de que a revista CEAS
era obra de um grupo de intelectuais em diálogo com outros intelectuais além do alcance
do povão. Assim, o go verno tinha interesse em deixar CEAS funcionar. Com muita
coragem, a equipe usava esta equação nos seus cálculos. Prosseguia com uma liberdade que
poucos ousavam exercer na época e que refletia a liberdade interior que era caraterística de
Cláudio. Ou seja, embora muito modesto, o CEAS continuava a ser a voz de uma Igreja que
apresentava as exigências da justiça social em defesa do povo mais ex plorado. Nas décadas
da ditadura os Cadernos de CEAS se tornaram um ponto de referência para muitos Bispos e
agentes pastorais do Nordeste.
Mas não isso. Pois, o espírito de acolhimento do Pe. Cláudio fez com que a obra se
tornasse um espaço hospitaleiro, tanto nas páginas da Revista, como no salão do CEAS e,
quando for necessário, oferecia hospedagem na Comunidade de Jesuítas. Como Diretor do
CEAS, Cláudio abriu o salão a um grupo intercolegial de estudantes da rede pública, que se
reuniam cad a Domingo para confraternização e Missa, durante doze anos. Ao mesmo
tempo, com as incansáveis viagens dele e de outros membros da equipe, as iniciativas
populares eram visitadas e fortalecidas, aonde fosse que se encontravam.

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