Aformativo, greve

AutorWerner Hamacher
Rev. Direito e Práx., Rio de Janeiro, Vol. 11, N. 03, 2020, p.2102-2129.
Werner Hamacher
DOI: 10.1590/2179-8966/2020/53591| ISSN: 2179-8966
2102
Aformativo, greve
Afformativ, Streik
Werner Hamacher1
1 (1948-2017) Foi professor da Universidade de Frankfurt (Alemanha) e da Universidade
Johns Hopkins (Estados Unidos).
Publicação original
HAMACHER, Werner. “Afformativ, Streik”. In: Was heiβt ’Darstellen’? (Org. Christiaan
Hart Nibrig). Frankfurt: Suhrkamp, 1994, p. 340-371.
Tradução
Andreja Bole Maia, Universidade de São Paulo, São Paulo, São Paulo, B rasil. E-mail:
bole.andreja@gmail.com
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Rev. Direito e Práx., Rio de Janeiro, Vol. 11, N. 03, 2020, p.2102-2129.
Werner Hamacher
DOI: 10.1590/2179-8966/2020/53591| ISSN: 2179-8966
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Para Jean-Luc Nancy
O ensaio Zur Kritik der Gewalt (“Crítica da Violência Crítica do Poder”)1 de Walter
Benjamin delineia uma política de mediaticidade pura.2 Benjamin entende os meios desta
política como meios puros, que não servem de meios para fins situados além da esfera
de mediaticidade. Tais fins poderiam ser ambíguos: eles teriam a pretensão de não ser
atingidos por e até ser su periores à esfera de meios, quando, na verdade, se riam
instituições 3 da esfera de meios, cuja própria mediaticidade é camuflada mediante
isolamento. Por outro lado, os meios que p odem ser chamados puros não têm o caráter
de instituições pelo menos não o de institucionalizações do direito [Rechtsetzungen] ou
o de esboços de interações compulsórias, segundo as q uais os membros da sociedade
deveriam se orientar. Uma política e o poder com ela c orrespondente pode ser
chamada pura, caso manifeste a forma de justiça, não misturada com interesses de
conservação ou programação de formas de viver, não misturada com instituições jurídicas
positivas [positive Rechtsinstitute]. Enquanto tudo o que é direito deve apoiar-se no poder
instituinte do direito e, além disso, em todo poder mantenedor ou administrador do
1 Werner Hamacher desenvolve o pensamento deste ensaio em referência constante a Walter Benjamin, cujo
texto “Zur Kritik der Gewalt” em Gesammelte Schriften, v. II 1., organizado por Rolf Tiedemann e Hermann
Schweppenhäuser, Frankfurt am Main 1977 foi traduzido por Willi Bolle para o português e serve de base
para as passagens, nas quais Hamacher cita Benjamin. Além disso, Willi Bolle oferece uma tradução perspicaz
do termo Gewalt que, dependendo do contexto, oscila entre poder e violência ou, marcando com um
asterisco, sugere que os dois significados são possíveis. A presente tradução de Hamacher segue esta lógica.
Ao fazer referência ao ensaio “Zur Kritik der Gewalt”, ela se baseia em Benjamin, Walter. “Crítica da Violência
Crítica do Poder” (trad. por Willi Bolle). In: Benjamin, Walter. Documentos de cultura, documentos de
barbárie: escritos escolhidos/ seleção e apresentação Wi lli Bolle. Tradução Celeste H.M. Ribeiro de Sousa et
al. São Paulo: Culturix Editora da Universidade de São Paulo, 1986, pp. 160175. Quando Hamacher não se
referir ao ensaio “Zur Kritik der Gewalt”, esta tradução segue as citações dele. Na nota de rodapé 2 do seu
texto em alemão, Hamacher explica (N.T.): O número romano e o primeiro número árabe remetem para o
volume e o segundo nú mero árabe remete para o númer o de página. Quando aparece apenas um número,
ele marca a página.
2 As reflexões que seguem são compostas de seções da terceira parte de um texto maior “S tonehand, This
Souverain, Strike” que foi apresentado pela primeira vez e ao convite de Reiner Schürmann no Hannah
Arendt Memorial Colloquium, na New School for Social Research, em Nova Iorque, em 18 de outubro de 1989.
Para a palestra na conferência On the Necessity of Violence for every Possibility of Justice da Cardozo Law
School realizada em de outubro de 1990, estas seções foram parcialmente expandidas e parcialmente
condensadas. Desde então, estas seções foram adaptadas mais uma vez para publicação, mas como aparece
aqui, este texto ainda é um fragmento em elaboração.
3 Neste contexto, a tradução mais adequada para o substantivo Setzung parece instituição que, por sua vez,
também é a tradução para Institution no sentido de “organização, estabelecimento” e para Institut, sobretudo
na forma de Rechtsinstitut, isto é, instituição j urídica. A seguir, essas últimas acepções serão devidamente
marcadas com a palavra em or iginal entre parênteses. Isto se torna crucial nas pass agens com mais de uma
acepção da palavra Setzung. (N.T.)

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