ZIZEK, Slavoj. Violência: seis reflexões laterais. Tradução de Miguel Serras Pereira. São Paulo: Boitempo, 2014. 195 p.

AutorMary Ferreira
CargoProfessora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Páginas212-215
539
R
. Pol. Públ.,
S
ão Luís, v. 18, n. 2, p. 539-542, jul.
/
dez. 2014
RE
S
ENHA
-
ŽIŽEK, Slavoj. Viol
ê
ncia
:
seis reflexões
laterais. Tradução de Miguel Serras Pereira. São
Paulo: Boitem
p
o, 20
1
4.
1
95
p.
Mar
y
Ferreira
Professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA
)
A
o ser
l
ança
d
o
no Brasil em abril de
14 o livro Viol
ncia:
seis reflexões laterais de
Slavo
j
Ži
ž
e
k promoveu
i
ntensos
d
e
b
ates e
p
rovocou
p
olêmicas e
re
f
lexões
,
f
ato também
nota
d
o em prat
i
camente
t
odos os pa
í
ses em que
o livro
f
oi lançado.
O
título
p
or si só chama aten
ç
ão pelo sentido direto, seco,
i
ntenso, embora tenha um subt
í
tulo que amenize o
p
eso ou crueza do t
í
tulo. Aparentemente era o que
o autor se propunha neste ensaio em que mani
f
esta
sua crítica à sociedade
p
ós-moderna, a
p
artir de um
olhar cuidadoso sobre v
á
rios epis
ó
dios que marcaram
p
rofundamente a humanidade.
S
uas re
f
erências centrad as no
p
ensamento de Karl Marx e Jacques Lacan denotam
uma visão de mundo in
q
uieta, inconform ada, radical
e con testadora a partir da qual dialo ga com v
á
rios
campos do sabe r como a
f
iloso
f
ia, a sociolog ia, a
p
olítica, a arte e, em es
p
ecial, o cinema
p
ara criticar
de forma di reta o capitalismo, a globalização, a
r
eli
g
ião, os comunistas liberais qu e par
a
Ž
i
ž
e
k
(
p.
42
)
são considerados hoje “[...] o inimigo com que se
defronta qualquer ti po de lu ta progressista .” - e os
fundamentali stas cristãos ou mu
ç
ulmanos, q ue são
p
ara o autor “[...] uma desgraça pa ra o ve rdadeiro
fundamentali sta.”
(
p. 77
)
.
Organizando a obra em seis capítulos,
o autor nos leva a imergir nas diversas formas de
violência e nos esclarece
q
ue essa violência é ocultada
p
elo sistema político e econômico. Considera que a
luta contra o
s
fundamentali
s
mo
s
é também a luta
do WikiLeaks e de
S
nowden, que se aliam às lutas
contra o antissemitismo, todas são parte da busca
dos homens e mulheres
p
or uma sociedade sem
violência,
f
undamentada em princípios de liberdade,
igualdade e respeito ao outro.
N
a introdução
,
Ž
i
ž
ek esclarece o
sentido da violência, a partir de três concepções: a
violência subjetiva, aquela
v
isível exercida por um
agente claramente identiÞ cável
q
ue nos intimida e
l
a
medronta, pois é perpetrada pelos indivíduos de
f
o
rm
a
d
ir
e
t
a
. A vi
o
l
ê
n
c
i
a
objetiva
,
que é invisível
porque est
á
sustentada em uma “[...] normalidade
d
o n
í
vel zero contra a qual percebemos al
g
o como
subjetivamente violento.”
(
p. 18
)
aquela que se
insinua e cria um ambiente de viol
ê
ncia que est
á
lat
e
nte, i mpercept
í
vel, m as que se exprim e em
a
tos racis tas
,
atitudes m achistas e homof óbicas
e
t antas ou tras
f
ormas de e xpressão que, m uitas
vezes, são natur a
li
za
d
as e
p
assam
d
es
p
erce
bid
as.
O
out ro sentid o de vi olência a
p
resentado
p
elo
au
t
o
r
é
a
v
i
o
l
ê
n
c
i
a
s
i
s
t
ê
mi
ca
,
aquela que nasce
d
os e
f
eitos catastr ó
f
icos dos sistemas
p
olític os e
e
con ômicos que se
f
und amenta m na in
j
ust iça
e
nas desi
g
ual dades per
f
eit amente vi sível
na so cieda de b rasile ira
q
ue durante s
é
cul os
e
st
i
gmat
i
zou a ma
i
or parte
d
a popu
l
açã o,
pri ncipal mente das re giões mai s e mpobre cidas
e
que , em tem pos de elei ções, são
a
t
acados
p
ela eli te b rasile ira tradu zindo os tr
ê
s senti dos
d
e v iolênc ia a
p
res entado s
p
or
Ž
i
ž
e
k.
O
s seis ca
p
ítulos do livro a
p
resentados
p
or Ži
ž
e
k lan
ç
am luzes para que aprofundemos
a
s diversas dimensões da viol
ê
ncia e como esses
trê
s
s
entido
s
s
e imbricam na análi
s
e do fenômeno.
No primeiro cap
í
tulo, Ada
g
io ma non troppo e molto
e
xpressivo, ele nos chama a aten
ç
ão que opor-se
a
toda
s
a
s
forma
s
de violência - da fí
s
ica e direta
(
extermínio em massa, terror
)
à violência ideoló
g
ica
(
racismos, incitação ao ódio, discriminação racial
)
parece ser ho
j
e a maior preocupação da atitude
liberal,
p
orém não se
p
ode
p
erder de vista
q
ue as
três formas de violência são reflexo do ca
p
italismo
d
efendido intransi
g
entemente pelos mesmos liberais
que aparentemente se opõem àviolência. Parece

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT