Walter Benjamin: um contemporâneo de seu próprio tempo

AutorJohanna Gondar Hildenbrand - Francisco Ramos de Farias
CargoDoutoranda no Programa de Pós-graduação em Memória Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Mestre em Memória Social pela mesma Universidade. E-mail: johanna_gondar@hotmail.com. - Doutor em Psicologia pela Fundação Getúlio Vargas. Professor adjunto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro do Departamento de ...
Páginas127-142
R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.16, n.2, p.127-142 Mai-Ago 2019
ISSN 1807-1384 : https://doi.org/10.5007/1807-1384.2019v16n2p127
Artigo recebido em: 14.12.2018 Revisado em 23.04.2019 Aceito em: 28.04.2019
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.
WALTER BENJAMIN: UM CONTEMPORÂNEO DE SEU PRÓPRIO TEMPO
Johanna Gondar Hildenbrand1
Francisco Ramos de Farias2
Resumo:
Neste artigo pretendemos discutir a contemporaneidade de Benjamin em relação ao
seu próprio tempo e ao nosso. Primeiro vamos definir o que Agamben está
chamando de contemporâneo para, em seguida, entender por que Walter Benjamin
pode assim ser caracterizado a partir de seus escritos sobre a Modernidade e,
principalmente, sobre a imagem cinematográfica na Modernidade. Finalmente
iremos contrapor as ideias de Benjamin às de Theodor W. Adorno para pensarmos a
possibilidade de aproveitar os efeitos do choque considerando que choque e
trauma são noções chave para entendermos o funcionamento das sociedades atuais
em nosso benefício. Queremos aqui destacar a sensibilidade do exercício crítico
de Benjamin e sua notável capacidade de compreender transformações subjetivas
durante diferentes épocas, de prognosticar dilemas e de propor abordagens
consistentes e atuais, como se constata em análises contemporâneas sobre mídia, o
corpo, a arte, a política cultural e, principalmente, o cinema.
Palavras-chave: Subjetividade. Modernidade. Memória. Trauma. Cinema.
WALTER BENJAMIN: A CONTEMPORARY OF HIS OWN TIME
Abstract:
In this article, we intend to discuss the contemporaneity of Walter Benjamin in
relation to his own time and ours. First, we define what Agamben is calling
contemporary. Then, we understand why Benjamin can thus be characterized as
such by his writings on Modernity and especially on the cinematographic image in
Modernity. Finally, we will contrast Benjamin's ideas with those of Theodor W.
Adorno in order to think about the possibility of taking advantage of the effects of
shock to our benefit - considering that shock and trauma are key notions for
understanding the functioning of today's societies. Here we want to highlight the
sensitivity of Benjamin's critical exercise and his remarkable ability to understand
subjective transformations during different times, to predict dilemmas, and to propose
consistent and current approaches, as seen in contemporary analyses of media,
body, art, cultural politics and, above all, as already mentioned, the cinema.
Keywords: Subjectivity. Modernity. Memory. Trauma. Cinema.
1 Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Memória Social pela Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro. Mestre em Memória Social pela mesma Universidade. E-mail:
johanna_gondar@hotmail.com
2 Doutor em Psicologia pela Fundação Getúlio Vargas. Professor adjunto da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro do Departam ento de Fundamentos da Educação e do Programa de Pós -
Graduação em Memória Social. E-mail: frfarias@uol.com.br
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WALTER BENJAMIN: UN CONTEMPORÁNEO DE SU PROPIO TIEMPO
Resumen:
En este artículo pretendemos discutir la contemporaneidad de Benjamin en relación
a su propio tiempo y al nuestro. En primer lugar, definir lo que Agamben está
llamando contemporáneo para luego entender por qWalter Benjamin puede así
ser caracterizado a partir de sus escritos sobre la Modernidad y, sobre todo, sobre la
imagen cinematográfica en la Modernidad. Finalmente vamos a contraponer las
ideas de Benjamín a las de Theodor W. Adorno para pensar en la posibilidad de
aprovechar los efectos del choque - considerando que choque y trauma son
nociones clave para entender el funcionamiento de las sociedades actuales - en
nuestro beneficio. Queremos destacar aquí la sensibilidad del ejercicio crítico de
Benjamin y su notable capacidad de comprender transformaciones subjetivas
durante diferentes épocas, de pronosticar dilemas y de plantear enfoques
consistentes y actuales, como se constata en análisis contemporáneos sobre
medios, el cuerpo, el arte, la política cultural y, principalmente, el cine.
Palabras clave: Subjetividad. Modernidad. Memoria. Trauma. Cine.
1 APRESENTAÇÃO
Walter Benjamin (1892-1940), filósofo, ensaísta, crítico literário, tradutor
alemão, foi um dos mais importantes pensadores do século XX. É um dos autores
mais lidos da atualidade, sendo mais estudado hoje, no século XXI, do que na época
em que viveu. Sua produção intelectual é importante para diversas áreas do
pensamento contemporâneo, principalmente seus estudos sobre arte, sociedade,
mito, linguagem, filosofia e suas reflexões sobre literatura. Benjamin abordou seus
temas a partir de diversos ângulos, muitas vezes, indagando o caminho trilhado pela
linguagem filosófica tradicional, introduzindo, então, aquilo que antes não cabia no
conceito. Sendo assim, seu estilo ensaístico se vale de procedimentos que o
aproxima tanto da literatura quanto da poesia.
Filho de pais judeus, Benjamin concebeu grande parte de seus escritos na
República de Weimar, em um período marcado pelo caos do pós-guerra (1919
1933). Nesta época a República de Weimar era marcada por suas relações entre a
literatura e a política. Durante essa crise, caracterizada economicamente pelo
crescimento desenfreado da inflação e politicamente pela expansão da ideologia
fascista, a associação entre o entusiasmo vanguardista e um forte espírito partidário,
alimenta uma produção intelectual que reúne engajamento político e a
experimentação estética por parte de escritores e críticos.

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