Vítimas do Juridiquês

AutorEduardo Mercer
CargoAdvogado
Páginas260-262

Page 260

Existe uma corrente de operadores do direito e um desejo da sociedade a favor da simplificação da linguagem jurídica. Diante disso, parece que o bom e velhíssimo latinório está saindo de moda, bem como os preciosismos e arcaísmos.

Mesmo assim, por mais que se facilite, o direito – como você bem sabe, caro colega – é feito de termos técnicos. E aí está o busílis, com o perdão pelo arcaísmo.

Certo dia apareceu no escritório uma cliente que eu representava em uma execução de alimentos.

Ela levou junto uma amiga que precisava tirar uma dúvida. Contou-me essa amiga que o pai tinha falecido há alguns anos, havia sido feito o inventário mas a mãe dela não queria lhe mostrar o “formal” de partilha.

Por um instante achei que ouvira algo estranho, obra da minha tresloucada imaginação, mas prossegui atento ao queixume da jovem senhora. Ao final, ela perguntou se tinha como eu conseguir uma cópia do “formol” de partilha.

Respondi que sim, sem problemas, bastava assinar uma procuração e eu iria ao IML, ops, ao Fórum da Família.

Minha cliente, por sua vez, resolveu contar que na única audiência da qual participou ela chamou o juiz de majestade, em vez de excelência. E percebeu que este fez esforço pra não rir. Mas nem todos têm tanta imaginação. Os equívocos mais comuns, ao menos na área cível, são “usos e frutos”, no lugar de usufruto, e “uso campeão”, no lugar de... você sabe.

Vale admitir que esses erros não são exclusivos dos leigos. Há muitos...

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