Uma viagem interdisciplinar ao lado oculto da problemática ambiental na modernidade

AutorHéctor Ricardo Leis
CargoDoutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; Professor Associado de Ciência Política na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Páginas19-44
DOI: 10.5007/1807-1384.2010v7n2p19
UMA VIAGEM INTERDISCIPLINAR AO LADO OCULTO DA PROBLEMÁTICA
AMBIENTAL NA MODERNIDADE
1
AN INTERDISCIPLINARY TOUR TO THE HIDDEN SIDE OF THE ENVIRONMENTAL
PROBLEMS IN THE MODERNITY
UN VIAJE INTERDISCIPLINAR AL LADO OCULTO DE LA PROBLEMÁTICA
AMBIENTAL EN LA MODERNIDAD
Héctor Ricardo Leis
2
RESUMO:
A governança dos problemas ambientais contemporâneos implica levar em conta não
apenas a dimensão conjuntural, mas também os processos simbólicos de longa
duração. Nas últimas décadas, a abordagem interdisciplinar se tornou uma ferramenta
imprescindível para entender a complexidade dos problemas ambientais. No entanto,
ainda permanecem pouco exploradas algumas vertentes interdisciplinares que
permitiriam compreender melhor a relação das questões ambientais com os processos
civilizatórios. A fim de explorar essa demanda no contexto da modernidade
contemporânea, pretende-se desenvolver aspectos relevantes das interfaces do
pensamento filosófico e teológico com os problemas ambientais.
Palavras-chave: Crise ambiental. Interdisciplinaridade ambiental. Governança
ambiental. Filosofia ambiental. Teologia ambiental.
ABSTRACT:
The governance of contemporary environmental problems implies that we take into
consideration the conjuncture as well as the long-term symbolic processes. In the last
decades, the interdisciplinary approach became an indispensable tool to understand
the complexity of the environmental problems. However, some of the interdisciplinary
streams which would allow us to understand the relationship between the
environmental issues and the civilization processes much better are still not very well
explored. In order to explore that demand in the context of the contemporary modernity,
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Este ensaio amplia e atualiza algumas das reflexões presentes no livro do autor: A Mod ernidade
Insustentável (Petrópolis: Editora Vozes, 1999; publicado também em espanhol na Coleção do
PNUMA: ―Pensamiento Ambiental Latinoamericano‖, Montevidéu: Nordan, 2001). A intenção é
recuperar um debate teórico que parece cada vez mais distante, apesar de sua crescente urgência.
2
Doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; Professor Associado de
Ciência Política na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) E-mail: hector.leis@gmail.com
Obra licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição-Uso Não-Comercial-
Não a obras derivadas 3.0 Unported
20
R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.7, n.2, p. 19-44, jul/dez. 2010
this essay intends to develop relevant aspects of the interfaces of the philosophical and
theological thoughts with the environmental problems.
Keywords: environmental crisis. Environmental interdisciplinarity. Environmental
governance. Environmental philosophy. Environmental theology.
RESUMEN:
La gobernanza de los problemas ambientales contemporáneos supone llevar en
cuenta la dimensión coyuntural, al mismo tiempo que los procesos simbólicos de larga
duración. En las últimascadas, el abordaje interdisciplinar se transformó en una
herramienta imprescindible para entender la complejidad de los problemas
ambientales. Sin embargo, aún permanecen poco investigadas algunas vertientes
interdisciplinares que permitirían comprender mejor la relación de las cuestiones
ambientales con los procesos civilizatorios. Con el objetivo de investigar esa demanda
en el contexto de la modernidad contemporánea, se pretende desarrollar aspectos
relevantes de las interfases del pensamiento filosófico y teológico con los problemas
ambientales.
Palabras-clave: Crisis ambiental. Interdisciplinaridad ambiental. Gobernanza
ambiental. Filosofía ambiental. Teología ambiental.
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse
amor [em grego: agápe; em latim: charitas], seria como o metal que soa ou
como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse
todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de
maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E
ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e
ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor,
nada disso me aproveitaria. O amor é paciente, é benigno; o amor não é
invejoso, não tr ata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com
indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal,
não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha. Havendo profecias, serão
aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o
que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era
menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino,
mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a
face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou
conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três;
mas o maior destes é o amor. Apóstolo Paulo (A BÍBLIA SAGRADA, 1986,
p. 740 1Co 13,1-13).
Compartilhamos com Aristóteles a crença na premissa de que uma verdade
concernente à realidade do homem encontrada por um homem concretamente
se aplica a todos os homens. A fé nessa premissa, entretanto, é... engendrada
pela... experiência primordial da realidade como oferecida com a constância e
permanência da estrutura que simbolizamos como o Cosmos. A confiança no
Cosmos e em sua profundidade é a fonte das premissas seja ela a
generalidade da natureza humana, ou, em nosso caso, a realidade do
processo como uma presença movente que aceitamos como o contexto do
significado para nosso engajamento concreto na busca da verdade. A procura
da verdade faz sentido apenas sob a suposição de que a verdade trazida da
profundeza da psique pelo homem, embora não seja a verdade última da
realidade, é representativa da verdade na profundeza divina do Cosmos.
(VOEGELIN, 1970, p. 234)

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