Verdade consumível

AutorWladimir Novaes Martinez
Ocupação do AutorAdvogado especialista em Direito Previdenciário
Páginas140-142

Page 140

"Em tempo de guerra, a primeira vítima" seria a verdade", disse Esquilo.

Diante da sesquipedal população vivendo emparedada em imensas metrópoles, em face da multiplicidade de eventos, incidentes e infortúnios sucedidos no dia a dia, quantidade quase ininita de sucessos comezinhos ou irrelevantes, bem como a distância entre o observador, protagonista ou coadjuvante e, ainda, da interpretação subjetiva de cada um, tornou-se oneroso para o observador apurar a verdade.

Resta icar com a versão, certa cópia xerox, uma reprodução e a reportagem, principalmente a relatada pela mídia. Não a opinião pública, mas, como dizem à sorrelfa, a publicada.

Desde bem cedo o homem se acostumou a conviver com a retratação de duas realidades: a) que pode ser dita ou divulgada, se não passa por discriminador, um machista militante, insensível etc. e b) o que imagina verdadeiramente e fala na intimidade para os amigos de muita coniança, se ninguém estiver olhando. Ah! Se fosse divulgado tudo o que é dito em boca pequena e seria raro um homem alegar que tem um amigo. Vive-se atuação venturosa de uma bela farsa individual e social da simulação.

Verdade imutável

Raramente a verdade importa; comumente, ela não tem charme, a banalidade a desmilinguirá como a atração e os personagens não oferecerão interesse para poder se constituir em mercadorias vendáveis ou rentáveis. Daí serem elaborados os conceitos, convenções e modismos inindáveis.

Os americanos criaram a ideia da "história", que estaria atrás dos seres humanos, cabendo aos jornalistas buscá-la. Quando não se prestam para o comércio, têm de ser glamourizadas, retocadas e higienizadas. Essa pasteurização é imprescindível, o carisma exigido e o místico, é o ponto forte.

Fraudes olímpicas

O arqueiro Antonio Rebollo, um paraplégico da Espanha, em 1992 lançou a lecha incendiária na direção da nobre Pira Olímpica de Barcelona, acendendo a chama olímpica e causando grande furor na plateia e em quem viu o fato pela TV. Na verdade, essa lecha passou apenas próximo da pira, que lançava vapores de gasolina os quais a incendiaram.

Heinrich "Dora" Ratjen, uma atleta alemã, participou do salto em altura dos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, encerrando em quarto lugar. A sua condição de fêmea chamou a atenção por causa de seus traços masculinos.

Ela admitiu ser hermafrodita, mas os...

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