Uma aura escalada.

Autordo Carmo, Roberto Coelho

MESZAROS, Istvan. A montanha que devemos conquistar. 1a. ed. Sao Paulo: Editora Boitempo. 2015, 192p.

A obra que o filosofo hungaro Istvan Meszaros nos apresenta neste ano de 201 5 e um aquecimento a critica do Estado e resultado expandido de algumas apresentacoes que realizou em sua passagem pelo Brasil em 201 3. Nao e por acaso que esta preocupacao se agudiza na trajetoria intelectual de Meszaros neste periodo, com o papel destacado do Estado da America Latina hoje--seja na oferta de politica publica face a falencia da sociedade salarial (1), seja na homologacao da espoliacao do capital imperialista. O livro e uma continuacao do debate realizado no capitulo 13 de Para alem do capital--capitulo este que foi republicado como apendice desta obra e que recomenda-se como leitura previa--e esta organizado em sete capitulos.

De inicio o autor faz uma leitura do "processo democratico" de formacao do imperialismo norte-americano. Com o sarcasmo proprio do filosofo critico, ele nos coloca em duvida (que, e claro, e ultrapassada nos limites deste capitulo) sobre como pode um Estado imperialista ser democratico. Com isso, o autor posiciona, em poucas linhas, a natureza perversa do Estado liberal, comprometido com a manutencao do sistema, sua incapacidade de garantir uma gestao humana, e mesmo sua capacidade de garantir uma gestao. Isto, uma vez que, como o proprio autor apresenta, no limite do crescimento do sistema capitalista de producao nao existe outra forma que nao seja o violento reordenamento da relacao de forcas existentes. Com isso o autor traz, de forma acida, a constatacao de que muitos paises da Europa encolheram, tornando-se "parceiros juniores do imperialismo americano" (p. 33).

Esta natureza violenta do Estado, descrita em principio na obra, nao poderia chamar outro debate que nao o fenecimento desta instituicao capitalista. Sobre este tema polemico, largamente debatido e de posicoes por vezes paralisantes da pratica politica, Meszaros deixa com clareza sua posicao. Apresentando a trajetoria de Marx sobre o tema, o hungaro afirma que, dada esta caracteristica violenta, o futuro nao apenas deve ser, mas so pode ser o do fenecimento do Estado. Entretanto, "imaginar a abolicao do Estado, por qualquer forma de conspiracao ou mesmo por algum decreto de base juridica mais ampla, so poderia ser uma quimera voluntarista" (p. 37).

Meszaros vale-se do Programa de Gotha e da critica de Marx a este programa para afirmar que pensar o fenecimento do Estado, sob as condicoes materiais postas a epoca de sua escrita, era no minimo ingenuo. O Estado reinventou-se a longo de todas as crises de forma violenta, como ja mencionado, mas com absoluto sucesso...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT