Um Olhar Histórico sobre os Movimentos Sociais pela Emancipação Feminina: Conquistas e Cicatrizes de uma Luta Inacabada

AutorMaria Cecília Máximo Teodoro - Ailana Santos Ribeiro
Páginas34-38
CaPítulo
2
UM OLHAR HISTÓRICO SOBRE
OS MOVIMENTOS SOCIAIS PELA
EMANCIPAÇÃO FEMININA: CONQUISTAS
E CICATRIZES DE UMA LUTA INACABADA
Maria Cecília Máximo Teodoro(1)
Ailana Santos Ribeiro(2)
“Que pretendes, mulher?
Independência, igualdade de condições…
Empregos fora do lar?
És superior àqueles
que procuras imitar.
Tens o dom divino de ser mãe
Em ti está presente a humanidade.”
(Cora Coralina)
(1) Pós-Doutora em Direito do Trabalho pela Universidade de Castilla-La Mancha com bolsa de pesquisa da CAPES; Doutora em Direito
do Trabalho e da Seguridade Social pela USP- Universidade de São Paulo; Mestre em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais; Graduada em Direito pela PUC/MG; Professora de Direito do Trabalho do Programa de Pós-Graduação em
Direito e da Graduação da PUC/MG e membro reeleita do Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC/MG para o
triênio 2014/2016; Professora Convidada do Mestrado em Direito do Trabalho da Universidade Externado da Colômbia. Pesquisado-
ra; Autora de livros e artigos.
(2) Mestre em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Pós-Graduada em Direito do Trabalho e Pro-
cesso do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Graduada em Direito pela Universidade Estadual de Montes
Claros. Professora da Especialização em Direito Material e Processual do Trabalho do IEC – PUC/Minas. Pesquisadora integrante da
Rede Nacional de Pesquisas e Estudos em Direito do Trabalho e Seguridade Social.
1. REFLEXÃO INICIAL
Vivemos, hoje, num mundo que parece estar dis-
posto a se abrir para a diferença. Ao contrário do que
ocorria na baixa modernidade, em tempos pós-moder-
nos, a diferença é afirmada, reafirmada e consagrada
diariamente, havendo, inclusive, quem diga que a so-
ciedade pós-moderna não só aceita, como preza pela
diferença.
Assim, os “estranhos” – apesar de continuarem sen-
do alvo de constante estranhamento – tornam-se úteis
em suas qualidades de “estranhos” e cada vez mais
essenciais diante do modo pelo qual nossas vidas são
moldadas e conduzidas. Nessa medida, a grande ques-
tão não é mais como livrar-se da diferença, mas “co-
mo viver com a alteridade, diária e permanentemente”.
(BAUMAN, 1998, p. 44)
Apoiando-se na ética da alteridade de Emmanuel
Lévinas, é plausível, pois, considerar que vivenciamos
uma “era heterofílica” por excelência, na qual o nosso
“eu moral” passa a se alimentar, cada vez mais, do es-
paço existente entre o “eu” e o “outro”. Isso quer dizer
que, até mesmo quando aceitamos e valorizamos a di-
ferença, o que está em voga é muito mais o “eu” do que
o “outro”, pois o que, de fato, buscamos no “estranho”
é um alter ego: um “escuro e sinistro fundo contra o
qual o eu purificado possa brilhar”. (BAUMAN, 1998,
p. 119)
Mas esse fenômeno da distinção, que hoje se des-
dobra em múltiplas correlações – dentre as quais estão:

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