Um juiz estrangeiro no Brasil teria que consultar um psiquiatra

AutorAdalberto Jorge Xisto Pereira
CargoPresidente do Tribunal de Justiça do Paraná
Páginas20-25
20 REVISTA BONIJURIS I ANO 32 I EDIÇÃO 662 I FEV/MAR 2020
ENTREVISTA
“UM JUIZ ESTRANGEIRO
NO BRASIL TERIA
QUE CONSULTAR
UM PSIQUIATRA
Adalberto Jorge Xisto Pereira
PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ
Formado em direito pela Ponticia Universidade Católica do Paraná, Adalberto Jorge
Xisto Pereira teve uma ascensão meteórica na carreira judiciária. Da graduação, em
1988, até a aprovação em concurso público para promotor de justiça transcorreu ape-
nas um ano. Seria admirável, talvez surpreendente, não fosse ele, em 1990, aprovado
novamente em concurso público. Desta vez para a magistratura. Ele tinha apenas 27
anos e aquele salto na carreira signif‌icava um feito e tanto para o curitibano de ascendência
humilde que fora engraxate quando criança.
Xisto Pereira cumpriu o périplo como juiz de direito nas comarcas de Realeza, Siqueira
Campos, Toledo e Ponta Grossa, até retornar a Curitiba. Aliado a seu trabalho como magis-
trado, foi professor na , em Toledo, e na , lecionando direito processual civil.
Em 2008, foi promovido ao cargo de desembargador, tomando assento entre os 120 magis-
trados da corte superior de Justiça do Estado do Paraná. Pouco mais de uma década depois,
alcançaria a presidência do tribunal, no mandato que começou em 2019 e expira ao f‌im deste
ano. Xisto Pereira tem uma característica singular: é econômico nas palavras, mas enérgico
em seus propósitos. Ao tomar posse, anunciou a prioridade de sua gestão: trabalhar com
inteligência artif‌icial. E ele não mudou de ideia.
Nessa entrevista, o presidente do  reaf‌irma sua convicção de que a tecnologia e a
automação podem trazer a celeridade necessária aos tribunais. “Trata-se de uma demanda
da população e uma imposição do Conselho Nacional de Justiça”. Para isso, ele tem adotado
medidas def‌initivas que abrangem um programa de inteligência artif‌icial capaz de, com o
auxílio de apenas um funcionário, ajuizar quatro mil execuções f‌iscais. O contraponto é o
mesmo trabalho executado por 25 pessoas no prazo de um mês. Xisto Pereira não esconde:
é preciso reduzir o número de servidores públicos no tribunal. “Trata-se de uma mão de
obra cara”, diz. Uma das medidas tomadas envolve não repor as vagas de aposentados. A
outra compreende o aproveitamento de funcionários nos gabinetes quando a celeridade
dos processos, provocada pela tecnologia, exigir um maior número de despachos por parte
dos juízes.
Xisto Pereira é categórico: com tantos processos a julgar, vindos das mais diferentes áreas
de interesse da sociedade, o juiz brasileiro é o melhor o mundo. Para quem duvida, ele de-
saf‌ia: “traga um juiz estrangeiro para trabalhar no Brasil e, em um mês, ele terá que consul-
Rev-Bonijuris_662.indb 20 15/01/2020 15:09:44

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