Determinantes da entrada de turistas estrangeiros nos estados brasileiros no período 2004 a 2008: uma aborgagem com o modelo gravitacional do turismo

AutorMagnus dos Reis - Jacqueline Lopes Nunes - Camila Flores Orth - Marcos Tadeu Caputi Lélis
CargoMestre em Economia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos-UNISINOS - Mestre em Economia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos-UNISINOS - Mestranda em Economia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos-UNISINOS - Professor da UNISINOS e Coordenador da Unidade de Inteligência Comercial e Competitiva da PEX-Brasil
Páginas38-69
DETERMINANTES DA ENTRADA DE TURISTAS
ESTRANGEIROS NOS ESTADOS BRASILEIROS NO
PERÍODO 2004 A 2008: UMA ABORGAGEM COM O
MODELO GRAVITACIONAL DO TURISMO
Magnus dos Reis1
Jacqueline Lopes Nunes2
Camila Flores Orth3
Marcos Tadeu Caputi Lélis4
Resumo
O turismo é uma atividade econômica importante para os países, pois uma
expansão deste setor permite aumentar o PIB, alavancar investimentos, gerar
emprego e atrair divisas. Nos últimos anos, este setor tem ganhado importância
na economia brasileira, uma vez que há um aumento significativo da entrada
de turistas estrangeiros no país. Para os próximos anos, devido à realização
da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, a
entrada de turistas estrangeiros no país aumentará consideravelmente. Nesse
sentido, torna-se fundamental que o setor público e privado compreendam os
determinantes dos fluxos turísticos ao país, visando estabelecer estratégias
para atrair visitantes. Para isso, foi proposta uma forma alternativa de
estimação do modelo gravitacional, através de um modelo hierárquico em
dois níveis, tendo como 1º nível a equação gravitacional com dados em painel
e dois efeitos fixos e, no 2º nível, uma regressão em cross-section. O resultado
mais surpreendente desta análise foi que o estado de São Paulo apresentou
um dos menores índices de atratividades de lazer dos estados analisados.
Entretanto, São Paulo é o estado que mais recebeu turistas estrangeiros do
país. A aparente contradição é explicada pelo fato de que São Paulo possui
1 Mestre em Economia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.
2 Mestre em Economia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.
3 Mestranda em Economia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.
4 Professor da UNISINOS e Coordenador da Unidade de Inteligência Comercial e Competitiva da PEX-Brasil.
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Determinantes da entrada de turistas estrangeiros nos estados brasileiros no período 2004 a 2008:
uma aborgagem com o modelo gravitacional do turismo
Textos de Economia, Florianópolis, v.14, n.2, p.38-69, jul./dez.2011
o maior PIB do país, ou seja, apresenta a maior atratividade de negócios.
Portanto, esse resultado sugere que os turistas estrangeiros que vão a São
Paulo estão em busca de negócios e não de lazer.
Palavras-chave: Fluxos turísticos; Modelo Gravitacional; Dados em painel.
 L83; C23; C21.
 INTRODUÇÃO
O Brasil é conhecido por sua extensa área territorial, de aproximada-
mente 8,5 milhões de km2, que engloba 26 Estados e o Distrito Federal.
Esta característica permite que o país ofereça belezas naturais e clima dife-
renciados. São essas propriedades geográficas peculiares que possibilitam
o país, de certa forma, ter um grande potencial de atrativos de lazer para os
turistas, tanto estrangeiros quanto brasileiros. Os dados corroboram com
esta idéia, uma vez que para o período de 1970 a 2008, o número de turistas
estrangeiros que chegaram ao país cresceu 1.920%. Além disso, segundo
a OMT (2011), enquanto o fluxo turístico em nível mundial cresceu em
média apenas 4% ao ano entre 1995 e 2008, o turismo estrangeiro no Brasil
aumentou em média 11,8% ao ano para o mesmo período, o que demonstra
que o país vem ganhando espaço no turismo mundial.
Nesse sentido, conhecer os determinantes da entrada de turistas es-
trangeiros no Brasil pode possibilitar aos gestores públicos e à iniciativa
privada fazer um planejamento correto de investimentos e alocação de ver-
bas visando que este setor conquiste um espaço ainda maior na economia
brasileira. Entretanto, estimar de forma satisfatória os determinantes dos
fluxos turísticos têm se revelado uma tarefa difícil porque não se consegue
mensurar facilmente, por exemplo, as belezas naturais de cada região. Isso
ocorre dada a subjetividade na avaliação dos destinos, pois não é possível
quantificar quanto um é melhor que o outro e, além disso, cada pessoa pode
fazer uma avaliação diferente. Para solucionar este problema e aqueles rela-
cionados a encontrar variáveis para representar o tamanho e a qualidade da
oferta dos serviços turísticos e a infraestrutura do destino, que também são
fatores importantes levados em conta na tomada de decisão dos indivíduos
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Textos de Economia, Florianópolis, v.14, n.2, p.38-69, jul./dez.2011
de qual região ir, este artigo se propõe a avaliar os determinantes da entrada
de turistas estrangeiros no Brasil no período de 2004 a 2008 através do mo-
delo gravitacional do turismo com dados em painel e com dois efeitos fixos.
Os modelos gravitacionais têm sido frequentemente utilizados para
explicar os fluxos turísticos entre os países, devido ao seu excelente poder
de explicação. Partindo disso, sugere-se uma nova maneira de estimar a
equação gravitacional, através de um modelo hierárquico em dois níveis,
tendo como 1º nível a equação gravitacional com dados em painel e dois
efeitos fixos e, no 2º nível, uma regressão em cross-section cuja variável
dependente é o vetor de efeitos fixos gerado no modelo de 1º nível que tem
como variáveis explicativas as dummies que representam as atratividades
de lazer de cada estado analisado, as dummies que captam a importância
de um idioma em comum e a existência de uma fronteira, além da variável
distância. Essa forma de estimação permitirá obter coeficientes não viesados,
dado que o estimador de efeitos fixos corrige o viés de heterogeneidade, que
é muito provável que esteja presente nas estimativas feitas pelos modelos
gravitacionais com dados em cross-section ou em pooled data. Além disso,
será possível estimar os parâmetros de características não observadas que são
constantes ao longo do tempo, que nesse caso são a oferta de atratividades
de lazer de cada estado, a distância, a fronteira e um idioma em comum.
A determinação desses fatores contribui para compreender melhor o
fenômeno turístico podendo, assim, nortear políticas públicas com foco na
maior atratividade turística e ser determinante para gerar melhores resultados
para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, onde se espera
que o fluxo de turistas estrangeiros ao país aumente consideravelmente.
O presente artigo está organizado em quatro seções, além desta intro-
dução. A seção 2 apresenta algumas definições e conceitos do turismo bem
como alguns dados do turismo no Brasil comparados aos mundiais. A seção
3 apresenta uma pequena revisão dos modelos gravitacionais aplicados ao
turismo, a origem dos dados e a especificação do modelo propriamente dito. A
seção 4 apresenta os resultados e, por fim, a seção 5 apresenta as conclusões.
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A Organização Mundial do Turismo (OMT) define o turismo como
um conjunto de atividades, para fins de lazer, negócios ou outras atividades

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