Trans-historizar' o espaço público dentro e fora da academia: Desafios para a historiografia e para o feminismo?

AutorAna Maria Veiga - Morgani Guzzo
CargoDoutora em história e pós-doutoranda no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina - Jornalista, doutoranda no Programa de Pós Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina
Páginas182-209
DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-7976.2016v23n35p182
“Trans-historizar” o espaço público dentro e fora da aca-
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Ana Maria Veiga* e Morgani Guzzo**
 Embora ainda lidem quotidianamente com preconceitos e com visões
estereotipadas que os reforçam, homossexuais e pessoas trans implodem, por
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as ruas, os cinemas, os mercados alternativo e formal de trabalho, chegando
às universidades, como estudantes, professoras ou professores e aos cargos
públicos, como os legislativos ou as representações de conselhos e associações.
O que parecia ser irremediavelmente abjeto agora afasta-se do espaço habitual
das margens. Para o debate, traremos alguns casos de pessoas trans como
professoras/es e estudantes e da formação de coletivos que agregam sujeitos em
situação de margem dentro de universidades. Abordaremos também a entrada
na vida pública, na última década, quando passam a ser eleitos ou eleitas
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posições de liderança. Pensando a trajetória entre a abjeção e o protagonismo,
buscaremos nos aproximar da transformação ocorrida na autoestima de não-
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gama de possibilidades. Entendemos o fenômeno trans dos anos 2000 e 2010
como um acontecimento. Como se deram esses movimentos e como ocorre
o empoderamento de sujeitos em situação de margem, é o que este artigo
pretende discutir.
Palavras-chave: Pessoas trans, Espaço público, Academia, Empoderamento
183
Revista Esboços, Florianópolis, v. 23, n. 35, p. 182-209, set. 2016.
* É doutora em história e pós-doutoranda no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em
Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina. Tem como áreas de interesse
Estudos de Gênero, História visual, imagem e cinema, Raça/Etnia/Classe na história dos
feminismos, História da América Latina. É editora de divulgação da Revista Estudos Femi-
nistas e coordenadora de programação do Seminário Internacional Fazendo Gênero/Mundos
de Mulheres. E-mail: amveiga@yahoo.com.br
** Jornalista, doutoranda no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Hu-
manas da Universidade Federal de Santa Catarina, com bolsa Capes. Mestre em Letras pela
Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro-PR), e graduada em Comunicação Social
com habilitação em Jornalismo pela mesma Universidade (2010). Integra o Laboratório de
Estudos em Gênero e História (LEGH/UFSC) e faz parte da equipe editorial da Revista Ca-
dernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH/UFSC). Desenvolve es-
tudos nas áreas: estudos de gênero, feminismo, movimentos sociais, estudos culturais, comu-
nicação, identidade, memória e representações sociais. E-mail: morganiguzzo@gmail.com
Abstract: Although still leading daily with prejudices and stereotyped visions

that has kept them away from social life; they are hitting the streets, the cinemas,
the alternative and formal labor market; they are coming to universities, as
students, teachers, and also to public service, such as legislative positions or
as representative people inside councils and associations. Trans people, that
seemed to be irretrievably abject before, now get away from the borderline
spaces that they have been historically occupying. This article brings to
the debate a few cases of trans teachers and students and it will discuss the
formation of student collectives at the university that aggregate people who
live in margin situation. It will also discuss their entering in public life, in the
last decade, when trans people appear as popular representatives, assuming
leadership positions. Thinking of paths between abjection and protagonism,
we aim to get closer to the transformation that took place in the self-esteem of

within another range of possibilities. We understand the 2000’s and 2010’s trans
phenomenon as a happening. How these movements, marked by prejudice, have
taking place and in which ways the empowerment of these subjects occurs are
questions that this article intends to deal with.
Keywords: Transgender, Public space, Academy, Empowerment.
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No dia 9 de dezembro de 2013, a Universidade da Integração
Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), situada no Ceará e na
Bahia, dava posse à primeira professora universitária travesti do Brasil. Menos
de três anos depois, a mesma professora, Dra. Luma Nogueira de Andrade,

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