Trabalho e precarização social no capitalismo contemporâneo: dilemas e resistência do movimento organizado de trabalhadores

AutorInez Stampa - Ana Lole
CargoGraduada em Serviço Social e Ciências Sociais - Graduada em Serviço Social
Páginas277-303
Artigo recebido em: 19/02/2018 Aprovado em: 09/05/2018
TRABALHO E PRECARIZAÇÃO SOCIAL NO
CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO: dilemas
e resistência do movimento organizado de
trabalhadores
Inez Stampa1
Ana Lole2
Resumo
A re exão, baseada em revisão bibliográ ca e fontes documentais, toma o tra-
balho como categoria chave da compreensão da história, bem como indica di-
lemas sobre a ação sindical em um contexto de restrição de direitos e de ações
coletivas. Ao considerar a importância da ampliação de espaços da luta coletiva
para a dinâmica do movimento organizado de trabalhadores, no Brasil atual,
busca enfatizar que tal movimento não pode ser pensado apenas no espaço do
mundo do trabalho ou mesmo no espaço institucional das relações pro ssio-
nais. A ampliação do campo de ação se impõe, pois a ação tradicional do sindi-
calismo se mostra insu ciente para enfrentar a multiplicidade dos terrenos, das
disputas e das lutas que devem ser conduzidas fora do trabalho, as quais são tão
numerosas e complexas que nenhuma organização pode pretender assumi-las
sozinha em tempos de intensi cação do neoliberalismo.
Palavras-chave: Trabalho, Capitalismo contemporâneo, regressão de direitos,
movimento sindical.
1 Graduada em Serviço Social e Ciências Sociais, Mestre e Doutora em Serviço Social
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Professora do Departamento
de Serviço Social da PUC-Rio. Coordenadora do Centro de Referência das Lutas Políticas
no Brasil - Memórias Reveladas. E-mail:
inestampa@ig.com.br
/ Endereço: Rua Marquês
de São Vicente, 225, Gávea, Rio de Janeiro, RJ.
2 Graduada em Serviço Social, Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Professora colaboradora do Programa de Pós-
Graduação em Serviço Socia l da PUC-Rio. E-mail:
analole@gmail.com
/ Endereço: Rua
Marquês de São Vicente, 225, Gávea, Rio de Janeiro, RJ.
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Inez Stampa | Ana Lole
WORK AND SOCIAL PRECARITY IN Contemporary
CAPITALISM: dilemmas and resistance of workers’ organized
movement
Abstract
is re ection is based on a bibliographical review and in documentary sour-
ces. It takes work as a key category of historical understanding, indicating some
dilemmas about union action in a context of restriction of rights and collective
actions. Considering the importance to expand spaces for collective struggle in
the dynamics of the organized workers movement in Brazil, it seeks to empha-
size that such a movement can’t be thought only in the space of the world of
work or even in the institutional space of professional relations.  e extension
of the  eld of action imposes itself, since the traditional action of trade unio-
nism is insu cient to face the multiplicity of grounds, disputes and struggles
that must be conducted outside of work, which are so numerous and complex
that no organization can claim to assume them alone in times of intensi cation
of neoliberalism.
Key words: Work, Contemporary capitalism, regression of rights, union action.
1 INTRODUÇÃO
Desde 2008 estamos experimentando mais uma crise cíclica
do capital. Crise  nanceira, quebra de bancos e empresas, diminui-
ção do ritmo de crescimento e desemprego são temas em destaque
na imprensa nacional e internacional.
Apesar de os Estados, em escala mundial, terem gasto cer-
ca de 3 4 trilhões de dólares para salvar grandes empresas e bancos,
tentando recompor a economia quando as grandes corporações  -
nanceiras, comerciais e industriais receberam um valor correspon-
dente a três vezes o Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina
em 2008, as condições de vida dos trabalhadores ao redor do globo
não melhoraram na mesma relação, nem se retirou do horizonte da
grande maioria dos trabalhadores dos países pobres as ameaças de
desemprego e miséria, que persistem e se agravam.
É preciso, portanto, compreender a cris e em uma perspectiva
histórica, analisando os seus fundamentos e seu impacto na vida dos
trabalhadores. O debate se torna necessário, sobretudo, diante de es-
clarecimentos que são diluídos por grupos que detêm o controle da
mídia e que, em seu viés conservador e a nado com os interesses dos
grandes conglomerados  nanceiros, industriais e comerciais, procu-
ram disseminar a ideia de que o pior já passou.

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