The Effect of Trade Volume on Analysts' Shares Recommendation Choices/ Efeito do Volume de Negocios nas Escolhas de Recomendacoes de Acoes dos Analistas.

AutorAntonio, Rafael Moreira
  1. Introducao

    Os analistas de mercado de capitais sao responsaveis por acompanhar o desempenho das empresas que possuem suas acoes negociadas em bolsa de valores e, a partir disso, emitem opinioes e recomendacoes de investimentos; eles atuam, sobretudo, como intermediarios das informacoes no mercado de acoes e sao responsaveis pela reducao da assimetria de informacoes existente entre as firmas e os investidores. Michaely e Womack (1999) apontaram que os analistas sao responsaveis por distribuir relatorios com recomendacoes de compra de acoes para os investidores. Para Jegadeesh et al. (2004) ao fazer uma recomendacao de acao, os analistas expressam explicitamente a sua expectativa sobre o retorno, em relativo curto prazo, de uma determinada empresa.

    Alguns estudos utilizaram-se das principais previsoes emitidas pelos analistas para averiguar o impacto destas previsoes nos precos das acoes e a lucratividade destas opinioes. Dentre eles, pode-se apontar os desenvolvidos por Bjerring et al (1983), Irvine (2001), Irvine (2004), Ivkovic e Jegadeesh (2004), Lim e Kong (2004), Jegadeesh et al. (2004), Ljungqvist et al (2007), Altmtalic e Hansen (2009), Conrad et al (2009), Moshirian et al (2009), Sidhu e Tan (2011), Hobbs e Singh (2015) e Antonio et al. (2015).

    Bjerring et al. (1983) destacaram que consideraveis evidencias tem sido produzidas para suportar a hipotese de que os precos das acoes refletem as informacoes publicamente disponiveis, e que a aparente dificuldade de se escolher vencedores gerou um certo ceticismo sobre o valor economico da consultoria de investimento profissional. Enquanto isso, outros estudos avaliaram a capacidade preditiva dos analistas como os de Irvine (2001), Jegadeesh et al (2004), Moshirian et al (2009), Sidhu e Tan (2011), Hobbs e Singh (2015) e Antonio et al (2015).

    Ha um consenso na literatura que trata do tema de que ha um vies otimista na emissao de recomendacoes de acoes e lucros por acoes. Neste sentido, o estudo de Jegadeesh et al. (2004) apontou que os analistas recomendaram mais favoravelmente as acoes que possuiam alto volume de negociacao, enquanto Irvine (2001) documentou que o volume de negociacao das acoes e um importante fator na escolha de quais empresas serao acompanhadas pelos analistas. A influencia do volume de negocios pode refletir um conflito de interesses entre os analistas, que buscam maiores receitas as suas corretoras, e o aconselhamento a investidores que pretendem obter o maior ganho nos investimentos.

    Vale destacar que parte das receitas das corretoras e originaria das taxas de corretagens. Habitualmente com uma cobranca fixa a cada ordem que e executada (de compra ou de venda) e um percentual do valor operado pelo investidor. Diante disso, a movimentacao das carteiras dos clientes representara uma maior receita com as taxas de corretagem Consequentemente os clientes que possuirem maior movimentacao (mais compras e vendas de acoes) em suas carteiras serao os mais lucrativos as corretoras.

    Ainda considerando a relacao entre analistas e investidores, o estudo de Conrad et al. (2009) documentou que os upgrades de recomendacoes sao mais provaveis se existe uma relacao historica entre a corretora que faz a recomendacao e a empresa para a qual e emitida a recomendacao. Alem disso, o estudo ressaltou que os analistas tambem tendem a responder na mesma direcao de outros analistas que mudaram recentemente suas recomendacoes. Ja para Irvine (2004) os analistas devem manter uma boa relacao com a gestao da empresa, auxiliar departamento de subscricao do banco de investimento na comercializacao de ofertas de acoes e servir os clientes institucionais que fornecem receitas de comissao para suas corretoras. Os incentivos para atender estes objetivos podem potencialmente justificar o vies nas recomendacoes de acoes dos analistas.

    Considerando a o conflito de interesses existente entre os analistas (e suas corretoras) e os investidores. Uma questao motiva o presente estudo, ou seja: os analistas recomendam mais favoravelmente as acoes que possuem alto volume de negociacao?

    Alinhado com os estudos de Jegadeesh et al. (2004) e Irvine (2001), que procuraram identificar a relacao ente o volume de negociacoes e as previsoes dos analistas, o objetivo principal deste estudo foi de identificar quais foram os fatores que podem explicar as recomendacoes mais favoraveis emitidas pelos analistas que acompanham empresas brasileiras. Merece destacar que Irvine (2004) encontrou que as previsoes e recomendacoes de acoes dos analistas exercem um significante efeito na participacao de mercado, em termos de volume de negociacao, paras as corretoras que eles sao vinculados.

    Para tanto, foram utilizadas na analise 7.293 medias de recomendacoes (recomendacoes consensuais) emitidas pelos analistas que acompanharam empresas brasileiras entre os anos de 2008 e 2014. A analise de dados foi realizada por meio de uma regressao com dados em painel desbalanceado e os resultados indicam que os analistas preferem recomendar as acoes com alto volume de negociacao e que as acoes que receberam as recomendacoes mais favoraveis foram aquelas que apresentaram maior volume de negociacao.

    Alem disso, outros fatores mostraram-se significantes como base para as recomendacoes. O lucro operacional antes dos juros e imposto de renda (Earnings Before Interest and Taxes - EBIT), o retorno das acoes, o retorno sobre os ativos (ROA), os dividendos distribuidos e a relacao entre o preco e o valor patrimonial (P/VPA) foram fatores preferiveis pelos analistas ao emitirem suas recomendacoes.

    Este estudo esta divido em cinco partes e e composto por esta introducao, seguido pela revisao dos estudos relevantes. Posteriormente estao descritos os aspectos metodologicos, seguidos da analise dos resultados e as consideracoes finais.

  2. Revisao da literatura e o desenvolvimento das hipoteses

    O papel dos analistas e o mercado

    Jegadeesh et al. (2004) destacam que os analistas produzem previsoes de lucros corporativos, escrevem relatorios sobre empresas individualmente, fornecem analises sobre setores industriais e emitem recomendacoes de acoes. Alem disso, ainda para Jegadeesh et al. (2004), a maioria dos estudos anteriores concluiram que as informacoes que os analistas produzem promove a eficiencia do mercado, ajudando os investidores a determinar com maior precisao o valor das companhias.

    O estudo de Jegadeesh et al. (2004) foi realizado entre os anos de 1985 e 1998 e as empresas analisadas foram as que compunham as bolsas Nasdaq, NYSE e AMEX

    Ja para Antonio et al. (2015) os analistas possuem um relevante papel nos mercados a medida em que contribuem com a precificacao das acoes e com a composicao das carteiras de investimentos. Hall e Tacon (2010) documentaram que os analistas de acoes possuem um papel fundamental na promocao da eficiencia do mercado, reduzindo a assimetria de informacao entre a administracao da empresa e os participantes externos do mercado.

    Dimson e Marsh (1984) apontaram que os precos das acoes reagem rapidamente ao conteudo informativo das previsoes emitidas pelos analistas, enquanto que Barber et al. (2001) examinaram se os investidores obtiveram lucros a partir das recomendacoes publicamente disponiveis. Os resultados dos estudos de Barber et al. (2001) indicaram que as carteiras formadas pelas recomendacoes mais favoraveis obtiveram retornos positivos em contraponto as carteiras compostas por acoes que receberam recomendacoes mais desfavoraveis, que apresentaram retornos negativos evidenciaram com isso o papel dos analistas.

    Francis e Soffer (1997) examinaram a associacao entre as recomendacoes (novas e reiteracoes) e as revisoes das previsoes de lucros com os retornos das acoes e constataram que o mercado reage as recomendacoes e as revisoes de previsoes de lucros contidas nos relatorios dos analistas.

    Para Kothari (2001) os investidores possuem um obvio interesse em determinar o valor das firmas, e a performance corrente da firma, sumarizada nas demonstracoes financeiras, se apresenta como um instrumento importante para determinar os fluxos de caixa operacional bem como o valor da firma. Estes pontos sao alinhados com as normas contabeis que pretendem auxiliar os usuarios das informacoes contabeis na identificacao de: a) quantidades, b) tempo e c) incerteza dos fluxos futuros de caixa.

    Ha evidencias de que as comissoes provenientes das negociacoes e o acesso a administracao das empresas desempenham um papel nas recomendacoes favoraveis dos analistas, Segundo Beyer et al. (2010). Irvine (2001) aponta a potencialidade de geracao de receitas, provenientes das negociacoes de acoes, como um fator importante para a escolha das informacoes que serao emitidas pelos analistas, e tambem quais as companhias que serao acompanhadas por esses profissionais. Alem disso, Irvine (2004) encontrou que recomendacoes de acoes favoraveis sao associadas com grandes acrescimos na participacao da corretora (house's share) no volume de negociacoes das firmas acompanhadas por elas.

    Conrad et al. (2009) desenvolveram e testaram a hipotese de que os analistas podem ter conflitos de interesse (pressao de suas empresas/corretoras) que afetam as suas recomendacoes. Para o desenvolvimento de sua hipotese de pesquisa, Conrad et al. (2009) destacaram que um conflito de interesses pode existir se o analista recebe informacoes privadas negativas. Neste caso, o analista prefere fazer o downgrade da sua recomendacao de acao para manter o nivel ideal de otimismo e precisao percebida, mas esta impedido de o fazer por causa da pressao de...

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