Sustentabilidade em Contexto Organizacional: uma análise comparativa de modelos que propõem trajetórias para sua gestão

AutorLuciano Munck - Ana Claudia Bansi - Bárbara Galleli
CargoPós-Doutor, Ivey Business School, Western University, Canadá - Mestre em Administração - Universidade de São Paulo. Mestre em Administração. Professora do Centro Universitário SENAC-SP. São Paulo, SP. Brasil
Páginas91-110
Artigo recebido em: 13/12/2013
Aceito em: 19/07/2014
http://dx.doi.org/10.5007/2175-8077.2016v18n44p91
Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
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SUSTENTABILIDADE EM CONTEXTO ORGANIZACIONAL:
UMA ANÁLISE COMPARATIVA DE MODELOS QUE PROPÕEM
TRAJETÓRIAS PARA SUA GESTÃO
Sustainability in Organizational Context: a comparative analysis
of models that suggest paths for its management
Luciano Munck
Pós-Doutor – Ivey Business School - Western University – Canadá. Professor do Programa de Pós-graduação em Administração da
Universidade Estadual de Londrina. Londrina, PR. Brasil. E-mail: munck@uel.br
Ana Claudia Bansi
Mestre em Administração. Professora do curso de Tecnólogo em Processos Gerenciais. Instituto Federal de São Paulo - Campus São
Carlos. São Carlos, SP. Brasil. E-mail: ana_bansi@hotmail.com
Barbara Galleli
Universidade de São Paulo. Mestre em Administração. Professora do Centro Universitário SENAC-SP. São Paulo, SP. Brasil. E-mail:
b.gallelidias@usp.br
Resumo
Este artigo, considerando a inexistência de fontes que
sintetizam proposições de modelos para a gestão da
sustentabilidade em contexto organizacional, depois de
identificar cinco modelos, se propõe a comparar tais
modelos fazendo uso de um quadro-referência criado para
representar condições ideais de gestão da sustentabilidade
nas organizações. Pela análise comparativa foram
identificados avanços conceituais, convergências e
fragilidades. Uma das principais constatações denuncia
a incompletude dos modelos. À medida que são
comparados entre si e com o quadro-referência todos
os modelos demonstraram falhar em algum aspecto
basilar para o alcance da sustentabilidade organizacional.
Percebeu-se a necessidade de maiores aprofundamentos
quando se trata da implantação e da operacionalização de
modelos de gestão da sustentabilidade nas organizações.
Em suma, este estudo permitiu criar informações para
a eliminação de fragilidades e para a sugestão de
avanços. Isso pode orientar aprimoramentos cabíveis ao
desenvolvimento de um framework global unificador das
boas experiências para a gestão sistêmica e estrutural da
sustentabilidade organizacional.
Palavras-chaves: Modelos. Gestão da Sustentabilidade.
Sustentabilidade Organizacional.
ABSTRACT
This article, considering the lack of sources that
synthesize propositions models for sustainability
management in an organizational context, after
identifying five models, proposes to compare them
making use of a reference frame created to represent
ideal conditions for sustainability management in
organizations. For the comparative analysis were
identified conceptual advances, convergences, and
weaknesses. A key finding reveals the incompleteness of
the models. As they are compared with each other and
with the reference frame all of them have shown fails in
some fundamental respect for achieving organizational
sustainability. It was realized the need for greater insights
when it comes to deploying and operating models
of sustainability management in organizations. In
summary, this study provided to create information to
eliminating weaknesses and to suggest improvements.
This can guide improvements applicable to the
development of a global unifying framework of good
experiences to systemic and structural management
organizational sustainability.
Keywords: Models. Sustainability Management.
Organizational Sustainability.
92 Revista de Ciências da Administração • v. 18, n. 44, p. 91-110, abril 2016
Luciano Munck • Ana Claudia Bansi • Barbara Galleli
1 INTRODUÇÃO
As evolutivas discussões sobre sustentabilidade
e desenvolvimento sustentável fazem emergir novas
conclusões sobre os temas. Uma delas é a constatação
de que o que antes era tido como uma responsabilidade
central dos governos passa a ser uma responsabilida-
de central das organizações, em especial as privadas.
O entendimento de que as organizações consomem
deliberadamente e cotidianamente os recursos am-
bientais e sociais do mundo, frequentemente de forma
desregrada, desigual e prejudicial, tem conduzido
muitas organizações a repensarem seus processos
produtivos. Com base neste entendimento, estudiosos
e consultores empresariais visualizam a necessidade de
melhor compreender quais mudanças seriam necessá-
rias aos modelos de gestão para atender e englobar as
premissas da sustentabilidade.
De acordo com Van Marrewijk (2003), tanto no
âmbito dos debates acadêmicos, quanto no cenário
empresarial, inúmeros conceitos são propostos para se
fazer menção a processos de gestão que incorporem
a sustentabilidade, mas ainda não há uma definição
singular ou consensual para a sustentabilidade orga-
nizacional ou conceito semelhante. Apesar da grande
variação de designações, os autores que firmam
seus estudos sobre a sustentabilidade organizacional
(BARONI, 1992; ELKINGTON, 1999; DILLYCK;
HOCKERTS, 2002; HOFF, 2008; BARKEMEYER et al.,
2014) convergem na ideia básica de que as atividades
das organizações desenvolvem-se em um contexto que
condiciona a qualidade e a disponibilidade de três
elementos fundamentais para a gestão: o econômico,
o ambiental e o social.
O conceito de desenvolvimento sustentável care-
ce de meios de operacionalização e contextualização e
de uma tradução de seus princípios gerais em práticas
organizacionais. No entanto, alcançar a sustentabili-
dade não é uma tarefa trivial e sua incorporação nas
organizações prescinde de uma abordagem pela qual
ela não seja considerada uma mera “adição”, mas seja
sistematicamente integrada em todas as atividades or-
ganizacionais. Em outras palavras, a sustentabilidade
organizacional demanda frameworks ou modelos de
gestão que permitam à organização entender e agir em
conformidade com as premissas da sustentabilidade,
mensurar seu desempenho e avaliar seu progresso,
bem como dispor de meios para comunicar aos seus
stakeholders políticas e avanços em direção à susten-
tabilidade (AZAPAGIC, 2003; BARKEMEYER et al.,
2014).
Porém, segundo Azapagic (2003), até o momen-
to, não é possível identificar um framework global de
gestão que permita tal abordagem sistêmica e estru-
tural para gerenciar a sustentabilidade organizacional.
Embora haja um corpo substancial na literatura acerca
de diferentes modelos, a compreensão deste fenômeno
para o meio empresarial, assim como a ocorrência
de sua operacionalização, ainda não se apresentam
de forma significativa (STUBBS; COCKLIN, 2008).
O fato é que em meio à propagação de novas práticas
e estudos que buscam promover e/ou relatar a gestão
sustentável, nota-se um maior número de iniciativas
relacionadas a guias ou orientações para divulgação
das ações organizacionais ditas sustentáveis, em
lugar de novas estratégias de implementação, siste-
mas de mensuração e modelos gerenciais (HANH;
SCHEEMESSER, 2005; VOS, 2007; BARKEMEYER
et al., 2014; EWEJE, 2011).
Apoiado nas considerações anteriores, o pre-
sente artigo objetivou destacar e apresentar alguns
dos principais modelos de gestão da sustentabilidade
organizacional, encontrados a partir de uma pesquisa
realizada na base de dados – Periódicos Capes. Foram
selecionadas a área “Ciências Sociais Aplicadas” e a
subárea “Administração de Empresas, Administração
Pública, Contabilidade”, sendo as bases escolhidas:
EBSCO; ProQuest; Emerald; SAGE Journals Online ;
SciELO.ORG; e Web of Science. Buscou-se por artigos
que relatassem a aplicação ou proposição de modelos
de operacionalização da sustentabilidade em contexto
organizacional, a partir das palavras-chave “susten-
tabilidade” e “modelo de gestão”, bem como suas
traduções para o inglês.
De um total de 38 artigos que tinham essa ca-
racterística, foram destacados como os mais originais
cinco modelos. Para esta seleção, foram observadas a
teoria utilizada, a forma de abordagem proposta para
o estudo das organizações, ou seja, sua aproximação
com a realidade organizacional, e a abrangência sis-
têmica em relação a sustentabilidade, tendo em vista
que diversos trabalhos limitavam-se à tratativa da
dimensão ambiental.

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