Sujeitos coletivos na esteira da globalização: a voz da classe trabalhadora brasileira

AutorPollyanna de Souza Carvalho
CargoGraduada em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestranda em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (ESS/UFRJ). Integra o NUFSTEV-UFF (Núcleo de Pesquisa em Famílias, Sujeitos Sociais e Territórios Vulneráveis) e o LOCUSS-UFRJ (Núcleo de Pesquisa e Extensão Políticas Públicas, Território, Lutas Sociais...
Páginas703-720
SUJEITOS COLETIVOS NA ESTEIRA DA GLOBALIZAÇÃO: a voz da classe trabalhadora
brasileira
Pollyanna de Souza Carvalho1
Resumo
Oriundo de pesquisa bibliográfica, o estudo discute os conflitos e as lut as sociais travadas pela classe trabalhadora no
Brasil pós-1970, demonstrando um contexto marcado pelo autoritarismo, violência, repressão, expropriações urbanas,
injustiças sociais e militarização das ações coletivas, essencialmente após a reestruturação produtiva e advento de uma
economia financeirizada, seguida pelas mercantilizações, privatizações e desmonte dos direitos de cidadania. Por outro
lado, salienta a potencialidade de ressignificação dos itinerários de vida pela classe trabalhadora, movimentos sociais e
ações coletivas, além do uso dos espaços públicos para debates, ampliação de agendas públicas e negociação com o
poder público, para não reproduzir o movimento de subalternidade e expropriação dos grupos da política e participação, dos
serviços e da socialização da riqueza produzida.
Palavras-chave: Capitalismo contemporâneo. Brasil. Estado. Lutas Sociais. Direitos.
COLLECTIVE SUBJECTS ON THE LINE OF GLOBALIZATION: the voice of Brazilian working class
Abstract
From bibliographic research, the study debates about t he conflicts and social struggles fought by the working class in the
Brazil post-1970s, demonstrating a scenario marked by authoritarianism, violence, repression, urban expropriations, social
injustices and the militarization of collective actions, especially after the productive restructuring and the advent of a financial
economy, followed by mercantilizations, privatizations and dismantling of citizenship rights. On the other side, shows the
potentiality of resignifying life paths by the working class, social movements and collective actions, in addition t o the use of
public spaces for debates, expansion of public schedule and negotiation with public power, to not to reproduce the
movement of subordination and expropriation of groups of politics and participation, services and the socializati on of wealth
produced.
Keywords: Contemporary capitalism. Brazil. State. Social Struggles. Rights.
Artigo recebido em: 10/04/2020 Aprovado em: 13/10/2020
DOI: http://dx.doi.org/10.18764/2178-2865.v24n2p703-720
1 Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestranda em Serviço Social pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (ESS/UFRJ). Integra o NUFSTEV-UFF (Núcleo de Pesquisa em Famílias, Sujeitos
Sociais e Territórios Vulneráveis) e o LOCUSS-UFRJ (Núcleo de Pesquisa e Extensão Políticas Públicas, Território, Lutas
Sociais e Serviço Social). E-mail: pollyannacecf@gmail.com
Pollyanna de Souza Carvalho
704
1 INTRODUÇÃO
O estudo versa sobre os conflitos e as lutas sociais travadas pel a classe trabalhadora no
Brasil pós-1970, demonstrando um contexto marcado pelo autoritarismo, violência, repressão ,
injustiças sociais, expropriações urbanas e militarização das ações coletivas, essencialmente após a
reestruturação produtiva e advento de uma economia financeirizada, seguida pelas mercantilizações,
privatizações e desmonte dos direitos de cidadania. Por outro lado, salienta a potencialidade de
ressignificação dos itinerários de vida pela classe trabalhadora, movimentos sociais1 e ações coletivas,
além do uso dos espaços públicos para debates, ampliação de agendas públicas e negociação com o
poder público.
Para atingir o objetivo proposto, com eixos estruturantes como lutas sociais e Estado, a
metodologia empregada foi a pesquisa bibliográfica a partir dos pensamentos de Antunes (2010),
Behring (2008, 2010), Behring e Boschetti (2011), Brettas (2020), Coutinho (2006), Dagnino (2004),
Duriguetto e Montaño (2011), Gohn (1997, 2000, 2003), Lowy (1995), Maricato (2013), Netto (2011),
Pereira (2010), Raichelis (2000, 2006), Sader (2001), Simionatto (2009), Telles (1994), Vainer (2013),
entre outros autores.
Após a crise estrutural do capital na década de 1970 nos países centrais, percebe-se que
este contexto incidiu mais gravemente nos países periféricos nos anos seguintes, como é o caso
brasileiro. Este país passou a recriar as heranças da própria formação sócio-histórica como o
autoritarismo, patrimonialismo, racismo institucional e relações atrasadas sob o manto da pseudo-
igualdade jurídica, já que se sobrevive numa sociedade de classes.
Todavia, ante as expropriações enveredadas pela financeirização da economia e de seus
agentes rentistas, a classe trabalhadora esteve ativa e propositiva na luta por direitos sociais, em
especial após o período marcado pela autocracia burguesa” (NETTO, 2011). Vis-à-vis, diversos atores
insurgiram em cena para pressionar o Estado e cobrar por melhores oportunidades de serviços e
políticas públicas, como os movimentos sociais, sindicais, estudantis, do campo, pelo direito à cidade,
entre outros.
Essa forma de organização das ações coletivas foi uma oportunidade para o
estabelecimento das agendas de lutas, de demandas e até mesmo de apoios, redes e parcerias tanto
no âmbito nacional quanto no plano internacional, essencialmente em relação aos movimentos sociais
mais organizados. A crise do capital que assolava mais os países periféricos também se fazia presente
nos países centrais, demonstrando que a acumulação angariava lucratividade com a introdução de
uma nova morfologia do trabalho; com o enxugamento das respostas estatais na área social; e em seu

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT