Suicídio Ou Assassinato? Um Outro Crime Por Trás Da Prática Homofóbica
| Autor | Laionel Vieira da Silva - Bruno Rafael Silva Nogueira Barbosa |
| Cargo | Graduado em Psicologia pela UFPB. Aluno Especial do Mestrado em Ciências das Religiões na UFPB - Graduando em Direito pela UFPB |
| Páginas | 58-78 |
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
Nº 02 - 2º Semestre de 2014
ISSN | 2179-7131 | http: http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
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Seção 03: Direitos Homoafetivos, lutas LGBTI e teoria queer
Suicídio Ou Assassinato? Um Outro Crime Por Trás Da Prática Homofóbica
Laionel Vieira Da Silva
Bruno Rafael Silva Nogueira Barbosa
Resumo: Vivemos hoje em uma cultura
homofóbica, com a constante
manifestação dos sentimentos negativos
aos homossexuais, os quais enquanto
vítimas de homofobia podem chegar a
sofrer com uma baixa autoestima,
depressão e por vezes (casos mais
extremos) a prática do suicídio. O
presente estudo tem como objetivo
refletir acerca da relação entre
homofobia e a prática de suicídio. Trata-
se de uma pesquisa bibliográfica. Foram
encontrados relatos de jovens que já
pensaram em cometer suicídio devido à
prática homofóbica na qual foram
vítimas, bem como notícias de jovens
que cometeram suicídio. Os resultados
atentam para a necessidade de se
enxergar o fenômeno homofóbico como
um crime contra a vida, da maneira
como ele realmente se expressa.
Palavras-chave: Homofobia.
Heteronormatividade. Suicidio.
LGBT.
Abstract: Today we live in a
homophobic culture, with the constant
manifestation of negative feelings
against homosexuals, which as victims
of homophobia can get to suffer with
low self-esteem, depression and
sometimes (most extreme cases) the
practice of suicide. The present study
aims to reflect on the relationship
between homophobia and the practice of
suicide. This research was based on a
literature review. There were found
reports of young people who have
thought about committing suicide due to
the homophobic practice, which they
suffered as victims, as well as news of
young people who committed suicide.
The results call attention to the necessity
of understanding the homophobic
phenomenon as a crime against life, in
the way it is actually expressed.
Keywords:Homophobia.
Heteronormativity.Suicide. LGBT.
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
Nº 02 - 2º Semestre de 2014
ISSN | 2179-7131 | http: http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
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Introdução
O comportamento homossexual
está presente na história da humanidade
e em diversas culturas há milênios, assim
como a prática da heterossexualidade,
não se trata de um fenômeno recente ou
que tenha um momento histórico no qual
possamos delinear o seu surgimento, o
que encontramos, no entanto, são olhares
diferentes conforme se modificam o
entendimento coletivo acerca das
vivências humanas.
Ao olharmos a nossa história
ocidental encontrarmos exemplos de
grandes homens, pensadores e filósofos
que viviam a sua sexualidade de maneira
natural, por exemplo temos na Grécia
Antiga, discursos como o de Ésquines
(389-322 a.C.) e Demóstenes (384-322
a.C) perante a assembleia de Atenas,
falando abertamente sobre seus amores
por outros homens (TORRÃO FILHO,
2000)
A prática homossexual pode ser
observada em diversos contextos na
Grécia Antiga, sobre tudo em Esparta e
Atenas. Na primeira, uma sociedade
guerreira, os casais de amantes homens
eram incentivados inclusive como parte
do treinamento e disciplina militar, pois
tais práticas propiciavam a coesão às
tropas. Em Tebas, uma colônia de
Esparta, existia um chamado Pelotão
Sagrado de Tebas, uma tropa de elite
composta de aproximadamente 150
casais homossexuais de soldados,
mantidos com recursos públicos, sendo
um símbolo de valentia e poder militar.
(TORRÃO FILHO, 2000).
Com a ascensão do cristianismo e
o seu envolvimento direto nas questões
políticas durante a idade média o cenário
de aceitação da homoafetividade assim
como de toda a expressão sexual humana
passa então a sofrer modificações e
opressões de ordem ideológicas da
igreja. Como afirma Carvalho (2003),
citado por Mesquita (2008) foi a partir
do da idade média que a igreja se
manifestou contra a homossexualidade,
utilizando como justificava mais
especificamente o capítulo XIX do
Gênese, que narra à história de Sodoma
e Gomorrah, duas cidades que
supostamente teriam sidas destruídas por
deus, cuja interpretação erade que a
homossexualidade e práticas sodomitas
seriam a razão da punição divina.
Seguindo a lógica da
discriminação e intolerância aos
homossexuais, O III Concílio de Latrão,
de 1779, tornou a homossexualismo
crime e algumas legislações dos séculos
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