Subsídios para um novo enfoque de desenvolvimento rural: evolução e diferença do sistema agrário de Dilermando de Aguiar, RS

AutorEliane Dalmora
CargoAluna do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas - Doutorado em Ciências Humanas
Páginas1-24
SUBSÍDIOS PARA UM NOVO ENFOQUE DE DESENVOLVIMENTO RURAL.
Evolução e diferença do sistema agrário de Dilermando de Aguiar, RS.
Eliane Dalmora1
RESUMO
Com base num projeto de Extensão Universitária da UFSM, realizado no município de
Dilermando de Aguiar - RS, busca-se compreender os mecanismos de evolução dos sistemas
de produção agrícola em relação as transformações da paisagem e as mudanças sociais
efetivadas de 1640 aos anos 90. A perspectiva histórica de diferenciação social e de
transformação dos ecossistemas serve de subsídio para a revisão crítica da pesquisa sobre o
meio ambiente rural. O estudo do sistema agrário, sobre o eixo espacial e temporal, denota
descontinuidades nos processos de expansão sócio-econômica que afetam o modo de vida e de
trabalho no campo e comprometem a qualidade dos ecossistemas.
Palavras -chave: diagnóstico rural participativo, ecodesenvolvimento, enfoque de sistema
agrário.
1 Eliane Dalmora é aluna do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas - Doutorado em
Ciências Humanas
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SUBSÍDIOS PARA UM NOVO ENFOQUE DE DESENVOLVIMENTO RURAL.
Evolução e diferença do sistema agrário de Dilermando de Aguiar, RS.
Por Eliane Dalmora
I. INTRODUÇÃO
Na região Central do Rio Grande do Sul (RS) acentuaram-se, nos últimos anos, os fluxos
migratórios para regiões mais dinâmicas, devido à quase inexistência de oportunidade de
trabalho e de alternativas culturais. O problema encontra-se ligado à crise dos modelos
dominantes de desenvolvimento agrícola e agroflorestal. O uso intenso de agrotóxicos, que
tem afetado gravemente a qualidade de vida e de trabalho das populações e a simplificação dos
agroecossistemas associados à especialização produtiva pelas monoculturas vem ameaçando
as condições de reprodução dos ecossistemas. Para a agricultura familiar são muitos os
motivos que, no passar dos anos, têm levado ao abandono do campo e ao agravamento dos
problemas em regiões mais urbanizadas. Trata-se de uma situação problema recorrente em
áreas rurais no Brasil, às voltas com a incipiência de um novo projeto de desenvolvimento
baseado na prudência ecológica e na autonomia das populações.
Desta perspectiva, através da análise da evolução do sistema agrário, fica evidenciada a
necessidade de um desenvolvimento durável, considerado como um desenvolvimento sócio-
econômico onde o mundo natural fornece os recursos e as atividades agrícolas e industriais
evoluem e se diversificam (Deffontaines & Brossier, 2000). O sistema agrário consiste,
segundo Cadesca, na: “reconstrução da realidade agraria e sua evolução, a qual permite, como
instrumento de análise compreender as articulações que se geram na agricultura” (1988).
Como um instrumento útil para conceber e implementar um novo padrão de desenvolvimento
agrícola local, o estudo do sistema agrário tem sido usado para designar o conjunto de todos os
elementos físicos, biológicos, econômicos, sociais e demográficos envolvidos numa área,
formando uma combinação que se expressa num certo tipo de habitat, uma certa organização
do território e um certo tipo de paisagem (Cholley apud Deffontaines & Brossier,2000).
Através dele, pode-se resgatar a dinâmica dos processos de diferenciação social e seus

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