Stimulating new firms from higher education institutions through innovation networks/A dinamica da criacao de empresas impulsionada por instituicoes de ensino superior por meio de redes de inovacao/La dinamica de la creacion de empresas estimulada po r instituciones de ensenanza superior a traves de redes de innovacion.

AutorSimoes, Jorge Manuel Marques
CargoArtigo--Administracao Geral
  1. INTRODUCAO

    Na epoca de intensa globalizacao e de forte competicao em que se vive, a criacao de empresas contribui para a introducao no sector empresarial de novas tecnologias, novos produtos/servicos e novas formas de organizacao, revelando-se um dos factores fundamentais para o crescimento economico, a criacao de emprego, a eficiencia dos mercados, a renovacao da estrutura economica e a difusao de inovacao, bem como para a melhoria da competitividade global das empresas e dos paises (BIRCH, 1981, 1987; PHILLIPS; KIRCHHOFF, 1989; ACS; AUDRETSCH, 1990; HAMERMESH, 1993; REYNOLDS; MILLER; MAKI, 1995; WENNEKERS; THURIK, 1999; BEDNARZIK, 2000; KEISTER, 2000). Paralelamente, constata-se que as redes de inovacao, facilitadoras da reducao das incertezas por meio da cooperacao entre os agentes, visam a producao e partilha de conhecimentos e recursos em falta, bem como a partilha de custos e de risco ou ate mesmo de ganhos de eficiencia devidos a divisao do trabalho, entre outros beneficios (CAMAGNI, 1991; YEUNG, 1994; CASSIMAN; VEUGELERS, 2002; FELMAN; GERTLER; WOLFE, 2006; BRAUNERHJELM, 2008; WEBER; KHADEMIAN, 2008). Nestas redes de inovacao as Instituicoes de Ensino Superior assumem um papel de destaque, pois permitem fomentar e difundir os diversos contributos proporcionados pela rede, nao so em nivel local e regional, mas tambem em nivel nacional e global (FELMAN et al. 2006; AUDRETSCH; PHILLIPS, 2007; BRAUNERHJELM, 2008).

    No actual clima economico, e tendo em conta as actuais taxas de desemprego em Portugal (que recentemente tem vindo a aumentar), estimular o empreendedorismo capaz de levar a criacao de empresas parece ser uma das medidas que podem contribuir para minimizar os problemas economicos e sociais. Assim, no contexto portugues, torna-se fundamental analisar os factores que podem contribuir para promover a criacao de empresas.

    Esta pesquisa tem como objectivo principal identificar e analisar se as Instituicoes de Ensino Superior impulsionam a criacao de empresas por meio de redes de inovacao. A questao central para a investigacao e a seguinte: Qual e o papel das Instituicoes de Ensino Superior na criacao de empresas, no ambito das redes de inovacao? Para responder a esta questao, as hipoteses de investigacao serao formuladas e testadas empiricamente. Essas hipoteses estao relacionadas com dois objectivos especificos, a saber: (i) identificar as atitudes das IES para a criacao de empresas, analisando as melhores formas de estimular a criacao de empresas pelas Instituicoes de Ensino Superior por meio das redes de inovacao (ii) identificar os factores que facilitam a criacao de empresas.

    O trabalho esta estruturado da seguinte forma: na proxima seccao e apresentada a fundamentacao teorica sobre a criacao de empresas associada a redes de inovacao, e formuladas as hipoteses de investigacao com base nos objectivos especificos apresentados. A seccao seguinte descreve a metodologia de investigacao utilizada para testar as hipoteses. Na quarta seccao, os resultados sao apresentados e discutidos. Finalmente, na quinta seccao sao apresentadas as conclusoes e sugestoes para futuras investigacoes.

  2. FUNDAMENTACAO TEORICA

    Na pesquisa enquadrada na teoria das redes, as ultimas duas decadas do seculo passado revelaram um novo fenomeno interligado: o empreendedorismo (HOANG; ANTONCIC, 2003; WOOLLARD; ZHANG; JONES, 2007). Quanto ao conteudo da rede, as relacoes interpessoais e interorganizacionais sao vistas como os meios pelos quais os actores tem acesso a uma variedade de recursos, incluindo o conhecimento, disponibilizados por outros actores (HOANG; ANTONCIC, 2003). Consequentemente, as IES sao uma importante fonte de conhecimento. Quando a competitividade se baseava em tarefas rotineiras, as universidades desempenharam um papel importante no campo social, politico e cultural; porem, no economico, desempenharam um papel menos directo, o que incidiu, principalmente, na formacao dos futuros colaboradores das empresas (AUDRETSCH; PHILLIPS, 2007). Contudo, a medida que a competitividade se tornava dependente do conhecimento, das ideias e da criatividade, as universidades surgiam como cruciais para o desenvolvimento economico, emergindo, assim, o conceito de universidades empreendedoras (CLARK, 1998, 2004; VAN VUGHT, 1999; AUDRETSCH; PHILLIPS, 2007). Nesse ambito, em uma economia baseada no conhecimento, as universidades surgiram como actores centrais, e se espera que desempenhem um papel activo na promocao da inovacao e das mudancas tecnologicas (BRAMWELL; WOLFE, 2008).

    As universidades empreendedoras, neste sentido, sao agentes pertencentes a uma rede de inovacao composta de diversos actores, onde o governo e as politicas publicas terao um papel relevante. Para que as IES consigam difundir seu conhecimento como actores empreendedores, deverao inserir-se em redes de inovacao, mas, como poderao impulsionar a difusao do conhecimento e a criacao de empresas? As redes de inovacao podem trazer beneficios-chave para a criacao de empresas, tais como:

    (i) O conteudo da rede: um beneficio-chave das redes de inovacao para o processo da criacao de empresas e o acesso que a rede proporciona a um conjunto de informacoes e conselhos. Os relacionamentos tambem podem ter conteudos reputacionais ou de sinalizacao (KRACKHARDT; STERN, 1988; HOANG; ANTONCIC, 2003; MAROUF, 2007);

    (ii) A gestao da rede: outro beneficio-chave das redes de inovacao e seu mecanismo de gestao, que gera e coordena as relacoes de troca na rede. A confianca entre os actores da rede e, maioritariamente, vista como um elemento critico que pode influenciar a qualidade dos recursos partilhados. A confianca e a profundidade e riqueza das relacoes de troca, particularmente no que se refere a troca de informacao, serao os tais elementos criticos (GRANOVETTER, 1973; NELSON, 1989; HOANG; ANTONCIC, 2003; MAROUF, 2007; HUANG; CHANG, 2008);

    (iii) A estrutura da rede: e definida como o padrao dos relacionamentos que resultam dos relacionamentos fortes e fracos entre os actores que compoem essa mesma rede. Uma proposicao geral e de que as diferentes posicoes que os actores ocupam na estrutura da rede tem um importante impacto na fluicao dos recursos e, por consequencia, nos resultados das actividades empreendedoras (GRANOVETTER, 1973; NELSON, 1989; HOANG; ANTONCIC, 2003; MAROUF, 2007). A unidade de medicao mais intuitiva e a dimensao da rede, definida como o numero de ligacoes directas entre o actor focado e outros actores. A analise da dimensao da rede mede a extensao pela qual os recursos podem ser acedidos ao nivel do empreendedor e das organizacoes (ALDRICH; REESE, 1993; BAUM; CABRESE; SILVERMAN, 2000).

    Essas tres componentes surgem como elementos-chave em modelos que visam explicar as redes de inovacao que desenvolvem actividades empreendedoras. O processo do empreendedorismo, de acordo com Shane e Venkataraman (2000), consiste em actividades distintivas, tais como a identificacao de oportunidades, a mobilizacao de recursos e a criacao de uma organizacao. Posto isto, as IES serao entendidas como actores de excelencia para integrar uma rede de inovacao, dado que possuem um corpo docente e diversas unidades de investigacao que poderao ajudar as empresas nascentes e jovens empreendedores na identificacao de oportunidades, na mobilizacao de recursos e na criacao de uma organizacao (SMITH, 2003; EIRIZ, 2005; FELMAN et al., 2006; BRAUNERHJELM, 2008; HUANG; CHANG, 2008; WEBER; KHADEMIAN, 2008).

    Assim, o processo de desenvolvimento da rede de inovacao estara, durante a fase inicial de constituicao, de forma surpreendente, relacionado com as caracteristicas dos empreendedores...

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