Sinais do presente: teoremas da equação política da emancipação no século 21

AutorSaulo Pinto Silva
CargoBacharel em Ciências Econômicas
Páginas327-346
Artigo recebido em: 15/03/2018 Aprovado em: 16/05/2018
SINAIS DO PRESENTE: teoremas da equação
política da emancipação no século 21
Saulo Pinto Silva1
Resumo
O ensaio discute os sinais emancipatórios nas ambivalências do presente. Preli-
minarmente, elabora um esboço crítico sobre a ideia do socialismo como toma-
da do poder político. Em seguida, insiste na hipótese que o futuro está em toda
a parte das lutas e das alternativas das subjetividades anticapitalistas que ainda
insistem num mundo pós-capitalista.
Palavras-chave: Marx, socialismo, Estado, emancipação.
SIGNS OF THE PRESENT: theorems of the political equation of
emancipation in the 21st century
Abstract
e essay disc usses the emancipatory signs in the ambivalences of the present.
It preliminarily elaborates a critical outline on the idea of socialism as taking
political power.  en, it insists on the hypothesis that the future lies throughout
the struggles and alternatives of the anti-capitalist subjectivities that still insist
on a post-capitalist world.
Keywords: Marx, socialism, State, emancipation.
1 Bacharel em Ciências Econômicas, Doutorando em Programa de Pós-Graduação em
Políticas Públicas (PPGPP) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Professor do
Departamento de Economia da UFMA. E-mail:
saupinto@yahoo.com.br
/ Endereço:
Universidade Federal do Maranhão - UFMA: Av. dos Portugueses, 1966, Bacanga - São
Luís – MA. CEP 65080-805
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Saulo Pinto Silva
1 INTRODUÇÃO: ambivalências do presente
Devemos sempre ter em mente que qualquer debate, aqui e agora,
é necessariamente um debate no território inimigo: é preciso tem-
po para desenvolver o novo conteúdo. Tudo que dissermos agora
pode ser tomado (recuperado) de nós – tudo, exceto nosso silêncio.
Esse silêncio, essa rejeição ao diálogo e a todas as formas de clinch
é o nosso “terror”, agourento e ameaçador como deve ser. (Slavoj
Žižek).
David Harvey elabora uma equação teórica interessante,
como um mapeamento cognitivo explosivo, capaz de caracterizar a
universalidade concreta/con itiva do poder autorreferente do capi-
tal e a dialética de suas próprias denegações. Em conformidade com
a diretiva de Alain Badiou (2017, p. 56), para quem é necessário “[...]
formalizar por nossa própria conta o capitalismo contemporâneo”,
Harvey fala na conjunção dialética das contradições fundamentais
- que trata a ontologia do capital como um processo agudo de acu-
mulação in nita de poder e riqueza pelas classes parasitárias -, con-
tradições mutáveis - que elabora o axioma da reprodução social do
capital e suas vicissitudes -, e as contradições perigosas (HARVEY,
2016) - que envolve o mapeamento cognitivo cr ítico num paradoxo
que somente pode ser resolvido pela superação/suprassunção radical
de toda forma de estranhamento/alienação possível.
Quando Marx (2011, p. 69) disse que o “[...] capital é a potên-
cia econômica da sociedade burguesa que tudo domina.” ele estava
justamente antecipando uma compreensão importante retomada
hoje por Deleuze e Guattari (2004, p. 37), ou seja, do capital que tem
nele mesmo s eu limite in nito, “[...] que não para de tender para o
seu limite, que é um limite esquizofrénico. Assim, a ontologia global
do capital funciona a partir da capacidade imanente de incorpora-
ção/adaptação das novas demandas sociais à sua lógica propulsora
abstrata. Isto é, uma parte de suas denegações pode até ser perigosa,
mas não signi ca que seja decisiva quanto ao bloqueio absoluto do
núcleo ontológico determinante do capital-capitalismo1.
Žižek (2012a, p. 100) diz que para o capital, “[...] seu maior ob-
jetivo não é s atisfazer as demandas, mas criar sempre mais demandas
que possibilitem sua contínua reprodução expandida”. Obviamente
que pela própria natureza do capital-capitalismo, suas contradições
estão estruturadas no processo de seu complexo expansivo e no me-
tabolismo de s eu poder, embora seu núcleo alusivo apareça sempre

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