Saúde da mulher

AutorMary Lucy Murray del Priore
CargoProfessora do Programa de Mestrado em História da Universidade Salgado de Oliveira
Páginas25-35
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
Nº 01 - Ano 2015
ISSN | 2179-7137 | http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
25
DOI: 10.18351/2179-7137/ged.2015n1p25-35
Seção: Contextualizando Gênero
PALESTRA CONGRESSO SAÚDE DA MULHER
Mary Lucy Murray del Priori
1
Nos últimos anos, a mulher brasileira viveu diversas transformações físicas.
Acompanhou a invenção do batom, em 1925, do desodorante, nos anos 50, cortou os “cabelos
à la garçonne”, gesto sacrílego contra bastas cabeleiras do século passado. O espartilho,
graças ao trabalho feminino nas fábricas, diminuiu e se transformou em soutien para
possibilitar uma maior movimentação dos braços. “Manter a linha” tornou-se um culto. A
magreza ativa foi a resposta do século à gordura passiva da Belle Époque. O jeans colado e
a mini-saia sucederam, nos anos 60, ao erotismo da mão na luva e das saias no meio dos
tornozelos característicos dos anos 20. No decorrer deste século a mulher se despiu. O nu nas
televisões, nas revistas e nas praias, incentivou o corpo a desvelar-se em público,
banalizando-se sexualmente. A solução foi cobri-lo de cremes, vitaminas, silicones. A pele
tonificada, alisada, limpa, apresenta-se idealmente como uma nova forma de vestimenta, que
não deve enrugar nem “amassar” jamais. Uma estética esportiva votada ao culto do corpo,
fonte inesgotável de ansiedade e frustração, levou a melhor sobre a sensualidade imaginária.
Diferentemente de nossas avós, não nos preocupamos mais em salvar nossas almas, mas em
salvar nossos corpos da desgraça da rejeição social. Nosso tormento, não é o fogo do inferno,
mas a balança e o espelho. “Liberar-se”, contrariamente ao que queriam as feministas,
tornou-se sinônimo de lutar, centímetro por centímetro, contra a decrepitude fatal.
Decrepitude, agora, culpada, pois o prestígio exagerado da juventude tornou a velhice
vergonhosa.
1
Professora do Programa de Mestrado em História da Universidade Salgado de Oliveira -
UNIVERSO/NITERÓI- e desenvolve pesquisa intitulada "Cultura, mentalidade e vida social no Rio de Janeiro
do século XIX". Tem pesquisas na área de história colonial, história da cultura, história de gênero.

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