Resenha

AutorArnaldo Moraes Godoy
Páginas345-348

Page 345

Corrêa, Rossini A crítica da razão legal. 2ª. edição. Rio de Janeiro: América Jurídica, 2004

Diferente, inovador, intrigante, provocador, o Professor Rossini Corrêa oferece-nos uma segunda edição de sua Crítica da Razão Legal. Pranteado por Josué Montello e por Ferreira Gullar, só para citar ligações afetivas com o Maranhão, Rossini apodera-se da locução fundacionalista da Critik der reinem Vernunf, de inspiração kantiana, para compor inusitado painel jusfilosófico por meio do qual Sofia guia Têmis, a sabedoria conduz o justo.

Diferente, porque iconoclasta nas invocações e citações, distante do ramerrão de uma academia que se afoga nos trocadilhos da citação livresca, barroca e de erudição fácil, o autor desafia convenções e enfrenta formatações normativas convencionais. Rossini destemidamente vale-se de periódico lido em consultório dentário, e em nota de rodapé indica que a precariedade da revista não permitiu a boa e devida apuração da fonte. Talvez fosse a Manchete, periódico da Editora Bloch, de circulação nacional1.

É o ponto de partida de uma viagem intelectual diferenciada, inusitada, pela qual, segundo Rossini, na leitura da revista, transita-se do fútil e chega-se ao vazio2, na apreciação do autor, que colhe passagem em excerto de citações, para a partir daí montar esse impressionante painel humanista. A futilidade e o vazio da revista, que espelham a futilidade e o vazio das vidas que não se questionam, são preenchidos pela reflexão crítica de Rossini, que se propõe a problematizar uma miríade de questões, a exemplo da definição de igualdade, metanarrativa contemporânea. O texto transita da antropologia jurídica para a literatura veterotestamentária, focalizando a origem do homem e a discursividade bíblica para matizar o sentido do justo, indagando se será que o homem primitivo, no dia daPage 346 criação hipotética da convivência social, reservou para si, como tarefa básica, a produção do estatuto jurídico da sociedade ?3

E com base na tradição jusnaturalista, que remonta a Thomasius, a Kant, a Rousseau e a Condorcet, Rossini reproduz referenciais relativos aos progressos do espírito humano, atingindo painel de valores e de desvalores que sacodem nossa civilização4. Recorrendo a contextualização histórica de muita riqueza, Rossini faz estações no Livros dos Mortos da tradição egípcia, na cabala na tradição judaica, nos...

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