Reproducao da Estrutura de Casta Racial na Sociedade Estadunidense/ALEXANDER, Michelle. A nova segregacao: racismo e encarceramento em massa. Traducao de Pedro Davoglio; Revisao tecnica e notas Silvio Luiz de Almeida. 1.ed. Sao Paulo: Boitempo, 2017.

AutorBatista, Waleska Miguel

Olivro "A Nova Segregacao: racismo e encarceramento em massa", de Michelle Alexander, publicado pela editora Boitempo, narra que apesar das conquistas do movimento de Direitos Civis, a partir de 1950, nos Estados Unidos da America, o racismo adotou nova forma de manifestacao, dando continuidade a reproducao da desigualdade racial.

Michelle Alexander e advogada, militante e academica na area dos direitos civis e professora universitaria, bem como desenvolve pesquisas e artigos cientificos a respeito de raca e justica criminal, tendo sido uma das protagonistas do documentario "A 13a emenda", dirigido por Ava Duvernay.

"A Nova segregacao: racismo e encarceramento em massa" possui introducao e seis capitulos: 1) O renascimento das castas; 2) O encarceramento; 3) A cor da justica; 4) A mae cruel; 5) O Novo Jim Crow; 6) Desta vez, o fogo. Estes estao conexos a ponto de ficar evidente o argumento de que o estigma da desigualdade racial, causa marginalizacao ou exclusao social, reforcada pela guerra as drogas e, por fim, causa encarceramento em massa dos negros.

A autora apresenta o argumento de que o sistema criminal sempre esteve empenhado em manter normalizada a justica criminal com base na hierarquia racial historicamente consolidada dos Estados Unidos, que coloca os negros e os latinos como incivilizados, criminosos e vadios, enquanto que os brancos como honestos, civilizados e trabalhadores. Para essa estrutura social a autora utiliza a expressao casta racial. (1)

No periodo de vigencia formal da Jim Crow, os negros eram impedidos de ocupar e transitar em determinados espacos da cidade, nao podiam votar e tinham maior dificuldade para aquisicao de imoveis ou moveis, bem como podiam estudar apenas nas escolas especificas para negros. A relacao profissional e interpessoal entre brancos e negros era socialmente regulada e, em regra, juridicamente proibida.

O argumento de desigualdade racial e confrontado pelo motivo de o povo americano ter eleito para a presidencia o homem negro Barack Obama, em 2008. Mas a autora afirma que "o atual sistema de controle depende da excepcionalidade negra", visto que tentam combater a existencia do racismo apenas pelo fato de haver uma pessoa da minoria em determinado lugar como sendo de brancos. Outra questao abordada pela autora e que nao e porque a pessoa faz parte da minoria, que as decisoes e atitudes contribuem para o combate do sistema de casta racial. (2)

A partir desses entendimentos, a autora explicita que as legislacoes do sistema criminal norte-americano foi a forma utilizada para reprimir a populacao negra, a tal ponto que os linchamentos dos negros, foi normalizado no tecido social apontando os negros como criminosos, colocando-os como refens do direito penal. Entao, o rotulo determinado para subalternacao desse grupo passou a ser a cor da pele, sob a camuflagem de cumprimento do dever legal contra a criminalidade.

As leis de combate ao crime, e no caso, desse livro, especificamente, a lei de drogas, foi utilizada para manter os negros na condicao de criminosos, enquanto que os brancos ficam livres de qualquer monitoramento policial. Esse paradigma foi implantado em razao do racismo institucional que tem uma abordagem importante nas escolas, no sistema judicial e nos meios de comunicacao (HART, 2014: 24). (3)

A autora destaca que a busca por justica, estimulada tambem por series americanas como Law & Order (Lei e Ordem) e S.W.A.T, em que os policiais brancos, utilizam todos meios possiveis para garantir que os supostos criminosos sejam condenados pelo tribunal, consolidam o imaginario social no sentido de que e a melhor (se nao unica) forma de se combater o crime que, em regra, acontece apenas nas comunidades negras ou latinas. (4)

Considera-se que a periferia composta por pessoas negras e latinas e o local...

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