O blogueiro como representa??o da contemporaneidade

AutorArnaldo Cortina - Fernando Moreno da Silva
CargoDoutor em Ling??stica e L?ngua Portuguesa pela UNESP/Araraquara- SP, Mestre em Ling??stica e L?ngua Portuguesa pela UNESP/Araraquara- SP - Livre-Docente em Semi?tica na UNESP-FCL/CAr, 2006
Páginas161-190
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R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.6, n.2, p. 161-190, jul./dez. 2009
O BLOGUEIRO COMO REPRESENTAÇÃO DA CONTEMPORANEIDADE
THE BLOGGER AS REPRESENTATION OF CONTEMPORANEOUSNESS
EL BLOGUEIRO REPRESENTACIÓN DE LO CONTEMPORANEIDAD
Fernando Moreno da Silva 1
Arnaldo Cortina2
RESUMO:
O presente artigo tem como objetivo analisar a caracterização do blogueiro e, por
conseqüência, a imagem do homem contemporâneo, afinal, a prática do blogueiro é
uma extensão das tendências da contemporaneidade, uma amostra do
comportamento inserida naquilo que vem sendo chamado de pós -modernismo. A
análise do trabalho chega à conclusão de que o internauta, assim como o homem
contemporâneo, é definido por três pilares: narcisismo, pseudoliberdade e
ludicidade.
Palavras-chave: Blogueiro; contemporaneidade; pós-modernismo.
ABSTRACT:
This article aims to analyze the characterization of the blogger and, consequently,
the image of the contemporary man; after all, the practice of the blogger is an
extension of contemporary trends, a sample of the behavior included in what is being
called post-modernism. After the analysis of the work, the conclusion is that the
blogger, as well as the contemporary man, is defined by three pillars: narcissism,
pseudo liberty and fun.
Keywords: Blogger; contemporary; post-modernism.
RESUMEN:
Este artículo tiene por objetivo analizar la caracterización de los bloggers y, por
consiguiente, la imagen del hombre contemporáneo, después de todo, la práctica del
blogger es una extensión de las tendencias contemporáneas, una muestra de
comportamiento que lo que se llama posmodernismo incluye. El análisis de la obra
1 Doutor em Lingüística e Língua Portuguesa pela UNESP/Araraquara- SP, Mestre em Lingüística e
Língua Portuguesa pela UNESP/Araraquara- SP e Graduação em Jornalismo pela UNESP/Bauru -
SP.
2 Livre-Docente em Semiótica na UNESP-FCL/CAr, 2006, Pós-Doutor (Projeto de pesquisa: "História
da Leitura no Brasil"), na Université de Limoges, Limoges-França, 2001-2002. Doutor em Letras -
área de Lingüística pela FFLCH-USP, Mestre em Letras - área de Lingüística pela FFLCH-USP,
docente do Departamento de Lingüística da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara-
SP.
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R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.6, n.2, p. 161-190, jul./dez. 2009
llega a la conclusión de que el internauta, a como el hombre contemporáneo, es
definido por tres pilares: narcisismo, seudo libertad y diversión.
Palabras-clave: Blogger; contemporaneidad; posmodernismo.
1 BALANÇO DA CONTEMPORANEIDADE
O tripé, suporte portátil com três pés, sobre o qual podemos pôr um aparelho,
serviu como base para sustentação de várias teorias. Charles Peirce, Ogden e
Richards, Umberto Eco, Ferdinand de Saussure: estas são apenas algumas figuras
ilustres da história cultural que se valeram da relação triádica para estruturar suas
idéias.
Vou apropriar-me desta figura emblemática para mostrar que blogueiro pode
ser definido pela conjunção do trinômio “narcisismo-pseudoliberdade-ludicidade”.
Pode parecer uma ousadia três palavras traçarem uns raios X do
comportamento humano nessa contemporaneidade. Ousadia porque o ser humano
é dotado de uma profundeza inatingível, obscura, onde se escondem experiências
vividas, sonhos, desejos, medo, dores, incertezas. “Tudo isso é intangível, e seus
contornos apenas podem ser intuídos ocasionalmente, como um clarão que
subitamente reluz e logo se esvai, entrevisto de maneira enviesada, turva, confusa,
seja por acaso ou após um árduo trabalho de introspecção. (SIBILIA, 2005, p. 36).
Desvendar sua volatibilidade não é tarefa nada fácil. Kaspar Hauser (O ENIGMA,
1974), ao observar um músico tocando piano, diz: “Por que tudo é tão difícil para
mim? Por que não posso tocar piano como respiro?”. Ora, não só Hauser tem
dificuldade para apreender. A ciência, com todo seu aparato e herança, até hoje não
conseguiu alcançar, c om objetividade, a natureza humana por completo. E nunca o
conseguirá.
O ser humano é como um oceano: apresenta uma superfície visível e
esconde uma profundidade absolutamente inatingível. Toda tentativa de tipificá-lo é
um mero lenitivo, uma necessidade que nos traz um alívio. Assim procedendo,
apalpando um corpo que fingimos existir, escamoteamos um conhecimento que
queremos desconhecer: jamais conheceremos a nós próprios, pois somos um ser
atravessando uma neblima, como Édipo na mão do destino.

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