A relação ontológica da questão social com a modernidade no contexto brasileiro

AutorIvone Maria Ferreira da Silva - Bruno J. R. Boaventura
CargoDoutora em Serviço Social pela PUC, SP - Mestrando em política social pela UFMT
Páginas131-151
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SILVA, I. M. F. da; BOAVENTURA, B. J. R.
Rev. Ciênc. Juríd. Soc. UNIPAR, v. 16, n. 2, p. 131-151, jul./dez. 2013
A RELAÇÃO ONTOLÓGICA DA QUESTÃO SOCIAL COM A
MODERNIDADE NO CONTEXTO BRASILEIRO
Ivone Maria Ferreira da Silva1
Bruno J. R. Boaventura2
SILVA, I. M. F.; BOAVENTURA, B. J. R. A relação ontológica da questão social
com a modernidade no contexto brasileiro. Rev. Ciênc. Juríd. Soc. UNIPAR.
Umuarama. v. 16, n. 2, p. 131-151, jul./dez. 2013.
RESUMO: Primeiramente, a partir do método de analise do materialismo histó-
rico dialético tentaremos elucidar o que é a questão social. A partir desse encai-
xe metodológico marxista, o intuito do texto será uma breve analise da relação
concreta da modernidade e questão social no contexto brasileiro. Tais premissas
sendo expostas nos permitiram concluir com base na ontologia luckácsiana a
relação da modernidade e a questão social.
PALAVRAS-CHAVE: Questão social; Modernidade; Realidade concreta; On-
tologia; Luckács.
INTRODUÇÃO
A busca pelo conhecimento do que vem ser a categoria da questão so-
cial nos levou a necessidade de contextualizá-la na modernidade. É o único mé-
todo apropriado para que seja feita tal contextualização é o materialista histórico
dialético. A evidência da exclusividade do método é exposta por meio do deta-
lhamento da própria relação do objeto (questão social) com o método (materia-
lista histórico dialético), como tentaremos mostrar na parte I do presente texto.
Já na parte II do texto, mais do que simplesmente evidenciar a questão
social a partir do contexto histórico europeu, tivemos então a preocupação de
relacioná-la a partir da realidade concreta da modernidade no Brasil.
É exatamente por esta relação da questão social e modernidade no Bra-
sil que conseguiremos esclarecer quais são as premissas que nos guiarão para
a conclusão a respeito da identicação desta relação com base na ontologia lu-
ckácsiana.
1 A QUESTÃO SOCIAL E O SEU MÉTODO DE ANALISE
A categoria de análise central deste texto é a questão social e o método
1Doutora em Serviço Social pela PUC – SP.
2Mestrando em política social pela UFMT.
132 A Reação Ontológica da questão...
Rev. Ciênc. Juríd. Soc. UNIPAR, v. 16, n. 2, p. 131-151, jul./dez. 2013
escolhido para desenvolvimento da pesquisa é o materialismo histórico e dialé-
tico. Primeiramente, temos que esclarecer quais sãos as premissas norteadoras
do método de abordagem elaborado por Marx e Engels. Minayo (2007) assim o
caracteriza:
O marxismo enquanto abordagem que considera a historicidade dos
processos sociais e dos conceitos, as condições socioeconômicas de
produção dos fenômenos e as contradições sociais é uma outra teo-
ria sociológica importante. Enquanto método, propõe a abordagem
dialética que teoricamente faria um desempate entre o positivismo
e o compreensivismo, pois junta a proposta de analisar os contextos
históricos, as determinações socioeconômicas dos fenômenos, as re-
lações sociais de produção e de dominação com a compreensão das
representações sociais.
Temos então as premissas do método materialista histórico e dialético:
a) analisar contextos históricos; b) analisar determinações socioeconômicas dos
fenômenos; c) analisar as relações sociais de produção e de dominação; d) com-
preensão das representações sociais. Todas as quatro premissas são fundamentais
para a pesquisa da questão social, passaremos a identicá-las uma a uma.
Primeiro, esclarecemos a necessidade cientíca de relacionar qualquer
pesquisa com o objeto, e o método escolhido. Esta necessidade evita uma atitu-
de investigativa aleatória na escolha do método e possibilita a identicação da
relação da categoria central com os elementos do método, identidade esta que
expressa a justicativa cientíca para tal escolha. A identidade objeto/método es-
tabelece a cienticidade, traçando os liames da coerência da linha de pensamento
da pesquisa. A pergunta que poderia parecer relevante no primeiro momento de
evidência da relação objeto/método é de querer pressupor um método em detri-
mento de outro. Sabemos que existe uma valoração nesta escolha, assim como
existe uma valoração do pesquisador na escolha da categoria em análise. Quando
se constata uma valoração nesta escolha, estabelece-se que a mesma é proposi-
tada, ou seja, não aleatória e não neutra. A pergunta então é: qual é a natureza
dessas escolhas do objeto e do método?
A opção por investigar uma determinada categoria, assim como a es-
colha por um método, são de naturezas iguais. Ambas as escolhas, da categoria
e do método, devem ser sim da subjetividade cientíca do pesquisador. Somos
submetidos à avaliação própria da interligação do objeto da pesquisa com o nos-
so conhecimento já construído. Ao denirmos, pelos mais diversos critérios, a
importância dessa ligação se faz com a responsabilidade de cienticamente cons-
truirmos um caminho para que não só a nossa intelectualidade, mas de toda a
academia avance. Assim, o objeto é o início, meio e m do caminho, e o método

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