Reflexões sobre o poder mediadas pelo empoderamento das mulheres na condição de sujeito político

AutorMaria Helena Santana Cruz - Ana Paula Leite Nascimento - Anabela Maurício de Santana
CargoDoutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia, Bahia, BA. Pós-Doutorado em Sociologia da Educação na Universidade Federal de Sergipe - Doutoranda em Educação na Universidade Federal de Sergipe. Assistente Social do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe, Lagarto, SE, Brasil - Doutoranda em Educação pelo Programa...
Páginas38-55
R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.15, n.2, p.38-55 Set.-Dez. 2018
ISSN 1807-1384 DOI: 10.5007/1807-1384.2018v15n3p38
Artigo recebido em: 04.03.2018 Revisado em 15.07.2018 Aceito em: 16.08.2018
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons
REFLEXÕES SOBRE O PODER MEDIADAS PELO EMPODERAMENTO DAS
MULHERES NA CONDIÇÃO DE SUJEITO POLÍTICO
Maria Helena Santana Cruz
1
Ana Paula Leite Nascimento
2
Anabela Maurício de Santana
3
Resumo:
Este artigo tem como objetivo refletir sobre o empoderamento das mulheres na
condição de sujeito político, elemento fundamental para sua emancipação e
participação ativa na sociedade. Com vistas a alcançar o objetivo proposto,
desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa de natureza bibliográfica em diálogo com
vertentes do conceito de gênero, patriarcado e empoderamento das mulheres. O
empoderamento envolve um processo político para gerar compreensão dos
complexos fatores que criam subordinação/exclusão das mulheres do mundo
público/político e engendrar consciência sobre a reformulação/desconstrução dos
atuais esquemas políticos e sociais da sociedade. Captamos, pois, que é preciso
levar em conta as relações de poder entre homens e mulheres, e, desta maneira,
buscar solucionar não somente condições concretas materiais das mulheres, senão
também mudar as relações sociais de gênero na sociedade, construindo
democracias com equidade de gênero.
Palavras-chave: Poder. Empoderamento. Gênero. Reconhecimento. Equidade.
1 INTRODUÇÃO
Através de textos de autores distintos da área das ciências sociais este artigo
tem como objetivo refletir sobre o processo de empoderamento, ou empowerment,
de mulheres, relacionado a uma vertente do conceito de participação
compreendendo-a numa perspectiva crítica como mecanismo de ampliação dos
espaços democráticos em que o cidadão percebe-se como uma unidade social que
pode quebrar um sistema estabelecendo um diálogo com as formas de aquisição de
poder e reconhecimento, e, as ações sobre os recursos, reformulação e
1
Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia, Bahia, BA. Pós-Doutorado em
Sociologia da Educação na Universidade Federal de Sergipe. Professora nos Pro gramas de Pós-
Graduação em Educação e Serviço Social na mesma universidade. Professora Emérita da
Universidade Federal de Sergipe, São Cristovão, SE, Brasil. E-mail: helenacruz@uol.com.br
2
Doutoranda em Educação na Universidade Federal de Sergipe. Assistente Social do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe, Lagarto, SE, Brasil E-mail:
paulajcbrasil@yahoo.com.br
3
Doutoranda em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal
de Sergipe. Professora Tutora do Centro de Educação Superior a Distância da Universidade
Tiradentes. E-mail: anab.santana@hotmail.com
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desconstrução dos atuais esquemas que constroem a desigualdade nos aspectos
políticos e sociais (PATEMAN, 1992). Falar de empoderamento das mulheres tem
importância porque se discute a inclusão e a exclusão delas no mundo
público/político, e porque é fundamental a sua participação na complexa arena do
poder público, no conjunto da vida social e econômica, porque a desigualdade de
gênero segue perene, e porque devemos perguntar sempre como reverter a
complexa relação das mulheres com o poder, que, por centenas de anos, as tem
marginalizado tanto no plano formal institucional como no cultural e simbólico.
Corroboramos com o ponto de vista de que, particularmente em um país como o
Brasil, não é possível nos esquecermos da desigualdade e nos voltarmos apenas
para as diferenças entre os indivíduos. Não cabe, portanto, abandonarmos a ideia
de totalidade (GARCÍA CANCLINI, 1990), considerada “concreta, inclusiva e
macroscópica, de máxima complexidade, constituída por totalidades de menor
complexidade” (NETTO, 2009, p. 56).
Atualmente, apesar dos avanços da inclusão do enfoque de gênero nas
agendas públicas em nível mundial, particularmente no Brasil, com elevados índices
de desigualdade as mulheres, em razão de seu gênero, continuam com barreiras de
equidade, sofrendo violência, com dificuldade de aceder a recursos econômicos,
educativos e espaços políticos de decisão. Os conceitos de poder e dominação
patriarcal vêm sendo utilizados como base para uma explicação da subordinação
feminina. As teorias do patriarcado, a partir da sociologia clássica de Marx Weber
(1964) e Karl Marx (2009), intentam compreender as origens da
dominação/exploração da mulher no trabalho como fundada na forma arcaica de
dominação que é o patriarcalismo, definido como uma estrutura sobre as quais se
assentam todas as sociedades contemporâneas. O patriarcado funda a estrutura da
sociedade e recebe reforço institucional; nesse contexto, relacionamentos
interpessoais e personalidade são marcados pela dominação e violência. O
patriarcado, pois, é caracterizado por uma autoridade imposta institucionalmente, do
homem sobre mulheres e filhos, no ambiente familiar, permeando toda organização
da sociedade, da produção e do consumo, da política, à legislação e à cultura
(CASTELLS, 1999).
As relações de gênero na sociedade patriarcal fazem parte da dinâmica social
das desigualdades, as quais podem ser pautadas nas chamadas diferenças
‘naturais’ construídas socialmente entre os sexos masculino e feminino. Uma

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