A reestruturação produtiva e o trabalho das mulheres uma análise critica

AutorJoana D'arc Lacerda Alves Felipe
CargoAluna do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Direito Social e Professora da Faculdade de Serviço Socialda Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - Professora doutora orientadora do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Direitos Sociais da Universidade do Estado Rio Grande do Norte
Páginas266-289
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
Nº 03 - Ano 2015
ISSN | 2179-7137 | http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
266
DOI: 10.18351/2179-7137/ged.2015n3p266-289
Seção: Sexualidades, Subjetividades e Práticas Psi
A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E O TRABALHO DAS MULHERES
UMA ANÁLISE CRITICA1
Joana D'arc Lacerda Alves Felipe2
Fernanda Marques de Queiroz3
Resumo: As consequências advindas do
capitalismo no cenário da reestruturação
produtiva repercutem nas más condições
de vida e trabalho da população
desprotegida, sendo as mulheres as mais
atingidas. Assim, o objetivo geral deste
texto é compreender os impactos de suas
transformações no âmbito da vida
laboral das mulheres, contribuindo para
a problematização originada a partir do
processo de reestruturação produtiva nos
estudos sobre mulher e trabalho. Nesse
texto fazemos essa discussão, a partir do
diálogo com autoras(es) que se inserem
no fecundo debate sobre trabalho
feminino, divisão sexual do trabalho e
relações patriarcais de gênero, no
cenário da crise do capital e das
transformações societárias
contemporâneas.
1Texto apresentado como avaliação da Disciplina "Estado, direitos e política social" do Programa de Pós-graduação
em Serviço Social e Direitos Sociais da Faculdade d e Serviço Social da Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte.
2 Aluna do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Direito Social e Professora da Faculdade de Serviço Social
da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
3 Professora doutora orientadora do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Direitos Sociais da Universidade
do Estado Rio Grande do Norte (UERN). E-mail: fernandamarquesqueiroz@gmail.com
Palavras chaves: Reestruturação produtiva,
Relações Patriarcais de Gênero, Trabalho
feminino.
Abstract: The consequences capitalism
brings to productive restructuring
reverberate on bad life and work
conditions of the unprotect part of the
population, especially on women. Thus,
the overall goal of this article is to
comprehend the impact of these
transformations on women work,
contributing to the questioning the
productive restructuring process
generates to women and their work. Our
discussion is based on dialogues with
authors that right about female work,
sexual division of labor and patriarcal
gender relations due to capitalism crisis
and to the changes our society have been
suffering.
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
Nº 03 - Ano 2015
ISSN | 2179-7137 | http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
267
DOI: 10.18351/2179-7137/ged.2015n3p266-289
Key-words: Productive reestructuring,
patriarcal gender relations, female work.
1 Introdução
A reorganização capitalista
levada a cabo nas últimas décadas do
século XX propiciou um conjunto de
mudanças, tanto na forma de
acumulação do capital como em todas as
relações dela decorrentes, especialmente
no trabalho feminino. Este processo
também chamado de crise capitalista
contemporânea determinou
transformações na produção capitalista,
nas configurações da sociedade e do
Estado fazendo surgir novas
modalidades de subordinação do
trabalho. Alia-se a esse processo os
novos modelos gerenciais que motivam
a competitividade e a constante
avaliação de resultados. Modelos esses
recentemente, e ainda de forma menos
perceptível, incorporados pelas
instituições públicas.
Esse novo sistema de
regulamentação político e social bem
distinto, denominado por Harvey (1993)
de “acumulação flexível”4, provocou um
4A acumulação flexível caracteriza-se pela
flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados
de trabalho, pelo surgimento de novos setores
conjunto de mudanças na esfera
produtiva, ratificaram a exploração da
força de trabalho, o aumento das
expressões da violência no âmbito do
trabalho e o desgaste da saúde dos (as)
trabalhadores (as), diante de um quadro
de ameaça ao desemprego, com um novo
padrão de produção que enfatiza a
polivalência, a formação qualificadora e
multidisciplinar, responsabilização,
como também precarização das relações
de trabalho, flexibilização dos contratos
de trabalho, dos processos de trabalho,
dos mercados de trabalho, pelo
surgimento de novos setores produtivos,
pela flexibilização dos produtos e dos
padrões de consumo.
As medidas de recomposição do
capital foram mediadas por mecanismos
de ajustes estruturais de fundamentação
neoliberal, recaíram pesadamente sobre
os países menos desenvolvidos,
particularmente os latinoamericanos. Por
determinação dos grandes organismos
internacionais: Banco Mundial (BM),
Fundo Monetário Internacional (FMI),
Organização Mundial do Comércio
(OMC), Organização das Nações Unidas
(ONU), os países da América Latina
foram submetidos a ajustes estruturais,
produtivos, pela flexibilização dos produtos e dos
padrões de consumo (HARVEY, 1992/1993).

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