Rebeldias na Fábrica: Da Europa até o Brasil de 1930

AutorEduardo Perini Rezende da Fonseca - Julie Santos Teixeira
Páginas27-33
REBELDIAS NA FÁBRICA:
DA EUROPA ATÉ O BRASIL DE 1930
Eduardo Perini Rezende da Fonseca(1)
Julie Santos Teixeira(2)
Porque se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, asso, asso
Asso, asso, asso, asso, asso, asso
Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênios
Ficam calmos, calmos
Calmos, calmos, calmos...
E lá se vai mais um dia...
(Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges)
(1) Mestre em Direito Privado, na linha de pesquisa “Direito do Trabalho, Democracia e Modernidade”, pela PUC/Minas. Especialista
em Direito Civil Constitucional pela UERJ. Atualmente é professor da pós-graduação da FDV (Vitória/ES) e da Escola do Ministério
Público do Estado do Espírito Santo. Advogado sócio do escritório Eduardo Perini Advogados Associados.
(2) Mestre em Direito do Trabalho pela PUC/Minas. Graduada em Direito (2014) e em Relações Públicas (2004) pelo Uni-BH. Auditora-
-Fiscal do Trabalho do Ministério do Trabalho onde atua como Coordenadora de Projetos de Fiscalização em MG. Autora de artigos
e capítulos de livros.
1. OS MOVIMENTOS SOCIAIS EUROPEUS
Os movimentos sociais são fruto da essência hu-
mana que insiste em ter esperanças e crer na possibi-
lidade de construção de melhores condições de vida (e
trabalho). Em qualquer parte do planeta, as pessoas se
reúnem e lutam por objetivos comuns, seja na Europa
ou no Brasil, o que somente reforça a importância e
essencialidade dos movimentos sociais.
Diversos foram os movimentos populares ao longo
da história, grande parte com reflexos marcantes nos
ordenamentos jurídicos e legislações trabalhistas em
nível global. A primeira Revolução Industrial, ocorrida
na Europa nos séculos XVIII e XIX, impactou de forma
determinante as relações de trabalho: do trabalho arte-
sanal para o assalariado, fruto do vínculo empregatício,
trabalho esse desenvolvido nas grandes fábricas e agora
com o uso de máquinas! O ritmo da vida e do trabalho
deixou de ser ditado pela natureza, pelo nascer e pôr do
sol, e passa a ser regido pelo horário de funcionamento
das empresas e suas demandas de produção. Até então,
grande parte da população europeia vivia no campo e
produzia para consumo próprio e de seus familiares.
Manufaturas eram produzidas em oficinas de artesãos
que dominavam a técnica do início ao fim da fabricação
dos produtos. A nova modalidade de organização do
CaPítulo
1

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