Racismo institucional nas carreiras jurídicas

AutorMonique Rodrigues do Prado
CargoAdvogada
Páginas14-16
TRIBUNA LIVRE
14 REVISTA BONIJURIS I ANO 31 I EDIÇÃO 661 I DEZ19/JAN20
destinadas a serem modif‌ica-
das em revisões de instâncias
superiores.
Processados que são ex-
-presidentes da República,
ex-presidentes do Congresso
Nacional, ex-governadores,
seria pura leviandade a falta
de esclarecimento prévio de
dúvidas.
Juízes e promotores são
prof‌issionais expostos à lumi-
nosidade da imprensa, e, con-
sequentemente, ao ridículo,
se agirem precipitadamente.
No atual momento político-
-jurídico nacional, assistimos
a um crime menor (a violação
intencional do sigilo telefônico
de partícipes da máquina judi-
ciária e acusatória) com o f‌ito
de anarquizar a apuração de
crimes maiores (a corrupção
deslavada que assola o Brasil).
Não há o que ser esclarecido
com relação a gravações crimi-
nosas (a não ser descobrir seus
autores) obtidas para não pu-
nir crimes contra o erário.
Há gente a serviço do ma-
crocrime manipulando tecno-
logia de ponta.
É de ser lembrado que, no
tempo em que a ministra El-
len Gracie era presidente do
Supremo Tribunal Federal,
constatou-se (pelo menos na
imprensa) que este nobre tri-
bunal nunca condenara um
político até determinada data.
Hoje, quando um juiz e um
promotor, com a coragem
que ninguém demonstrou
anteriormente no país, dão
os passos iniciais para a tra-
mitação de processos que le-
vam à prisão de delinquentes
genocidas, são caçados com o
esmiuçamento de suas con-
dutas.
O genocídio conf‌igura-
-se pelo desvio de verbas da
saúde, com brasileiros pobres
morrendo nos corredores de
hospitais, alunos caminhan-
do quilômetros para assisti-
rem aulas def‌icitárias, 50 mil
cidadãos assassinados por
ano, mandados de prisão não
cumpridos etc.
A grande vítima com a ten-
tativa de desmoralização das
ações anticorrupção é o pró-
prio Poder Judiciário, acusa-
do de parcialidades que não
costuma praticar.
Em 44 anos de magistratu-
ra, o subscritor destas linhas
nunca teve notícia de conde-
nações intencionais de ino-
centes.
Em cúpulas judiciárias que
não prestigiam os soldados
do front, tenho certeza de
que, nas horas do cafezinho,
tiram-se dúvidas nas boas
prosas, para que não se come-
tam disparates.
As alegrias manifestadas
no arraial do crime e da impu-
nidade pela exposição pública
do delito menor (as gravações),
tenho certeza, se esfumarão
como as névoas da manhã,
anunciando um dia de sol.
A verdade está em marcha
permanente, nada a deterá,
mesmo o desapoio punitivo
martirizando quem cumpre
suas obrigações.n
Antenor Demeterco Júnior é ad-
vogado. Consultor jurídico do setor
contencioso estratégico. Cursou Ad-
ministração Pública e Municipal em
Madri.
Monique Rodrigues do Prado ADVOGADA
RACISMO INSTITUCIONAL NAS CARREIRAS JURÍDICAS
As relações jurídicas nas-
cem na nossa vida co-
tidiana e muitas vezes
estão mais próximas
do que imaginamos. Elas de-
correm da compra de um sa-
pato embalado na loja com a
numeração errada, das tarifas
abusivas cobradas na conta
bancária, da colisão de um ve-
ículo ou da morte de um ente
querido.
Essas relações são possí-
veis não propriamente por
causa do direito, mas porque,
no mundo real, entre nascer e
morrer, as pessoas trabalham,
adquirem conhecimento, pro-
Rev-Bonijuris_661.indb 14 14/11/2019 17:44:11

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